Expresso actual (nota) 17 - 04 - 1999
Menez
111
Com trabalhos datados de 1954 a 1991, esta exp. acompanhou o lançamento de uma monografia de José Luís Porfírio (ed. 111/Quetzal) e é uma extensa antologia que reafirma o lugar cimeiro de uma obra que atravessou a segunda metade do século numa posição distanciada do suceder das actualidades, sem deixar de ser sensível ao seu tempo, e que, também por isso mesmo, se revê sempre com a emoção das descobertas, sem que nenhuma ruga a tolha ou sem que a sua constante afirmação própria se dilua na catalogação cronológica das problemáticas, dos estilos ou das estratégias.
Sempre em mutação, como uma longa aprendizagem e um diálogo com outras obras, próximas ou distantes no tempo, logo depois dos primeiros exercícios abstraccionistas de 53-54 e até à grande ambição e complexidade das suas últimas séries iconográficas, revisitando temas religiosos e históricos, a pintura de Menez move-se por necessidade interior e através de uma crescente afirmação dos seus meios, também significando nessa viragem tranquila a reabertura dos caminhos da pintura que, contra a gestão corrente das inovações e dos «regressos», estão disponíveis neste final de século.
Por esse itinerário passam as atmosferas cromáticas de 59-61, que se disseram neo-impressionistas, as renovadas construções veladamente figurativas de 65-68, depois toda a vertiginosa desocultação das aparências nos anos 80, com as flores, os interiores, os «ateliers», as alegorias de «As Idades da Mulher», até aos últimos trabalhos relacionados com projectos de grande decoração em azulejo, como O Paraíso e O Inferno, de 90-91.
(Até 30)
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