Com a Casa da Música (?) e os dois vídeos (Olímpia 1 e 2), mais os desenhos do Francisco Vidal do outro lado, a feira está ganha.
Percebe-se que tenham querido afastar do Arco a mais forte galeria de Lisboa. Às vezes é também a mais dinâmica.
2. Os profissionais e o público foram aparecendo na inauguração - mas ainda não se tornou um acontecimento social, como devia ser (e o atraso ou desorientação na comparência das "autoridades" não ajuda). Para a noite a casa estava concorrida e animada. Mas parece que os nossos escrevedores de catálogos também precisam de ser pagos para comparecer num lugar onde têm a obrigação de estar e ser vistos. Continua a haver muitos comportamentos provincianos - ou mesmo parolos.
3. Ao contrário do que apareceu escrito, por culpa minha, seguramente, não gosto de feiras. Prefiro mercados - de preferência, de peixe. Mas não tem importância. Às vezes, as feiras desempenham um papel importante.
Também convém notar que o meio galerístico não cabe na feira, e que é mais ágil que a sua lenta e pesada organização. Fora da Arte Lisboa (mas em Lisboa) está, por exemplo, muito do melhor que se vai passando no mercado da fotografia: a KGaleria (com nova inauguração na 5ª) e a P4, à Estrela. E estão. por diversíssimas razões, galerias que têm agora exposições significativas: a Cidiarte (que tem outra dinâmica desde que passou para a Escola Politécnica) com Pedro Chorão; a Arqué, com Pedro Zamith e as suas pinturas cinéfilas vindas da ilustração; a Caroline Pagès, com Jeanine Cohen e Nuno da Silva.
4. Não vi tudo, falhei alguns pontos onde queria ter estado, mas há que dar destaque à publicação do catálogo do 1º ano de actividade da MCO, #1 a #8, 2005/06, colocado sob a epígrafe "Chez Duchamp". Uma original galeria do Porto, prédio burguês de quatro andares a São Lázaro, com um programa de várias exposições-apresentações simultâneasmantido, por Maria do Carmo Oliveira e Balrazar Torres. Fica longe da rua das galerias, mas há cidade para além dela. Como falhei as exposições todas, é ainda mais útil.
Neste Livro 1 aparecem, por exemplo, Ricardo Pistola, José Lourenço, Alice Geirinhas, Sofia Leitão e muita gente que não conheço. Além dos bonecos, há textos.
Outro catálogo/livro, a lançar por estes dias. Manuel Caeiro, "Welcome to my loft", dá sequência à já respeitável série de edições da galeria Carlos Carvalho sobre os seus artistas. Escrito e editado por David Barro (Dardo, Santiago de Compostela), excede o corpo de trabalhos reunidos na exposição ainda em curso e tanto alarga a série de obras aí condensadas (atelier, dispensa, palco, biblioteca, podium - referindo explicitamente a actividade do pintor) como documenta séries anteriores onde os espaços e as estruturas ou construções arquitecónicas são temas de especulação formal em si mesmos (mas não ensimesmados).
5 A homenagem prestada pelos colegas ao António Bacalhau, que dirigiu a Gal. Palmira Suso e a encerrou para quebrar a rotina (sua e de vários artistas), foi um momento que uniu a "classe" em torno de quem teve um papel importante como impulsionador e director de antigas feiras, presidente da associação das galerias e, em geral, moderador de tensões e batotas entre colegas. Depois de Faria Paulino (MFA e Altamira), que deu um grande passo em frente com a Marca, no Funchal em 1987, e a seguir com os Fóruns em Picoas - e com a cumplicidade de Mário Teixeira da Silva (Módulo) e Luís Serpa (Cómicos) - o Bacalhau foi gerindo mais do que os seus interesses de galerista. Vê-se a falta que faz face à incerteza quanto aos destinos da APGA, sem direcção, e às trapalhadas que vão ocorrendo na selecção das galerias.
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.