Sugeri na manhã da 3ª feira pós-inaugural, a quem de direito, a instalação imediata no átrio do Museu Colecção Berardo de caixas apropriadas para recepção de donativos dos visitantes destinados à futura aquisição da colecção (*). A iniciativa tornar-nos-ía desde logo mais parecidos com os museus norte-americanos e ingleses, exemplo a seguir em muitos domínios.
O preço estabelecido pela Christie's não é uma borla, mas corresponde hoje a apenas três bons dias de leilão em Londres, com um total de cerca de 400/500 peças (aqui há mais). Dentro de dez anos é certamente uma pechincha, a não ser que o mundo (da arte e do resto) se volte de pernas para o ar. E não são de facto (**) 316 milhões de euros que serão pagos ao comendador (dizem-se por aí imensas trapalhadas), mas menos dez por cento, sendo estes 31,6 milhões destinados ao Fundo de Aquisições...
A campanha de recolha de fundos, mobilizando o público em geral, decorreria ao longo desses dez anos, se for necessário o horizonte temporal máximo. Em paralelo, outras iniciativas devem ser tomadas, como a criação dos Amigos do Museu e de outras formas de patrocínio e participação.
No acto formal da inauguração Sócrates deveria ter anunciado publicamente o compromisso ou pelo menos a intenção do Governo (dos Governos, se tal é possível a prazo) de vir a adquirir a Colecção.
As verbas a recolher na campanha nacional que sugiro deverão ser destinadas, em alternativa e no caso de não se consumar a compra, ao Fundo de Aquisições do MCB. Isso teria de ser estabelecido desde já.
(*) De facto, tenho imenso receio que o Estado adquira a Colecção. Já vimos o suficiente para saber que Ele trata muito mal dessas coisas. Até agora este privado em particular e alguns outros mais, menos conhecidos (ou mais, como o Gulbenkian), mostraram saber melhor o que comprar e como fazer do que os funcionários que nos cabem em sorte. Dá-me muito mais confiança o Joe Berardo, mesmo com os seus excessos, do que a nacionalização do acervo.
(**) Discurso de Isabel Pires de Lima, no CCB, a 20-12-2006, a propósito do acordo com o coleccionador: "Esta cláusula, só possível graças ao
grande empenho manifestado pelo Comendador Berardo, favorece
inequivocamente o Estado, ao permitir-lhe fazer, se assim o entender, a
sua opção de compra em 2016 por uma verba estabilizada em 2006.
Acrescente-se ainda que este montante, além de resistir aos
impositivos ditados pela inflação naturalmente esperada neste intervalo
de tempo, desde que não seja superior a 2,5 %, em média por ano,
permitirá que a Fundação venha a beneficiar de um contributo especial
por parte da Colecção Berardo, correspondente a 10% do preço de compra,
que reverterá para o Fundo de aquisição de novas obras de arte."
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