Se tiver de escolher uma obra na inauguração do Museu Colecção Berardo, será um vídeo, uma descoberta:
SUR PLACE, de Justine Triet (Née en 1978 à Fécamp)
No piso inferior, antes atribuído à fotografia e agora ao vídeo. Vídeo, arte vídeo, cinema, ou documentário (como refere uma informação do Festival de Brive, em França)? Não importa. Manifestantes, grupos que se formam e dissolvem, que atacam e fogem, que ondulam, se detêm, se observam. Alguns, às vezes, com capacetes e bastões que os assemelham a polícias; outros serão mesmo agentes, ou "serviços de ordem", tudo se equivale. Incursões, surtidas, recuos, movimentos colectivos e breves acções ou reacções individuais.
Não se sabe quem é quem, a imagem que parece em parte virada a azul (o azul dos jeans) torna idênticas as partes em jogo. Falta-nos informação para reconhecer de imediato as causas, as datas, os lugares. Domina a coreografia, há algo de jogo, de encenação cúmplice entre ordem e desordem; tudo se reconduz ao movimento de grupos, numa sequência que não é, não parece ser, cronológica ou narrativa.
O filme lembra as obras de Stephen Dean (1968, Paris; trabalha em Nova Iorque) que vi pela 1ª vez no CAV de Coimbra (Volta, 2002-2003, filmado em estádios do Brasil, sobre os movimentos de massas nas bancadas) e que reencontrei na 1ª Bienal de Sevilha, a de Szeemann, o mesmo Volta e Pulse, 2001, feito na Índia, em festas onde circulam pigmentos de cor. A "pura visualização", que se afigura pintura em acção, é antes uma diferente visibilidade que se abre à interrogação do espectador. Neste caso (Sur Place), essa interrogação é mais directamente política e o lugar do observador, a construção visual, a sequência temporal são elementos de inquietação que avolumam a excitação e a interrogação do que vemos. O espectáculo é aqui montagem filmica, observação ou análise? Terei de voltar - e antes (o Eclipse de Anne Veronica Janssens) e depois (Cristina Mateus), os outros dois vídeos são também interessantes.
Entretanto, fica a informação do Google:
Da programação do Centro Pompidou, 24 mars 2007:
SUR PLACE - France / 2006 / vidéo / coul. / 30'
De Justine Triet - autoproduction
"Filmé entre la foule et la hauteur d'une fenêtre voisine, Sur Place cueille les ballets des corps dans une scène de foule où la violence éclate. En accumulant les points de vue, sur l'individu, sur le groupe, sur la masse, le film tente de tirer de l'évènement télévisuel une appréhension plus nuancée, plus trouble."
Justine Boutet (ou Triet ?!!) entre à l'Ecole Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris
(E.N.S.B.A) à l'âge de 20 ans, en 1998, et obtient son diplôme national
supérieur d'arts plastiques avec les félicitations du jury. Ses œuvres
vidéo ont depuis été montrées en France, notamment aux festival de
Biarritz (Fipa) et Pantin (Côté court), à la Biennale d'art
contemporain de Lyon, et à l'étranger. Justine Boutet vit actuellement
à Paris.
Do programa do 4º festival de Cinema de Brive, Rencontres du moyen métrage, Abril 2007:
Synopsis
"Retour sur les scènes de violences parisiennes de mars 2006. En accumulant les points de vue sur l’individu, sur la foule, sur la masse, le film tente de tirer de l’événement télévisuel une appréhension plus nuancée, plus trouble. « Sur place » nous projette au cœur de l’action tout en nous tenant étrangement à distance."
Générique
France - 2006 -
Documentaire - 30 minutes - DV - Couleur - Image : Justine Triet,
Thomas Levy-Lasne, Cédric Sartore, Aurélien Bellanger - Son : Antoine
Clemot - Montage : Justine Triet, Cédric Sartore - Production : Justine
Triet, autoproduction - Contact : Justine Triet - [email protected]
Justine Triet
est diplômée de l’Ecole Nationale Supérieure des Beaux
Arts de Paris. Elle a réalisée plusieurs films en vidéo : Don’t get it
(2002), Trasverse (2003), Rilakse (2004), Orphée et Eurydice (2004),
L’Amour est un chien de l’enfer (2006).
Comments