Arte Lisboa (catálogo!? - continua a haver atrasos na informação a 3/11)
Bem a propósito - no rescaldo da FIAC -, André Rouillé, director e editorialista do site Paris-Art , vem repetir as diatribes contras as feiras de arte que, entre outras razões, me motivaram a ir acompanhando ao longo dos anos - apoiando e discutindo - as que por cá se realizam (ver textos na categoria "feiras", de 1988 a 2006):
"Uma feira de arte contemporânea é em primeiro lugar uma feira, isto é, um acontecimento comercial. E muito secundariamente um acontecimento artístico. Quem pode afirmar com seriedade que o mercado da arte estimula a arte? (...)"
"une foire d’art contemporain est d’abord une foire, c’est-à-dire un événement commercial. Et très secondairement un événement artistique.
Qui peut en effet sérieusement soutenir que le marché de l’art stimule l’art ? S’il stimule quelque chose, c’est le business et la spéculation sur les œuvres, ou plutôt sur une partie d’entre elles. Ce qui est bien différent de l’art, et à plus d’un titre opposé à l’art dans ses acceptions les plus larges et les plus dynamiques.
Il est évidemment légitime de faire du business avec l’art. Il l’est moins de confondre le marché de l’art avec l’art. Le marché de l’art se déploie en effet largement hors de l’art. Voire contre l’art et la création. La loi du marché ne coïncide pas avec les règles de l’art. Loin s’en faut.
Além de uma lapalissada (uma feira é uma feira - e pois é isso mesmo que deve ser ), é uma tese que precipita inúmeras incompreensões e manipulações. Por aí se insinuam oposições entre feiras e bienais, como se não estivessem todas (e os museus também, sempre em graus diferentes, certo), no mesmo business. Oposições entre circuitos mercantis e circuitos culturais, como se os objectos culturais (mais culturais?, ou mesmo puros?) não circulassem todos no mesmo único mercado - com diferentes sectores, círculos e níveis, é certo. Como se os críticos não estivessem no mercado da arte - no mercado das críticas, dos prefácios, dos press-releases, das curadorias, etc.
Como se não fosse o mercado a razão, a base da chamada autonomia (da independência estética-e-financeira face à academia e à encomenda institucional) adquirida no séc. XIX pelos pintores -- com todas as consequências dessa "autonomia" (da arte pela arte ao modernismo formalista e ao pósmodernismo não-importa-o-quê). Como se a crítica, desde Diderot, não surgisse a sinalizar e a distinguir a oferta livre que surge no mercado.
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