"Campeonato mundial de feiras"
Expresso / Actual de 4 - 11 - 2006 (2)
Basileia, Miami e Londres estão agora no topo. Um mapa-mundo com mudanças rápidas e as viagens das galerias portuguesas
FIL/SANTOS ALMEIDA: A Arte Lisboa em 2005, uma feira regional com 42 galerias nacionais e 18 estrangeiras. Este ano com 45 e 19, respectivamente
O circuito das feiras tem uma hierarquia bem definida, com a de
Basileia e as suas 300 galerias, mais a filial de Miami, criada em
2002, no topo da pirâmide. A Frieze, em Londres, desde 2003, beneficia
da projecção dos «young artists» e alcançou rápida notoriedade nos
sectores mais mediatizados. As ligações portuguesas passam pela Galeria
Cristina Guerra, que participa na Miami-Basel desde a fundação e acedeu
em 2004 à «sede» suíça, enquanto a Gal. Filomena Soares está presente
na Frieze desde o começo.
A Art Basel, criada em 1969, era já a mais poderosa na área dos clássicos modernos antes de alargar o seu dinamismo aos sectores de «ponta», seguindo a estratégia madrilena de juntar ao mercado tradicional sectores comissariados para artistas emergentes e debates com especialistas. A Art Basel Miami Beach é um novo tipo de acontecimento, que combina a feira com um «excitante» programa de exposições especiais e «crossover events», incluindo música, cinema, arquitectura e design. Com 195 galerias apertadamente escrutinadas, é um «highlight» do especial ambiente da Florida, com cobiçados programas de visitas a museus privados, recepções e «parties» para coleccionadores convidados. Na próxima edição, em Dezembro, vai participar a Gal. Pedro Cera, com uma individual de Pedro Barateiro no sector «Art Nova».
Muita coisa mudou desde que em 1996 as feiras de Basileia, Colónia, Paris, Chicago e Madrid se reuniram numa efémera associação (Icafa). Chicago entrou em decadência, e a nova Miami-Basel impôs-se depressa a The Armory Show. Herdeira das feiras Gramercy, ocupou em 1999 o edifício histórico do 69th Regiment Armory e adoptou o nome da exposição que em 1913 apresentou à América a arte moderna, mudando depois para dois «piers» de West Side. Para criar um eixo concorrente com a estratégia da Art Basel, fez em 2004 e 2005 uma associação com a Arco, que organizou um fórum de debates. Falhou também um projecto de extensão de Colónia para Maiorca, anunciado para 2007. Entretanto, a feira de Maastricht continua a ser o «top» das antiguidades, de Brueghel a Bacon.
Face à Frieze, a Fiac fixou-se na segunda divisão. De regresso ao Grand Palais, mas dividida pela Cour Carré do Louvre, por falta do espaço, foi acompanhada por três feiras «off», e esse terá sido o maior sinal de vitalidade da edição do passado fim-de-semana, sem participações portuguesas (noutros anos frequentaram-na a Nasoni, 111, Fernando Santos e Mário Sequeira). O Estado gastou 400 mil euros em compras para criar confiança. Este fim-de-semana decorre a feira de Colónia, onde participa a Sala Maior, do Porto. Foi a feira pioneira, mas ao festejar os 40 anos reduziu o espaço para 180 galerias e decidiu mudar-se para Abril. A Alvarez, Filomena Soares e Fernando Santos participaram em edições recentes.
Entretanto, a Agência Vera Cortês esteve na Art Forum de Berlim com Gabriela Albergaria, no âmbito de um projecto de três anos com jovens artistas a trabalhar nessa cidade; participou também na Loop de Barcelona com Susanne Themlitz (e já em 2005 com Nuno Ribeiro). Mas é a Gal. Filomena Soares que tem o calendário de viagens mais carregado, com destaque para a Frieze e a estreia no 10.º Paris Photo, já entre os dias 15 e 19, no Carroucel do Louvre. Também esteve na Loop’06, com vídeos da sevilhana Pilar Albarracín, e participa sempre na DFoto, em San Sebastian. A Módulo, recorde-se, foi pioneira na itinerância pelas feiras: esteve em Basileia entre 1977 e 1989, com um breve intervalo, e passou por Colónia, Los Angeles, Bolonha e Bruxelas, interrompendo as saídas por três anos devido a um acidente sofrido pelo seu director.
Entretanto, a Arco é central para as galerias portuguesas, com 14 aceites em 2007: Carlos Carvalho, 111, Cristina Guerra, Fernando Santos, Filomena Soares, Graça Brandão, Lisboa 20, Mário Sequeira, Pedro Cera, Pedro Oliveira, Presença, Quadrado Azul, Vera Cortês (pela primeira vez) e 24b. Com Jorge Shirley em boa posição na lista de espera e mais atrás a Fonseca Macedo. Em Cáceres, Santander, Valência e Sevilha fazem-se feiras regionais, com presenças portuguesas, que (ainda?) não concorrem com Lisboa, mas duas feiras especializadas têm significado internacional - a Loop, de vídeo-arte, desde 2003, que decorreu em Maio com 43 galerias no Hotel Pulitzer, Barcelona, precedida pelo festival Off-Loop; a DFoto, de fotografia e vídeo, que reuniu na terceira edição 42 galerias (com Pedro Oliveira, Mário Sequeira e Filomena Soares), no Kursal de San Sebastian.
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