Fotografias em Madrid
EXPRESSO/ Actual de 10-06-2000
A TERCEIRA edição do PhotoEspaña, o festival internacional de fotografia de Madrid, decorre a partir do próximo dia 14 e até 16 de Julho, com um extenso programa que inclui mais de 70 exposições e volta a ocupar grande parte das instituições culturais e das galerias que se distribuem ao longo do eixo urbano de La Castellana, entre a estação de Atocha e a Plaza de Castilla. Três presenças históricas, Alvin Langdon Coburn, Harry Callahan e Otto Steinert, encabeçam o roteiro, do qual os organizadores destacam também as mostras de James Natchwey, foto-repórter da Magnum, de Paulo Nozolino, do italiano Luigi Ghirri e algumas representações antigas ou contemporâneas vindas do Extremo Oriente, nomeadamente da China e do Japão.
O programa intitula-se «Fronteiras», procurando associar a fotografia à análise das mutações sociopolíticas e culturais que ocorrem num mundo marcado pela dinâmica da globalização. O tema genérico abrange os confrontos, intercâmbios e temores de enfrentar o diferente, as assincronias entre global e local, bem como as intersecções entre diferentes culturas e expressões artísticas, proporcionando aproximações aos países do Leste e à região Ásia-Pacífico.
Isoladas, ou representando nomes centrais da cultura ocidental, sobressaem as três mostras históricas. Harry Callahan (1912-99), um grande fotógrafo norte-americano que começou a trabalhar no início dos anos 40 e teve uma longa acção formativa no Illinois Institut of Technology, no Black Mountain College e na Rhode Island School of Design, desde 1961, é apresentado por uma selecção de 135 trabalhos na Fundação La Caixa e por si só vale a deslocação, graças aos retratos da sua mulher Eleanor, às paisagens urbanas e experiências formais. Coburn (Boston, 1882-1966) é mostrado no Centro Cultural da Cidade (Plaza de Colón) através de 147 fotografias vindas da George Eastman House, de Rochester; foi um nome central da «Photo Secession» encabeçada por Stieglitz, dedicando-se depois, na Grã-Bretanha, às experimentações vanguardistas da abstracção e do vorticismo. Otto Steinert (1915-78), mostrado na Fundação ICO, foi um dos fundadores do grupo alemão Fotoform e animou o movimento da Fotografia Subjectiva; a retrospectiva vem do Museu Folkwang de Essen.
De Paulo Nozolino expõe-se o projecto «Tuga», com fotografias da guerra da Bónia-Herzegovina, numa produção dos Encontros de Fotografia de Coimbra. No Círculo de Belas-Artes, mostra-se também o trabalho de Nachtwey.
Entretanto, o Museu Rainha Sofia apresenta um largo panorama sociológico patrocinado pela Sociedade Estatal Espanha Novo Milénio, «Espanha Ontem e Hoje: Cenários, Costumes e Protagonistas de Um Século», juntando a uma retrospectiva histórica, até 1975, encomendas passadas a 11 fotógrafos actuais, entre os quais se encontram Alberto García-Alix, Cristina Garcia Rodero, Xurxo Lobato, Rick Dávila, Koldo Chamorro, Miguel Trillo e Humberto Rivas.
As «periferias» estão presentes através de mostras do colombiano de carreira mexicana Leo Matiz (1917-98) e de Joaquín Santamaria, fotógrafo e cronista do porto de Veracruz (México) ao longo de várias décadas. Do Oriente vem a colectiva «The Mind on the Edge», reunindo fotógrafos actuais da Malásia, China, Taiwan e Singapura, que empregam diferentes tecnologias recentes. E também Yasumasa Morimura (Osaca, 1951), apresentado na Fundação Telefónica com variações informáticas e desconstrutivistas de obras da história da arte ocidental, enquanto os russos Valery e Natasha Cherkashin transformam imagens dos anos 20-30 em «Espelhismos do Império».
«Sashin», com cem fotografias japonesas do séc. XIX, no Museu de Artes Decorativas, explora a produção exótica e refinada que se produzia com destino à Europa, sob a forma de álbuns coloridos à mão e séries de imagens estereoscópicas. No Museu Nacional de Antropologia apresenta-se um álbum de antropologia-etnologia editado em Hamburgo em 1873-76, no qual o fotógrafo Carl Damman reuniu mais de 600 fotografias de todo o mundo e de diferentes raças, recolhidas junto de navegadores e exploradores.
Ao lado da secção oficial decorre o «Festival Off», incluindo uma vasta programação paralela, espanhola e internacional, e entre as numerosas mostras da iniciativa das galerias de arte conta-se a apresentação de trabalhos fotográficos do escultor Alberto Carneiro na Gal. María Martín. O programa completo, o mapa geográfico das exposições, horários e outras indicações devem ser consultadas num website de grande eficácia (www.photoes.com).
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