Expresso Cartaz (Actual) de 27-05-2000, pág. 3
A exposição sobre a arte dos anos 1920-60 (Making Choices) inclui obras de René Bertholo e Vieira da Silva
A OCORRÊNCIA de exposições de artistas portugueses no estrangeiro deixou de merecer referência regular, e seria demasiado provinciano acompanhar uma circulação que decorre da normal integração num mercado alargado. Há casos diferentes. É o que sucede com a presença de uma obra de René Bertholo na exposição «Making Choices», o segundo capítulo do projecto com que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) está a proceder a um exaustivo reexame do curso seguido pela arte internacional entre 1880 e o final do século, reavaliando também as suas imensas colecções próprias na perspectiva da futura ampliação das instalações.
«Making Choices» diz respeito ao período entre 1920 e 1960, e René
Bertholo está representado com uma monotipia («Monotype with
typographical ink on paper») datada de 1961, idêntica a duas outras
obras que se encontram expostas na mostra antológica que o Museu de
Serralves lhe dedica até domingo. Identificada como Sem Título (embora
se possa ter intitulado «Ils sont expulsés», conforme se pode ler no
seu bordo inferior), surge referida na respectiva tabela como «gift»
(oferta) de John S. Newbarry - é habitual no mundo anglo-saxónico que
os museus associem os seus mecenas à compra das obras.
O trabalho foi adquirido pelo MoMA no início dos anos 60 a Max Clarac-Sérou, que dirigia a Galerie du Dragon, onde o artista fez a sua primeira exposição em Paris, em 1963, e voltou a expor em 1981. Em Nova Iorque, René Bertholo expôs em 1965 numa mostra de grupo na Lefebre Gallery («Start»), integrando em 1968 uma importante mostra oficial e itinerante de pintura francesa, de 1900 a 1967, apresentada no Metropolitan Museum, também com passagem por Washington, Boston, Chicago e San Francisco.
A monotipia de Bertholo (em que usa um processo de trabalho gráfico de que resulta a impressão de uma prova única) foi incluída numa das secções principais da mostra panorâmica, apresentada sob o título «Seeing Double», comissariada por Peter Galassi, «chief-curator» do Departamento de Fotografia e responsável pela coordenação geral de «Making Choices», com a colaboração de Robert Storr e Anne Umland. Ao lado encontra-se uma pintura de Picabia, da fase das transparências ou representações sobrepostas.
A vasta galeria é dedicada à exploração dos diferentes modos de
visão proporcionados pela cidade moderna, em especial pela
transparência e os reflexos do vidro, e pela aceleração das
deslocações, que correspondem à fragmentação do cubismo e a outras
experiências contemporâneas, divergindo de uma concepção que identifica
o quadro como uma janela transparente pela qual se vêem sem obstrução
as coisas do mundo tangível.
O exercício interpretativo valoriza a
arquitectura de Mies van der Rohe, na qual o vidro é uma pele que
revela a respectiva estrutura racional, tomando-o como um pólo ideal de
perfeita claridade e racionalidade, o qual se exemplifica depois com a
escultura de Sol LeWitt e Anthony Caro, por exemplo. Num outro pólo
oposto é apontado Atget, cujas fotografias de montras parisienses
inscrevem sobreposições de vistas interiores e exteriores; Lee
Friedlander interessou-se também pelos reflexos das janelas, e as
justaposições e sobreposições marcam igualmente o trabalho de
Rauschenberg e Sigmar Polke. As grelhas de imagens repetidas de Ray
Metzker, as múltiplas exposições de Harry Callaham, os labirintos
picturais de Pollock podem inscrever-se na mesma pista.
É o que também acontece com os trabalhos dos inícios dos anos 60 de René Bertholo, onde o desenho, que surge como emaranhado de linhas (garatujas), figuras miniaturais (caras reconhecíveis e objectos não identificáveis), esquemas gráficos (notações geométricas, cortes axiais) e escrita (legível ou não), é um depósito sem princípio nem fim de gestos, referências e ideias, num espalhamento livre para lá da oposição entre abstracção e figuração, que iria evoluir para as suas posteriores acumulações de imagens. Sabendo-se que após o regresso a Portugal, no início dos anos 80, a obra de Bertholo não contou com qualquer dinâmica de projecção internacional, a escolha da sua obra surge como um reconhecimento independente e espontâneo da relevância do seu trabalho.
Além de Bertholo, só Vieira da Silva está presente com uma tela, A Cidade, de 1950-51, numa outra mostra sectorial intitulada «Salão Paris» e referente à produção do segundo pós-guerra, na companhia de Giacometti, Soulages, Braque, Vasarely, Manessier, Dubuffet, Wols, de Stael e outros.
Senhores,
Adquiri recentemente em um antiquário, na Cidade de Luziânia-GO uma tela assinada por um artista, parece-me ser Bértholo.
Na tela , mais a direita temos Jesus e a sua frente um homem de joelhos, camisa branca e calça azul, acompanhado por um senhor que me parece dedicar-lhe todo cuidado. Ao lado direito da obra vemos alguns homens sentados.
Já do lado esquerdo da tela vemos várias pessoas, algumas identificáveis, outras não, contudo, em todas uma forte expressão de encanto e admiração, fiquei impressionado.
Tudo isso se dá em ambiente de pouca luz, ao fundo vemos uma escadaria, alguém sentado na escada, outro vulto descendo pela mesma escada, parecendo-me muito apressado.
As paredes desse ambiente são portentosas, cinco ou seis colunas.
Segundo quem me vendeu, esse quadro foi adquirido a muito tempo de uma senhora Portuguesa, residente no Brasil.
Trata-se de uma obra visivelmente muito antiga, chamando-me atenção inclusive a forma de travamento da moldura.
Vi este quadro em duas oportunidades, depois sonhei que deveria comprás-lo, o que fiz.
Caso possam me dar alguma informação sobre esta obra, agradecerei muito.
Cordialmente,
Maurício Roney Roriz Borges
Posted by: Maurício Roney Roriz Borges | 06/22/2008 at 00:36