Foi há dez que abriu o Guggenheim de Bilbau. O modelo não deu frutos, embora tenha resultado no País Basco por se incluir num programa muito mais vasto de reabilitação urbana. Abu Dhabi é já outra história... E o Pompidou em Xangai já está com problemas.
As comemorações fazem-se com o blockbuster ``Art in the USA: 300 Years of Innovation''
Ver O efeito Bilbau
e O mercado dos museus
1
Expresso/Cartaz de 18 de Out. de 1997 ("Actual", pag. 4)
A multinacional Guggenheim
O Museu Guggenheim de Bilbau é hoje oficialmente inaugurado, sem que se tenham extinguido as numerosas polémicas que o envolveram. O acordo negociado entre o Museu de Nova Iorque e o governo basco, que goza da mais mais ampla autonomia entre as regiões espanholas, inaugura a entrada do modelo gestionário das multinacionais na área dos museus, com a adopção do sistema de «franchising».
Bilbau custeou o edifício faraónico por mais de 23.000 milhões de pesetas, pagou à Fundação Guggenheim 2.000 milhões para usar o seu nome e dispor dos respectivos fundos artísticos (mas sem qualquer intervenção na selecção das obras) e desembolsou ainda mais 6.000 milhões para iniciar a compra de uma colecção própria, cuja orientação também lhe escapa. A factura continua com o compromisso de cobrir o défice anual de exploração do museu, calculado em cerca de 1.000 milhões de pesetas.
O protocolo negociado em 1991 é geralmente considerado como deplorável e as circunstâncias da sua assinatura ficaram envolvidas em escândalo, quando o patrão da multinacional, o director Thomas Krens, fez calar as dúvidas da oposição socialista basca recorrendo à intervenção directa na cerimónia oficial do então ministro italiano Gianni De Michelis, vindo de Roma no avião presidencial e caído depois, com Craxi, nas malhas da justiça. Toda a história é contada em termos de ficção policial no livro Crónica de una Seducción, escrito por Joseba Zulaika, um professor basco de sociologia a trabalhar nos Estados Unidos.
Quanto ao edifício projectado por Frank O. Gehry, parece existir consenso quanto à sua discutível funcionalidade museal, mesmo quando se reconhece a genealidade do arquitecto. A gigantesca escultura habitável que Gehry revestiu de titânio, vidro e pedra será uma excelente marcação cenográfica no quadro da renovação urbanística de Bilbau, mas parte substancial dos espaços interiores estão longe de corresponder às exigências de um museu. Numa carta-manifesto memorável, Harald Szeeman, um dos especialistas que recusou associar-se ao Guggenheim de Bilbau por ver no projecto «apenas a identidade que o colonizador dá ao colonizado», chegou a escrever que «a prática comum de escolher um arquitecto famoso para edificar um museu é algo de obsceno».
O «recheio» atribuído a Bilbau estabelece um itinerário que vai de Kandinsky até às salas dedicadas às obras de Anselm Kiefer, Francesco Clemente, Jenny Holzer e Richard Serra, adquiridas pelo museu, a par de esculturas recentes de Chillida, mediante um acordo de última hora, e de alguns jovens artistas bascos. Os mestres modernos, incluindo Picasso, Braque, Mondrian e Giacometti, ocupam galerias de modelo clássico no piso superior, a que se seguem os artistas do pós-guerra (Pollock, De Kooning), avançando-se depois para salas de planta curva e naves de espectaculares dimensões. Para o final de 1988 está agendada a exibição da retrospectiva de Rauschenberg inaugurada em Nova Iorque.
2 - "Guggenheim Bilbao at 10 Still Thrills While New Projects Falter"
By James S. Russell
Bloomberg.com
Oct. 19 (Bloomberg) -- Erupting in swirls of titanium, Frank O. Gehry's Guggenheim Museum Bilbao turned the art world upside down 10 years ago today. Has the ``Bilbao Effect'' -- reviving a shabby Spanish steel town by putting it on the world's cultural map -- prospered as well?
Buffed for its birthday, the building looks better than ever. Its bulging fronds -- metallic flowers in bud -- remain irresistible. The shingled titanium surface blushes as it refracts the setting sun off the Nervion River.
Inside the great atrium, curving white walls and shards of glass zoom thrillingly skyward. Along the looping pathways, shifting planes of stone and glass kaleidoscopically dapple light and shadow. I wondered how many artists have asked themselves, ``Can my work stand up to this?''
(...)
Comments