Sem título (Faial, Açores), fotografia da série "Compasso", 2007, 80 x 100 cm apr.
Até 28 de Abril na Galeria Baginski
São sempre encontros, isto é, vistas encontradas (o que tem algo a ver com os objets trouvés que o surrealismo promoveu como um género), paisagens abertas e de grande profundidade espacial (o mar e os céus) ou então alguns motivos mais próximos, espaços recortados na paisagem natural ou urbana - desertos quase sempre mas com marcas de presença ou acção humana. Sempre itinerários, deslocações, lugares vistos com a disponibilidade necessária para encontrar (procurar e reconhecer), ou construir, uma qualquer singularidade formal da imagem, sempre diferente, que se torne numa falha de sentido - não uma anedota, não exactamente uma inquietação, mas algo em que se fixa a atenção do observador. Estas fotografias exploram o mundo, ou talvez mais exactamente o olhar sobre o mundo. Exercitam e partilham uma curiosidade.
Não entendo o título, nem as explicações que o não explicam, mas as fotografias sustentam o olhar que sobre elas se demora sem (também) as decifrar.
O formato (4x5) adequa-se a um espaço amplo e frontal, centrado e por vezes simétrico, profundo e nítido. E é nesse espaço exacto e transparente que se instala algo de insólito mesmo que nada se passe: o traço branco diante do mar (Faial), o poste sobre o morro (Mação), a linha de fumo branco no céu do Pico, etc.
Saindo das limitações escolares dos "projectos" anteriores, as novas fotografias de P.P. são menos canónicas e fazem da viagem uma via de crescimento. Uma boa surpresa.
very banal
Posted by: andrebonito | 12/01/2007 at 23:14