Expresso/Revista de 17 Julho 1993
"Um triplo projecto"
«Magnum no Leste», na Estufa Fria (+audiovisual e o livro...) versão de arquivo, incompleta
A exposição «Magnum no Leste» é apenas a terça parte de um projecto que inclui também um espectáculo audiovisual itinerante e um livro. Mesmo que a exposição tenha encontrado em Lisboa excepcionais condições de montagem, numa insólita galeria a que Abbas e François Hébel não deixaram de atribuir uma aparência estalinista adequada ao seu tema, a falta dos outros dois componentes continua a ser grave.
A exposição foi criada em 1990 para o festival «L'Aventure de l'Information», em Istres, e o diaporama estreou-se nos Encontros de Arles do mesmo ano. Desde então, tem sido constante a sua circulação conjunta - e não é de um mero efeito de acumulação que se trata. Expostas, projectadas em grande ecrã, publicadas em livro, as imagens atravessam diferentes condições de eficácia e confirmam «o efeito camaleónico» da fotografia de que fala François Hébel, na entrevista ao lado. Mas não é a exposição, como se deve saber, o melhor veículo para fazer circular a fotografia.
Entretanto, o livro-catálogo editado na sua versão original pela Arthaud, Paris - A L'Est de Magnum. 1945-1990 - Quarante'cinq ans de reportage derrière le rideau de fer (1991, 264 págs, 17.860$00) -, foi traduzido em várias línguas. Ele é o suporte de muitas mais que as 130 fotografias expostas e, em especial, de uma intervenção escrita que, desde a dedicatória «às gerações que não conheceram a última guerra, o marxismo e as suas esperanças, nem os kolkhozes, nem os tanques», se articula com a imagem e a prolonga.
(...)
Para comentar as diferentes etapas do período coberto pelos fotógrafos da Magnum, os editores convidaram sete editorialistas da Imprensa nascida com a derrocada do poder soviético, de Moscovo, Budapeste, Berlim e Varsóvia. São, assim, testemunhos vindos do interior que se confrontam com as imagens colhidas quase sempre pelos observadores exteriores que eram os fotógrafos da agência. E será ainda curioso observar como, face à conturbada evolução do Leste europeu, esses textos de 1990 nos parecem hoje tão datados, tão tragicamente desarmados.
(De Werner Bischof, Robert Capa, David Seymour, Cartier-Bresson, George Rodger, Ernst Haas ou Elliott Erwitt, até Susan Meiselas, Raymond Depardon, Sebastião Salgado, Martin Parr, Alex Webb e James Nachtwey…)
E TAMBÉM
Expresso/Revista 16 Out. 1993, pág. 49
Culturgest, exp. "Magnum, 50 Anos de Fotografia" - "Janela aberta"
Expresso/Cartaz 31 Dez. 1993
"O ano Magnum" (balanço)
E em especial
de Jorge Calado, "Magnum opus: mudar o mundo", Expresso/Revista de 7 Abril 1990, p. 66R-70R
sobre a exp. "IN OUR TIME", N.Y.
e "George Rodger: memórias de um fundador", p. 69R-71R
a propósito da exp. MAGNUM: THE FOUNDERS, ICP, N.Y.
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