Os retratos de Henri Cartier-Bresson - "Um Silêncio Interior"
em Évora, na Fundação Eugénio de Almeida, até 29 de Julho (9h30-18h30, todos os dias). Na foto: 4/5 retratados na cama, entre eles Giacometti e à dir. Christian Dior, 1945.
Trata-se exactamente de "Le Silence interieur d'une victime consentante", exposição da Fundação HCB, inaugurada na sua sede de Paris em Janeiro de 2006, a primeira resultante da inventariação das obras da respectiva colecção permanente. Acompanhada pela edição portuguesa (Dinalivro, Lisboa) do magnífico catálogo original, impressa por Steidl, Gottingen. Com prefácio de Agnès Sire ("Silêncios"), comissária e directora da Fundação, e introdução de Jean-Luc Nancy ("O olhar dado").
97 retratos de 1931 a 1999, quase 70 anos, de anónimos de Varsóvia até Mélanie C.-B, a filha. Uma escolha muito livre que inclui fotos ignoradas e outras mil vezes repetidas. Os artistas, por exemplo: Bonnard 43, Matisse 44, Christian Bérard 46, Calder 70, Arikha e Bacon 71, Szafran 96. A fotografia: Stieglitz e Beaumont Newhall. O retrato mais difícil, sem regras ou processos pré-estabelecidos: "picar como um mosquito".
O que importa aqui é apontar a grande qualidade da montagem, tranquila, com opções muito fortes e sequências discretamente afirmativas: o casal Curie a abrir, c. 44, o judeu polaco de 31 em destaque ao fundo; Mélanie entre, de um lado, Colette e a governanta, Coco Chanel, do outro, Stieglitz, Leiris, Stravinsky; em frente, Saul Steinberg, Martine Frank, Olivier Messien. Numa vitrine e no catálogo, dois desenhos de HCB - não importa se inábil, a observação e a atenção, a marca da mão são essenciais.
A par, o interesse próprio desta selecção (depois do anterior livro de Photoportraits, 1985) que reúne e identifica fotografias e provas de diferentes tempos (de época ou tardias, duas póstumas), com variáveis formatos, papéis e impressões. HCB dizia que não ligava a essas coisas.
E ainda importa acompanhar a Fundação de Paris, muito bem instalada e de notável actividade.
Fondation HCB
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Por cá, saúda-se a Fundação Eugénio Almeida, que assim se eleva a uma programação do mais elevado nível, dando sequência às notáveis iniciativas que foram
Um olhar de fotógrafo - João Cutileiro/José M. Rodrigues, Setembro de 2002, a inaugurar o Forum EA (site não actualizado)
Rochas e Pedras, org. Jorge Calado, Janeiro de 2003
Terra Bendita (FSA), org. Jorge Calado
e Trilogia - José M. Rodrigues, Mark Power, Paulo Catrica, org. Jorge Calado, 2000, ainda no Museu de Évora
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