EXPRESSO/Actual de 12-02-2005: "Passagem para Paris"
Obras de Joana Vasconcelos na Passage du Désir
«Pega», 2002, e à direita «Spin», 2001
Fotos de Luís Vasconcelos
Em baixo,
«A Noiva», 2001
Depois de expor em Madrid, na Casa de América, em 2004, Joana Vasconcelos está em Paris com uma selecção das suas obras na Passage du Désir, um novo «lugar da cultura contemporânea», sem fins lucrativos, associado à agência de publicidade BETC Euro RSCG, uma das maiores de França, instalado no piso térreo da sua sede (R. Faubourg Saint Martin, 85-87). Inaugurado em Março de 2003, é um espaço de cerca de 700 metros quadrados, mantido em bruto com paredes negras disponíveis para diferentes ocupações, por onde já passaram exposições de «design» e instalações de vídeo de Rineke Dijkstra e Darren Almond (ambas incluídas no Festival de Outono).
Treze obras de grande formato, que ilustram o trabalho de Joana Vasconcelos praticamente a partir do seu início, desde 1997, foram instaladas numa montagem de grande impacto concebida pela artista. Ao mesmo tempo, outras quatro peças de menor dimensão são expostas na sede do Instituto Camões, e já está anunciada uma primeira individual na galeria Gilles Peyroulet and Cie (que não veio a concretizar-se). A muito boa recepção do seu trabalho continuou com um convite do crítico Jean-Yves Jouannais para um próximo projecto colectivo.
As esculturas de Joana Vasconcelos são instalações de aparência ao mesmo tempo lúdica e crítica, coloridas e de grande efeito visual, criadas em muitos casos através da introdução de desvios da funcionalidade de objectos que se podem assemelhar a peças de mobiliário ou equipamentos.
O percurso da exposição é iniciado por uma mesa de recipientes plásticos coloridos (Plastic Pary, de 1997), a que se segue uma grande peça suspensa de escultura em lã tricotada (Valquíria III, 2004), diante de um espaço branco central onde a artista instalou o carrossel com cadeiras que criara para o Museu de Serralves (Ponto de Encontro, 2000). O espaço abre-se entretanto para duas obras com movimento em que utiliza peças de vestuário, num caso gravatas que voam ao vento, em Airflow, 2001, e meias de nylon coloridas sobre dois dispositivos giratórios, em Wash and Go, 1998. A referência à moda e ao cuidado com a aparência, não só feminina, prolonga-se mais adiante com outras duas peças também simetricamente dispostas, Spot Me, 1999, e Spin, 2001 - a primeira uma guarita cheia de espelhos redondos e a segunda um plinto onde se põe em funcionamento uma coroa de secadores de cabelos.
Antes de lá chegar, o visitante passa, em ambos os lados do circuito,
por www.fatimashop, 2002 (um triciclo motorizado com imagens compradas
em Fátima, acompanhado por um vídeo que fornece o som à exposição),
mais duas grandes peças também em «tricot», Pega, 2000, e Pantelmina,
2003, e ainda o Barco da Mariquinhas, 2002, revestido de azulejos
industriais. Num final de grande efeito, associando mais uma vez o
humor da apropriação dos objectos ao impacto visual, encontram-se sob
uma abóbada baixa A Noiva, de 2001, um grande candelabro feito de
tampões Ob, e adiante a Cama Valium, 1998, revestida de «blisters» do
medicamento indicado.
Quase todas as obras seleccionadas podem ver-se como o comentário de
imagens ou ideias de «portugalidade», enquanto o movimento e o convite
à interacção do público (Ponto de Encontro, Spot Me e Spin) são outra
das marcas fortes do trabalho de Joana Vasconcelos.
ver a crítica do "Amateur d'Art", o blog com base no Le Monde
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29-07-2006
Expresso/Actual (Factual)
"Arte actual na Central Tejo"
Joana Vasconcelos inaugura galeria da Fundação EDP
«A Ilha dos Amores», de Joana Vasconcelos, não ilustra o texto de Camões. O título é mais uma pista que acrescenta mitologias nacionais a outros níveis de narração e de ironia. As figuras - cinco expoentes da beleza feminina que se oferecem diante de um homem indiferente, talvez Baco, numa cena de frustrada sedução - transportam referências clássicas mas aparecem como exemplos perfeitos da ideia de «kitsch». São estátuas de jardim que se podem comprar à beira da estrada e que a artista reintroduz no terreno da arte (elevada), encenadas e iluminadas, depois de as ter pintado e revestido de malha de crochet (arte feminina e tradicional que vem trazer outros sentidos a este puzzle). A instalação inaugurou quinta-feira um novo espaço de arte contemporânea no Museu da Electricidade. Joana Vasconcelos vencera em 2000 o 1º Prémio EDP Novos Artistas e mantém uma carreira de sucesso com larga circulação internacional. Entretanto, a Fundação EDP prevê para dentro de um ano a abertura de outra galeria mais vasta para exposições no espaço da antiga Carpintaria da Central Tejo.
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14-10-2006 – EXPRESSO 1º cad.
"Joana Vasconcelos - Esculturas de 7 metros à porta do CCB"
Joana Vasconcelos vence concurso por convites para uma obra a instalar à entrada do Museu Berardo. A artista propôs um duplo castiçal inspirado em Duchamp
Duas esculturas-castiçais de Joana Vasconcelos (Nectar), com sete metros de altura e três de diâmetro, em ferro e vidro, vão assinalar, antes do fim do ano, a instalação do Museu Berardo no CCBO conselho de administração da Fundação Colecção Berardo escolheu a obra num concurso por convites a oito escultores. (Entretanto, o conselho ainda aguarda que o presidente da Fundação proponha o nome do director do museu, que abrirá em 2007. O brasileiro Ivo Mesquita é o principal indigitado e vem segunda-feira a Lisboa para conversações. (Mas já não chegaria a vir)
Joana Vasconcelos diz que será a versão feminista do conhecido «ready-made» de Marcel Duchamp, ‘Secador de Garrafas’, tendo usado garrafas de vidro com luz eléctrica para dar forma a um castiçal ou candelabro. Em vez duma escultura única, a artista propôs uma obra dupla, com duas partes iguais que ficarão durante um ano a marcar as entradas do Museu, uma na praça interior e a outra nos jardins. Foi também proposta a aquisição dos projectos de Ângelo de Sousa, Alberto Carneiro, Fernanda Fragateiro e Rui Chafes, enquanto José Pedro Croft, P. Cabrita Reis e Francisco Tropa não chegaram a entregar as suas maquetas.
Olá Joana meus parabéns; sua arte para mim é uma particula da verdadeira alma da arte contemporanea, hoje pela primeira vez vir na RTP o seu trabalho e achei genial, e gostei muito de uma frase sua que diz "Ser artista é criar o seu próprio formulário" quem dera a cada um de nós sair dessa hipnose do consumismo e acordar para verdadeira realidade.... desejo muito inspiração e que vc jamais deixe de continuar o seu proprio formulário. beijinhos Tákia
Posted by: Takia Batista Gomes | 01/18/2009 at 23:36