"Hora di Bai"
Centro de Artes Visuais, Coimbra
Expresso Acctual 13-09-2003 Exposições (nota)
A quarta mostra do CAV recicla sob novo título um tema abordado nos Encontros de Fotografia de 1996, num programa que visava voltar a percorrer os espaços do Império ou da lusofonia, duas direcções nem sempre conscientemente diferenciadas quando é do antigo centro que se definem os pontos de vista.
Ao projecto antes comissariado por Tereza Siza e editado em álbum sob o título Língua Franca, retiraram-se algumas colaborações (Bruno Sequeira, sobre Goa, Mica Costa Grande, Macau) e acrescentaram-se outras (Daniel Schwartz, Timor, 1999, e Maria Lusitano, com vídeos), ampliando-se as anteriores participações de Fazal Sheikh (Moçambique e Brasil, com um trabalho significativo, já de 2001, sobre a criação do Parque Nacional do Grande Sertão Veredas) e Inês Gonçalves (Cabo Verde e Goa). As novas condições de montagem melhoraram substancialmente e a mostra deu lugar a um novo volume, de produção cuidada e com diversa colaboração em texto, numa série de escritos de circunstância que pouco ou nada têm a ver com imagens.
A mostra e o álbum completam-se com fotografias do arquivo da antiga Diamang, Angola, pertencentes ao Museu Antropológico, expostas como um arquivo em bruto e no livro acompanhadas por extractos de documentos coloniais, ficando o tema por tratar.
Pode ser proveitosa a revisitação de produções dos anteriores
Encontros, e compreendem-se as dificuldades de programação do novo e
muito vasto espaço do CAV, mas esta mostra faz pensar que a abertura do
país às ex-colónias não tem passado de um propósito em grande parte
saudosista, ou turístico, na maior parte dos casos, com ressalva para
as participações de Mariano Piçarra e José Manuel Rodrigues (que já
apresentou depois um importante trabalho sobre Cabo Verde).
De 96
a 2003, os anos passaram sem se esboçar qualquer reorientação de
perspectivas. O que é tanto mais frustrante quando a cooperação
internacional tem investido com êxito na área da fotografia e, em
especial quanto a Moçambique, há notícias de uma importante produção
local.
Maputo teve em 2002 os seus 1ºs encontros de fotografia
(Photo Festa), dinamizados por Sérgio Santimano (presente na mostra de
Coimbra), e uma importante antologia de produção suíça, «Imaginando Vidas»,
está em circulação internacional e vai apresentar-se no próximo
Festival de Bamako, no Mali, a montra francesa da fotografia africana.
Catálogo (?)
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