Columbano, em últimas semanas (hoje em último dia), continua a surpreender por boas e más razões. O homem passa do melhor ao pior com uma desarmante rapidez - e a casa não ajuda.
( de a ervilha )
O Museu (em especial ao domingo de manhã) parece aquilo que não tem sido, um Museu, e o público acorre para reencontrar o antigo dono do lugar ou um nome que conhece, sempre jogando pelo seguro - arriscar tem sido tantas vezes revoltante.
Diante do Retrato de Maria Adelaide Pinto da Silva (mais tarde Viscondessa de Sacavém), 1890, 100 x 62 cm
(é uma das obras importantes da exposição, um agradável retrato feminino de um pintor com dificuldade em relacionar-se com mulheres, uma pintura necessariamente mundana - o que pode não ser depreciativo e em especial num artista em geral ensimesmado e misantropo -, e a lembrar certamente Boldini, um famoso pintor por muito tempo depreciado que só subiu das caves da Gulbenkian com a última reforma do Museu)
# (cont.)
O problema é que Columbano acaba - neste percurso até 1900 - com uma medíocre pintura decorativa e de história - depois do prometedor pequeno divertimento camoniano
de Paris, 1881, que lembra as "grosserias" de Cézanne (anos 60) . E
aproxima-se do fim com aquela galeria fatal de retratos (fantasmas) de
intelectuais, como um macabro cadeiral a que se quer chamar simbolismo
como desculpa literária. E antes envelhece com as íntimas
naturezas-mortas em que pinta a futura (?) viúva como coisa antiga - A chávena de chá.
Para quem começou com aquela dificuldade da paisagem (merecida derrota nos concursos), o espaço de vida e de pintura é
muito escasso.
Poderia ter-se interpretado e dado a ver o gosto mórbido pelo estilo antigo, canalizado para as pinturas de Salão, em
contraposição com a modernidade vislumbrada em alguns retratos -
necessariamente mundanos (a simpática Viscondessa em especial) - e com o gosto
pela miniatura humorística que alguma coisa há-de ter que ver com o
anedotário do irmão, os desenhos de imprensa e as louças das Caldas. Mas não se expôs o retrato do consul no Cabo,
imagem que vale o catálogo, apesar das cores mal impressas (ou mal fotografadas? (ver reprodução na nota de 17 de Abril).
E não se começou a ler a extensa
documentação que o Museu guarda e certamente continuará na Academia
vizinha, para tentar reportoriar informações mais sustentadas em factos
do que em interpretações vindas em sucessivas mãos.
Anuncia-se para 2010, comemorações da República, uma segunda parte que se acompanharia com essa investigação agora não realizada. (Columbano a seguir a 1900..., mais triste ainda?)
E já agora, porquê tanto espaço perdido naquela montagem tipo design? Lembremos o arquitecto Vilmotte e a inicial arquitectura interior de painéis móveis com que se inaugurou o museu. Cabiam mais e melhores coisas, antes de vencer o actual culto do vazio enfatuado.
outros textos sobre Columbano a 29 de Março (1 e 2) e 14 de Abril
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.