Artigos de 1988 ("Veneza: bienal sem Portugal"), 1990 ("Veneza não, Veneza sim") e 2003
III: EXPRESSO/ Actual de 24-05-2003
"Portugal nas bienais" (2003)
A Bienal fez cem anos em 1995, mas, com as interrupções de duas guerras, só agora chega à 50ª edição. A presença portuguesa parece ter começado <só (1)> em 1950, com uma heteróclita mostra que juntou Eduardo Malta e Henrique Medina a, entre outros, Eloy, Viana, Botelho, Vieira da Silva, Cândido Costa Pinto e Júlio Resende.
Dez anos mais tarde, Resende e Lanhas terão constituído uma representação qualificada, mas a recusa de grande parte dos artistas a colaborar com o SNI (Secretariado Nacional de Informação) foi marcando o debate interno e mantendo o país à margem. Em 1970 a representação foi confiada a Noronha da Costa.
Após o 25 de Abril, Portugal passou a ter uma presença mais regular, contando em 76 com a participação de Alberto Carneiro e Ana Hatherly. A uma presença colectiva em 78 (Ângelo de Sousa, Hatherly e outros), sucederam-se três representações dirigidas por Ernesto de Sousa: em 80, a propósito de palavras e letras, com Almada, F. Pessoa (!), Hatherly, João Vieira, António Sena, o próprio comissário e outros; em 82 com Helena Almeida e em 84 com José Barrias.
José Luís Porfírio foi comissário em 1986, sendo Ernesto de Sousa consultor, e apresentou uma selecção sintonizada com o «regresso» da pintura (Carlos Nogueira, Ilda David, Pedro Calapez, Pedro Casqueiro e Xana). Seguiu-se uma nova interrupção, por, entre outras razões, deixar de se contar com a cedência do Pavilhão Alvar Aalto, nos Giardini. (**)
O regresso verificou-se em 95, por iniciativa de José Monterroso Teixeira, que então dirigia as exposições do CCB. Uma económica representação, num espaço alugado na Praça de São Marcos por um período inferior à duração da Bienal, incluiu Jose Pedro Croft, Cabrita Reis e Rui Chafes. Nesse ano começou a pensar-se na construção de um pavilhão próprio, com autoria de Álvaro Siza, mas a direcção veneziana tem bloqueado a concessão de mais lugares, na expectativa de uma reforma do recinto.
Seguiram-se em 97 Julião Sarmento, com comissariado de Alexandre Melo; Jorge Molder em 99 (Delfim Sardo) e 2001 João Penalva (Pedro Lapa). Em anos recentes, alguns artistas têm também integrado as exposições internacionais organizadas pelos directores da Bienal.
(1) Pode considerar-se estranha a ausência de portugueses na viragem do séc. XIX/XX, mas não encontrei referências - e o recente cat. Columbano, 2007, também não menciona nada.
(**) A DGAC usou esse argumento, mas terá pesado mais o desinteresse em continuar a trabalhar com o comissário JLP, escolhido por ES.
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I
A interrupção de 1988 foi noticiada no EXPRESSO/Revista de 14/05/1988 (secção "Na Berra") sob o título "Veneza não, Veneza sim" (pág. 18R)
Aí se refere tb que em 1987 P. deixara de participar na exp. "Europália", que reunia 11 artistas na cidade designada capital europeia da cultura: 1985, Atenas, Julião Sarmento; 1986, Florença, Alberto Carneiro; 1987, Amsterdão, -.
Nesse ano de 1988 Pedro Proença foi convidado a participar no Aperto'88 em Veneza.
II
Em 1990 o tema é retomado em "Veneza: bienal sem Portugal", publicado no EXPRESSO/Cartaz de 17/03/1990, p. 36 (secção Actual).
"A presença portuguesa parece ter começado em 1950" - A presença portuguesa começou como a participação do pintor Lino António da Conceição na década de 1930.
Posted by: MD | 01/22/2020 at 00:34