ARQUIVO
Com o CCB já aberto, a seguir a Lisboa'94, dá-se a volta à paisagem. A revisão é bastante surrealista, ou seja, é difícil separar o real e o sonho, ou a ilusão.
Ia haver eleições. Manuel Freches ficara à frente da SEC, tentava (?) arrumar a casa e fazia novas promessas.
Aqui se fala da Gare Marítima de Alcântara que seria uma extensão ou dependência do Museu do Chiado, e depois Museu do Design - em 1997 ,
e tb dos espaços da antiga Galeria de Arte Moderna de Belém, que ardera em Agosto de 1981,
do Museu de Arte Popular, que agora o MC quer extinguir - Ainda há tempo?
do Museu dos Coches a transferir para o outro lado da praça,
para onde iriam tb as instalações do Arquivo Nacional de Fotografia e outros projectos (o Arquivo de Belas Artes da Gulbenkian?!),
e ainda do Museu de Arte Moderna de Serralves
"Museus em pré campanha"
EXPRESSO/Cartaz de 03-06-95
A Gare Marítima de Alcântara irá ser utilizada como um espaço dedicado
à arte contemporânea, de acordo com um protocolo assinado no dia 24
entre o Instituto Português de Museus e a Administração do Porto de
Lisboa. A «Gare de Alcântara», nome a usar pelo novo «espaço», estará
na dependência institucional do Museu de Chiado, dirigido por Raquel
Henriques da Silva, prevendo-se que aí se apresentem exposições de
grande dimensão, que têm obrigado à desmontagem da respectiva colecção
permanente, e também iniciativas que prolonguem até à contemporaneidade
o horizonte cronológico até agora definido para o Museu (1850-1950).
Está ainda por definir o respectivo programa nas suas possíveis
vertentes museológicas ou de centro de arte, mas encontra-se já em
estudo o depósito de longo prazo da colecção da Fundação Luso-America e
também de outros acervos. Para a inauguração do novo local prevê-se uma
exposição de arte contemporânea nacional com base naquela e noutras
colecções institucionais, comissariada por Delfim Sardo.
O edifício da Gare, que é um exemplo da arquitectura dos anos 40 e conserva um importante conjunto de pinturas murais de Almada Negreiros, manterá usos e serviços portuários, uma vez que continuarão a aportar na Gare de Alcântara os navios de cruzeiro. A adjudicação das obras deverá ser feita a breve prazo, assumindo a APDL os custos da adaptação e o IPM o dos equipamentos directamente museológicos.
A possibilidade da utilização da Gare de Alcântara como espaço museológico fora estudada já no final dos anos 80, sob a gestão de Teresa Patrício Gouveia, com base num projecto arquitectónico de Manuel Graça Dias e Luís Serpa, mas foi abandonada na perspectiva da concentração de espaços de exposição no Centro Cultural de Belém.
Entretanto, o protocolo estabelecido entre o IPM e a APDL revela ainda algumas incertezas quanto ao projecto a implantar no local e, por outro lado, pode notar-se, a propósito, que o destino museológico do CCB, previsto no decreto fundador da Fundação das Descobertas como uma responsabilidade a assumir pelo Estado, continua por definir. É, aliás, conhecida de há muito a ausência de diálogo entre os responsáveis pelo IPM e o CCB.
Na cerimónia da assinatura do referido protocolo, o subsecretário de Estado da Cultura, Manuel Frexes, anunciou a disponibilização de uma verba de cem mil contos para aquisições de obras de arte, duplicando um montante antes previso para este ano.
Por outro lado, num mesmo processo de apresentação de decisões relativas à area dos museus, o IPM cedeu à Associação Acordar História Adormecida os direitos de utilização dos espaços degradados da antiga Galeria de Arte Moderna de Belém e armazéns anexos, com vista à instalação de um Museu das Crianças. Na área adjacente, anuncia-se a reabilitação do Museu de Arte Popular, onde a 13 de Junho abrirá uma exposição integrada no centenário de Santo António. O seu futuro sentido museológico deverá vir a ser reequacionado, de modo a conservar ou a renovar uma visão sobre a arte popular que se reconhece como marcada por um contexto ideológico próprio do anterior regime político. Na prática, esse Museu voltou a desligar-se da direcção do Museu de Etnologia, estando por definir uma nova lei orgânica.
Ainda quanto à área de Belém, mas já do outro lado da via férrea, voltou entretanto a publicitar-se o projecto de transferência do Museu dos Coches para as instalações das antigas Oficinas Gerais de Material de Engenharia, comprado pela SEC ao Exército. O Museu seria devolvido à antiga função de Picadeiro, onde se realizariam actuações da Escola Portuguesa de Arte Equestre, a sediar também no OGME.
Prevê-se que no mesmo local, para o qual não existe ainda qualquer projecto definido, se venham a acolher as instalações do Arquivo Nacional de Fotografia (entidade ainda destituida de qualquer estatuto legal, a funcionar no âmbito do IPM) e, possivelmente, outros espaços arquivísticos, nomeadamrente destinados ao Arquivo de Belas Artes que a Fundação Gulbenkian se dispôs a ceder ao Estado, com a condição da sua abertura ao público. Situado simétricamente ao CCB, será um novo complexo de grande vulto cuja reconstrução se prolongará por vários anos.
Por último, prevê-se para 27 de Julho a assinatura de um outro protocolo que assegurará as participações comunitárias e do Estado português na construção do Museu de Arte Moderna de Serralves, no Porto, cujo anteprojecto arquitectónico, da autoria de Siza Vieira, está actualmente em fase de revisão e aprovação final. Sem contabilização de uma futura colecção (aliás, ainda indefinida), a construção poderá orçar em 4,5 milhões de contos, cabendo 3,5 milhões ao apoio da CE. Decorrem actualmente conversações entre a SEC e a Fundação de Serralves para definir as disposições de um novo acordo que regule as responsabilidades e competências de ambas as partes no funcionamento do futuro museu.
Comments