Retrato de Joaquim Lourenço Lopes (o consul de Portugal na cidado do Cabo, de passagem por Paris), 1883, 92x57 cm, Col. particular.
O quadro reproduz-se no catálogo mas não figura na exposição. É a obra mais clara e mais "rápida" de Columbano, mais próxima portanto de uma ideia de modernidade e de pintura moderna que ele conheceu em Manet, em Sargent, Boldini e outros retratistas mundanos, em Paris, mas teve dificuldade em acompanhar. A factura esbocetada (abocetado, em espanhol) é aqui por vezes incerta, e a torsão da pose elegante corrige-se na decidida firmeza miniaturista do rosto. Também é uma obra útil para pôr em paralelo as pinturas realizadas para o Salon e os trabalhos mais livres, destinados a um público de gosto moderno.
(Mas fico sempre incomodado com a ideia de "pintura pura" que aparece associada a esta obra na respectiva ficha. Já era tempo de pôr de parte essa abordagem formalista à procura de uma pureza, uma essência que se torna um vazio e que tantas vezes se transformou em cegueira - a de uma última etérea pureza onde não há nada para ver.)
Também se lamenta a opção do comissário em reduzir as obras expostas a um número tão escasso - estão lá os retratos negros dos intelectuais de um país sombrio (projecto suicidário de uma funérea galeria nacional), está lá a desajeitada pintura de história; porque não as tentativas de ar livre, as colaborações desenhadas na imprensa, os pastéis? Não haveria certamente grandes descobertas mas tirar-se-ía o retrato completo do personagem.
O que tem também a ver com a ausência de investigação biográfica e de fontes em primeira mão, que não houve condições para realizar a tempo da efeméride e que talvez surja para a 2ª parte anunciada, em 2010, sobre um Columbano ainda mais oficializado.
O catálogo tem defeitos na impressão das cores (o mesmo ou pior
aconteceu a Amadeo na Gulbenkian, o que não é descupa) que o atraso na
edição não conseguiu corrigir.
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