Os Anos 40 da arte portuguesa, 1982
Fundação Gulbenkian
Diário de Notícias de 8 de Abril
I - A vanguarda de António Ferro
Foi a exp. "Anos 40 na Arte Portuguesa", de 1982, e o seu sobrevivemte catálogo, que constituiu a principal fonte de informação sobre os acontecimentos dessa década e sobre a afirmação dos artistas então surgidos (de Resende, Lanhas, Nadir, Pomar, Cesariny, Vespeira a Lemos, etc, a sua longevidade é excepcional). Actualizando alguns dados da "história do França" (de 1974, com pequena revisão posterior), aí se manteve o essencial da argumentação.
Se algumas monografias ilucidaram percursos pessoais e se o surrealismo teve depois uma vasta abordagem, outras áreas mantiveram-se por estudar - no sentido de se voltarem a olhar as obras e a ler as fontes originais. Organizada por um interveniente nas movimentações da década, que ao longo do tempo manteve a sua perspectiva "partidária", a mostra ressentia-se muito claramente dessas opções de princípio e influenciou sucessivas vagas - e já gerações - de discípulos, que se remeteram à repetição conveniente da cartilha. Na altura discuti de forma sintética, no DN, os critérios, as opções e as teses da exposição, em grande parte muito idiossincráticas e também facciosas.
Num inquérito publicado no Expresso (dossier "Especial Anos 40"), antes de eu para lá ir trabalhar, afirmou Mário Cesariny:
"Da exposição só sei o que se diz nos artigos de Alexandre Pomar no "Diário de Notícias", que são um bom ponto de partida para um esclarecimento. Quanto ao surrealismo (...)". in "Um silêncio", Mário Cesariny, 24 de Abril de 1982, pág. 26-R.
Foi, de certo modo, a "oficialização surrealista destes comentários críticos. Mas o texto (curto) de Cesariny não costuma ser incluído nas suas bibliografias.
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