De um texto de Balanço sobre o Programa Operacional da Cultura em 2005, in “Criar Cultura”, newsletter, #9, Junho 2006, ed. UE/POC/MC:
“Tais equipamentos (3 teatros e dois museus, por acaso o da Índústria da Chapelaria em S. João da Madeira e Casa Museu de Camilo, VNFamalicão) funcionam como argumentos estratégicos de marketing territorial e factores de competitividade regional, sendo capazes de se afirmar pela diferenciação positiva e pelo seu valor acrescentado. (E segue) Também as iniciativas e projectos de cariz cultural, com características diferenciadoras – como Serralves em Festa 2005 -, qualificam as populações, funcionando como factores de coesão social, propiciadores de hábitos de fruição pública e de igualdade de oportunidades.”
Nada de novo, foi esse o papel das feiras e festas das vilas, das procissões e parques de diversões urbanos (a “feira popular”), mas um tal papel não era previamente definido, não havia "engenharia social". Passa a ser tudo uma questão de mercadorias e atracções, de consumos e técnicas de promoção-publicidade. Mas como pensar as culturas dominantes, a crítica dos interesses instalados e a possibilidade de mudança? Esta linguagem estereotipada oficial, que tanto vende sabões como “cultura”, absorve todo o (resto do) espaço público, para além do que é em directo o mercado. Não será exactamente o discurso do "poder", mas o de uma espécie anónima e profissionalizada, uma burocracia de técnicos que se consideram intérpretes e agentes orientadores das dinâmicas sociais.
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