2ª semana
EXPRESSO/Cartaz, 5/06/93 - notas
3ª semana, 12/06/1993 - “Luzes e sombras”
DAS exposições do Mês da Fotografia anunciadas no Cartaz anterior, encontravam-se 11 abertas no passado sábado e quatro encerradas (seriam seis as não inauguradas se se tomasse por certo o calendário inicialmente divulgado). Entretanto, nenhuma informação colocada nas exposições patentes ao público alertava o visitante interessado para que evitasse deslocações inúteis, tal como, em geral, nenhum cartaz justificava os adiamentos nos locais não abertos. São falhas de organização inadmissíveis, e toda a argumentação que procure justificar-se com o gigantismo do programa deve ser liminarmente rejeitada. É sob reserva, por isso, que adiante se referem todas as exposições com abertura prevista para os últimos dias.
Anote-se, na mesma linha de considerações, o entendimento autista da Cinemateca, que reservou a exposição aí apresentada para os frequentadores das suas sessões, com a agravante estúpida de exigir a compra de um bilhete para o cinema a quem apenas pretende ver as fotografias (e eventualmente inviabilizando desse modo o acesso de espectadores à sua sala). Tal orientação foi confirmada directamente por um dos directores da casa.
No caso da exposição de Cartier-Bresson, os vidros encontram-se em muitos casos riscados, impedindo uma observação capaz. Na de Varda há provas em mau estado. Na exposição de Mapplethorpe não se encontram fotografias publicadas no catálogo. Quanto a este, sublinhe-se também a ausência de notas biográficas sobre os fotógrafos (falta que poderia ter sido compensada por folhas em distribuição nas respectivas mostras), bem como a superficialidade dos seus textos a grande qualidade de impressão, feita na Suiça, não é compensação bastante. Por outro lado, a importação dos catálogos ou livros que acompanham as exposições apresentadas igualmente não se fez, ao contrário do exemplo dado, por exemplo, no último Fotoporto.
A presença de numerosos fotógrafos e comissários estrangeiros deveria ter proporcionado uma série de conferências ou debates, em vez de se perder num calendário de inaugurações confidenciais. Desbaratou-se assim a oportunidade de fazer do Mês da Fotografia uma ocasião de encontros e trocas de informações, num panorama dominado por pequenas guerras fratricidas.
São estas apenas algumas das limitações graves de um programa de que se aceitou aqui, inicialmente, o espírito de aventura. Há exposições de grande qualidade, a estratégia de diversificação de espaços é um trunfo importante, o cuidado posto na cenografia e na iluminação é, em muitos casos, apreciável (Nadar, Bonnard, Cartier-Bresson, Mapplethorpe, Arno Fischer, James Herbert). Mas nada disso é suficiente se, mesmo numa primeira edição, o calendário não for credível e as condições de visibilidade não forem óptimas.
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