A Lisboa veio, pelo menos e em anos recentes, o Café Deutschland II, de 1978, e mais duas obras importantes, de 1990 e 91, reproduzidas no catálogo "Arte alemã do pós-guerra, A Colecção do Kunstmuseum de Bona", CCB 2000.
Na Colecção Berardo encontra-se Anbetung des Inhalts (talvez, Adoração do Conteúdo), 1985, 285 x 330 cm, que certamente só foi exposta na Casa das Mudas, Calheta, Madeira (em "Grande Escala", 2004) e onde as implicações políticas do pintor estão representadas por um retrato de Lenin. Immendorf
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28.05.2007 | "German art professor Immendorff dies
One of Germany's most prominent post-war artists Jörg Immendorff has died at his home in Duesseldorf at the age of 61. Immendorf had suffered for several years from an incurable neurological disease. Immendorf was a leftist art professor whose works in the 1970s included "Cafe Deutschland", a series condemning Germany's former division. In March he presented a portrait of former chancellor Gerhard Schröder.
© 2007 Deutsche Welle
Cafe Deutschland I, 1978, 280 x 320 cm
Museum Ludwig Koln
Foi aluno de Joseph Beuys na Academia de Dusseldorf, desde 1964, e ao longo dos anos 60/70, na sequência do movimento Fluxus e com o grupo Lidl, com quem se dedicou às acções e happenings, participou na vaga de repolitização da arte em oposição ao domínio do expressionismo abstracto que se impusera na RFA com a presença norte-americana e a guerra fria. Mas não tinha sido menos determinante para o futuro o escândalo da figuração de Baselitz, desde 1961, com os manifestos Pandamonium e a apreensão das suas pinturas logo em 1963, em Berlim. Era o retorno da "arte degenerada"(não só como recuperação museológica), depois da amnésia e da "universalidade" ideal do pós-guerra; a recuperação da história e da identidade, a reapropriação da relação iconográfica com o mundo exterior. 1963 é tb o ano do irónico "realismo capitalista" de Richter e Polke, com que se citava a nova arte pop norte-americana, com o cepticismo apolítico de quem chegava da RDA (mas Baselitz e Penk daí vinham ou viriam).
A importância do tema e da intenção, o alcance
político imediato, a par da exigência da qualidade técnica (associada à sua
prática como professor, desde muito cedo, e em desacordo com Beuys), situaram-no como pintor numa linha alargada
do realismo social, que assume relações com Grosz, e talvez também com Matta, mas é especialmente significativo o diálogo crítico com Renato Guttuso, cujo Caffé Greco de 1976 está na origem da sua série Deutschland Café, a partir de 78.
Essa relação, surgida com a Bienal de Veneza de 1976, era explicitada na edição de 1995 (a do centenário e de Jean Clair), logo no núcleo inicial dos "Retratos de grupo (da Academia ao Café)", na exposição "Identity and Alterity".
Em 1981 Immendorff (n. 1945) é um dos nomes em destaque em "A New Spirit in Painting", e a seguir passa a ser identificado com o neo-expressionismo como tendência, tb associado à ideia italiana de transvanguarda, quando já surgia outra geração de pintores (os novos selvagens, etc).
Não sei se o Nuno Viegas se interessa pelo Immendorff, mas podem certamente estabelecer-se ligações com os seus personagens e episódios narrativos, e em especial nas três grandes pinturas que acaba de concluir para a colecção de António Cachola. A complexidade da situação figurativa, com acções que envolvem muitos personagens, e a sua integração espacial em interiores profundos (num apocalíptico exterior nocturno num dos casos), enfrentada com uma ambição rara na pintura portuguesa actual (e não só), poderá ser associada à veemência do pintor alemão.
sobre a última retrospectiva em Berlim, Dez.05/Jan. 06 (http://print.signandsight.com/features/389.html)
Berlim
e também: http://lunettesrouges.blog.lemonde.fr/lunettesrouges/2005/12/immendorf.html
Immendorf prend un verre avec Marcel Duchamp ( Ready-made de l’Histoire. Vater von Morgana/ Avec Marcel dans Café de Flore)
em vídeo:
euronews
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