Sobre o Centro de Arte Colecção Manuel de Brito, a informação em arquivo
2 - "Uma colecção em aberto"
EXPRESSO/Actual de 27-01-2007
Está prevista para 27 de Abril a abertura da segunda mostra da Colecção Manuel de Brito, de acordo com um plano para a apresentar de forma cronológica na primeira fase da actividade do Centro de Arte de Algés. Mas, para diversificar a programação, que deve já contar com algumas melhorias das condições expositivas <o que se confirmou>, a próxima montagem poderá ser acompanhada por uma obra conjunta de Ana Vidigal e Ruth Rosengarten, O Véu da Noiva, de 1999, e também pela utilização da sala multiusos para acções de formação ou conferências.
Segundo Rui Brito, filho do galerista-coleccionador falecido em 2005, haverá três montagens da colecção por ano, admitindo-se a organização de mostras de artistas com mais extensa representação no acervo, futuros convites a comissários para apresentarem a sua selecção de obras, e também o acolhimento de iniciativas exteriores, incluindo exposições internacionais. A instalação de um restrito núcleo permanente de peças de carácter mais representativo é outra hipótese em consideração.
Segundo o protocolo celebrado entre a Câmara de Oeiras e os herdeiros, a gestão do Centro é da responsabilidade da autarquia, sendo a programação aprovada por uma comissão que inclui um representante da Câmara e outro dos proprietários da colecção - esta segunda representação é agora conjuntamente assumida por Arlete Alves da Silva e Rui Brito, que também dirigem a Galeria 111. Aquele documento, com uma extensa lista anexa das obras de arte disponibizadas, cuja propriedade os herdeiros decidiram manter indivisa, define a cedência de parte da colecção de Manuel de Brito, em regime de comodato, por um prazo de 11 anos tacitamente renovável por períodos de cinco. Não estão incluídas obras de artistas estrangeiros, nem múltiplos ou trabalhos sobre papel (estes com raras excepções qualificadas).
Por outro lado, prevê-se o alargamento da colecção cedida a Algés, mediante aquisições a realizar pelos herdeiros. Rui Brito frisa que o Centro será «vivo e dinâmico», sempre ligado à contemporaneidade, tanto através da sua lógica de programação como pela incorporação de novos trabalhos, na sequência, aliás, do que ocorreu com compras realizadas ao longo de 2006, que procuraram colmatar lacunas, nomeadamente na área da escultura.
A lista de obras incluída no anexo do protocolo teve por origem o inventário realizado para a exposição de 1994 no Museu do Chiado e representa uma separação entre esta colecção e o acervo da Galeria 111. Por outro lado, Rui Brito não deixa de assumir a ligação entre o Centro e a Galeria, uma vez que sempre foi uma regra do seu pai adquirir para a sua colecção obras dos artistas que aí foram sendo expostos, além de outros que o não foram, e acrescenta que «é o sucesso comercial da galeria que permitirá continuar a fortalecer a colecção».
E TAMBÉM, ainda em 2006
1 - "Colecção Manuel de Brito em Algés"
Palácio Anjos adaptado para instalar Centro de Arte
Expresso/Actual de 25-11-2006
O Palácio Anjos em Algés vai passar a expor em permanência a colecção de Manuel de Brito, o fundador da Galeria 111, que reuniu um dos mais importantes acervos de arte portuguesa moderna e contemporânea. A inauguração do novo espaço cultural dinamizado pela Câmara de Oeiras, o Centro de Arte Colecção Manuel de Brito, é já no dia 29 (às 18h30), data do primeiro aniversário da morte do galerista e coleccionador. Será apresentada uma selecção de obras datadas em geral da segunda metade do século XX e até aos dias de hoje. A colecção foi exposta pela primeira vez em 1994, no Museu do Chiado, por ocasião da capital cultural Lisboa’94.
Segundo um protocolo que ontem deve ter sido assinado entre a Câmara Municipal e os herdeiros de Manuel de Brito, é disponibilizado por estes (a título de cedência por comodato) um acervo de 300 obras, sendo a duração do contrato fixada por 11 anos renováveis por períodos de cinco. As obras são exclusivamente portuguesas e consideradas relevantes, não incluindo peças de circunstância, múltiplos ou pequenos trabalhos; admite-se, por outro lado, a apresentação pública de outras obras não referenciadas na relação. A gestão e programação do Centro de Arte terão uma dupla responsabilidade, através da comissão mista formada por um representante da Câmara e outro da família.
A montagem inaugural principiará com obras de Mário Eloy, Eduardo Viana e Carlos Botelho, prosseguindo com Dacosta, Resende, Pomar, Hogan, Sá Nogueira e outros artistas, entre os quais se poderão encontrar também José Pedro Croft, Rui Sanches, Manuel Caeiro ou João Leonardo e Francisco Vidal, os dois últimos presenças recentes na Galeria 111. Em próximas montagens, prevê-se a instalação de um fundo permanente e a apresentação de exposições sectoriais, de carácter cronológico ou monográfico. Duas pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso fazem parte do acervo.
O Palácio Anjos é um exemplo da arquitectura de veraneio do final do século XIX, tendo herdado o nome do primeiro proprietário, Policarpo Anjos. Ao edifício, que já foi biblioteca, galeria de arte e centro da terceira idade, foi acrescentado um novo corpo que inclui zona de exposições, área de serviços e sala polivalente, com acesso a uma cave equipada para reserva de obras de arte (com elevador de formato reduzido). A «colagem» dos dois edifícios, feita por corredores de vidro sobre tanques de água, mantém uma clara identificação dos dois espaços, segundo o projecto de arquitectura de Góis Ferreira. No exterior foi criado um pequeno auditório de ar livre, à retaguarda, enquanto as áreas ajardinadas envolventes se afiguram particularmente bem desenvolvidas. Entretanto, os espaços de exposição precisarão de ser reequipados após a montagem inicial (até Março), uma vez que os biombos que cobrem as janelas, os sistemas de iluminação e outros acabamentos não se adequam ao funcionamento do edifício como galeria de arte.
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