EXPRESSO/Actual de 04-02-2006
Não foi o primeiro a usar a imagem televisiva em instalações artísticas (o precedente é de Wolf Vostell), mas Nam-June Paik tornou-se a figura histórica da vídeo-arte desde que em 1963 apresentou televisores preparados com electro-ímanes, difundindo imagens distorcidas e parasitas. Nascido em Seul em 1932, morreu no domingo na sua casa de Miami.
Com formação musical em Tóquio, encontrou John Cage nos cursos de Darmstadt e integrou em 1961 o grupo neo-dadá Fluxus. Os «happenings» que iniciou em 1962 em Wiesbaden continuaram nos Estados Unidos com a cumplicidade da violoncelista Charlotte Moorman (foi um escândalo a invenção do «TV-Bra», um «soutien» feito de dois receptores).
Interessado por electromagnetismo, cibernética, transmissões por satélite e laser, Paik foi um investigador das relações entre arte e ciência, atribuindo-se-lhe a paternidade da expressão «auto-estradas electrónicas». À reflexão filosófica de raiz oriental e vocação provocadora juntou um forte sentido do humor e do espectáculo, que o levou a criar acumulações de televisores em forma de robot, grandes instalações como a que realizou para os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, com uma torre de 1003 monitores, ou as mais recentes bandeiras americanas feitas de dezenas de ecrãs sincronizados. O seu sentido crítico face às tecnologias de ponta que utilizava e a paródia algo «kitsch» da civilização mediática estiveram presentes numa gigantesca instalação que a Culturgest apresentou em 1996.
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