para mudar de assunto:
José Carlos Teixeira
« Geografias e outras etnografias »
Fundação Carmona e Costa, até 6 de Julho - o sítio
Na segunda sala, a passagem rápida sustem-se (a experiência é pessoal, claro). Alguma coisa justifica a atenção e a paragem, estabelece o diálogo, ou pelo menos a necessidade de entender o que se vê. Há um alinhamento contínuo de fotos a cores de pequeno formato onde se vêem fragmentos de corpos, nunca os rostos, fragmentos de corpos vestidos (pessoas que conversam?) dispostos numa barra regular sobre o desenrolar de um texto - por exemplo, "...somos seres de fronteira, atravessados por linhas de fractura...", em português, mas a passagem ao inglês é constante, a toda a volta da sala, na mesma linha única. Há algo de reflexão íntima, introspectiva, e de díalogo cúmplice a várias vozes. Há uma adequação intrigante entre os fragmentos das figuras-personagens que vemos e o texto fragmentário, em duas sequências contínuas e comunicantes.
É 38 minutes of anthropology (strangers to ourselves), 2005, apresentado como instalação, seguindo-se a versão projectada na sala seguinte, em grande ecrã. Aí a sequência das imagens e o som são interrompidos pela sombra opaca do ecrã e o silêncio. A situação espacial, o tempo, o ritmo, são outros, e a relação-variação entre ambas as versões que constituem uma única obra (vídeo + instalação fotográfica) é intrigante, algo como un "work in progress".
Observando as tabelas, e lendo agora os textos do catálogo do autor e de Pedro de Llano, encontra-se a referência a Adorno, Deleuze, Kristeva, etc, etc, a substituir em parte o que se julgaria serem só reflexões ou depoimentos dos personagens filmados. É certamente um acréscimo de densidade, de complexidade, por onde se introduz uma outra dimensão mais autoral por parte parte de JCT, mas é também, talvez, o hábito escolar e escolástico da citação.
(in progress)
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