(*Em construção*)
É em Bencatel, ao pé de Vila Viçosa, que está a ser produzida a segunda escultura monumental do pintor Sean Scully, cujo transporte para Aix-en-Provence, França, em Setembro, vai ser realizado por 72 grandes camiões. São 1728 toneladas de pedras de diferentes qualidades e colorações, ou 640 metros cúbicos, que se acumulam calculadamente numa grande construção horizontal de 20 metros por oito de largura e quatro de altura. A produção, que foi acompanhada pelo artista em diversas vindas ao Alentejo, está praticamente terminada - faltam ainda alguns blocos para fechar um dos lados superiores - e a imensa escultura é visível da estrada por quem passa junto ao depósito de mármores da empresa Dimpomar.
Encarnado de Negrais, Azul Valverde, Moca Creme, Ruivina são os nomes dos mármores utilizados na construção, que, conforme o projecto do escultor, mantém as marcas de extração e as irregularidades ocasionais de cada bloco. Os calços de madeira que separam as pedras desaparecerão na remontagem da obra, no seu local definitivo.
Ao lado encontra-se a maquete que seguiu de guia para a construção da escultura. Uma primeira maqueta feita na Dimpomar foi exposta na Arco de Madrid em 2007 e aí foi fotografada, sendo a imagem publicada no Expresso a acompanhar a reportagem da feira.
Sean Scully, "Crann Soilse" (que o artista traduz por "Parede de Luz", "Wall of Light"), uma obra de 2003, instalada na Universidade de Limerick, na Irlanda - tem 30 metros de comprimento, 3,5 de altura e 2,25 de largura. Construída com Moleanos Creme ido de Portugal e um basalto negro chinês, em cubos de 75 cm de lado, num alinhamento alternado mas regular de blocos brancos e pretos, foi a primeira grande escultura de Sean Scully e já contara com a colaboração da empresa de extracção e comercialização de mármores Dimpomar, embora a montagem da obra tenha sido realizada directamente no local onde ficou implantada.
Sean Scully é um dos pintores de maior projecção na actualidade, sucedendo-se por toda a parte as retrospectivas e as mostras das diferentes séries do seu trabalho. Em Portugal, a Culturgest apresentou-o em 1997, numa grande exposição vinda da Fundação Cartier de Paris onde se mostraram pela primeira vez as suas pinturas em volume, em blocos de dupla face presos à parede, as "Floating Paintings".
Nascido na Irlanda, em Dublin, em 1945, Scully formou-se em Londres e começou a expor no início dos anos 70. Instalou-se em Nova Iorque em 1975 e em 1983 naturaliza-se americano. Nos últimos anos mantém ateliers em Nova Iorque, Barcelona e Munique, onde é professor em part-time. O seu trabalho caracteriza-se por uma grande regularidade formal, com emprego sistemático de estruturas de barras e a sua disposição em xadrez, usando a cor em pinceladas visíveis que lhe asseguram uma vibração sensível.
Influenciado por Mark Rothko desde o princípio dos seus estudos, pratica uma abstracção que se associa à tradição pictural de Bonnard e Matisse, prescindindo da referencialidade figurativa mas explorando todas as virtualidades emocionais da percepção da cor. As esculturas monumentais recentes transferem para o espaço público e para as três dimensões da escultura as regras e os valores da sua pintura.
Arthur Danto, o filósofo e crítico de arte que se tornou famoso com a ideia de que a evolução histórica e sequencial da arte se encerrou com Andy Warhol (Après la fin de l'art, na edição francesa), é um dos autores que tem acompanhado a obra de Scully.
revisto a 12 de Julho
eu vi
Posted by: *L | 07/08/2007 at 14:58