Eu queria ir ver as fotografias da Catarina Botelho, mas já que elas apareciam integradas no BES Revelação deveria tb ver os outros dois trabalhos (?) associados. Ora a Casa de Serralves é um espaço muito disponível para alugueres, o que acontece cada vez mais com os museus e equiparados, desde que estes se foram afastando do seu destino tradicional e passaram a competir no mercado dos lazeres.
Noutros sítios respeitáveis há às vezes alguns condicionalismos de horários, mas não se sacrifica muito visivelmente a seriedade do lugar. Um dos meus mais memoráveis jantares foi no Museu de São Francisco (cujas colecções permaneciam noite fora visitáveis na companhia ou sob a vigilância de dedicadas voluntárias); já durante três dias de colóquios no Thyssen, há um ano, havia uma desagradável obrigação de dispersão acelerada dos participantes à hora em que entravam as mobílias para o átrio, mas os programas eram respeitados.
Em Serralves passaram-se. Nunca se sabe se desfizeram as exposições para
apresentações de carros ou festas de anos. Lembro-me que alguém só à 3ª
tentativa, vindo de Lisboa, conseguiu ver a exp. da Ana Jotta. Agora
tinha havido um aviso - no balcão da bilheteira - a dizer que a Casa encerrava por inteiro na 5ª feira e
parcialmente na 6ª e do sáb., reabrindo domingo. Voltei hoje, domingo,
atrasando o regresso a casa. Mas nas galerias do piso térreo montavam
uma espécie de palco (seria natal dos hospitais ou baptizado?)
Só pude ver as obras da Catarina Botelho, instaladas no piso superior, e devo dizer que o espaço doméstico de Serralves é um lugar acertado para surpreender a privacidade de situações fotografadas com uma ambiguidade pictural das poses e das luzes que parece remeter directamente para a afirmação pública da intimidade pelos artistas independentes da 2ª metade do séc. XIX, com a inovadora continuidade de Bonnard... E que ao mesmo tempo "questiona" ou desconstrói as práticas fotográficas que se identificaram com a afirmação da encenação e da artificialidades das situações, etc, como se isso fosse alguma novidade face à história da fotografia.
Bastou-me ver as fotografias admiráveis de Catarina Botelho, mas devia ter pedido o livro de reclamações. Ou talvez devesse fazer uma queixa à ASAE.
O BES sabe que tiram e põem as fotografias (e as batatas?) para vender umas salas a retalho? Os artistas ou candidatos a tal não reclamam? Não vão lá buscar as obras?
Há coisas que a gente já não discute - por exemplo, os trastes que a brasileira deixou a um viúvo bem relacionado. Mas há outras que chateiam.
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Consulte-se no site de Serralves a página ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS e em especial ESPAÇOS > CASA, onde os espaços de exposição (monta ou desmonta / abre ou encerra?) são anunciados. Assim, por exemplo:
"SALA JANTAR – Localizada no R/c da Casa de Serralves, a antiga Sala de Jantar, dispõe de uma vista privilegiada e de saída independente para o Parterre Central do Parque de Serralves. Com capacidade máxima entre 50 e 60 pessoas, torna-se um espaço ideal para receber almoços, jantares, reuniões, pequenos seminários e congressos."
É o marketing quem mais manda?
aconteceu-me o mesmo neste passado domingo (dia 16). depois de ler este post, fui ao site e não vi nenhuma actividade marcada para a casa de serralves (ou então fui eu que não vi onde estava). cheguei lá no domingo e "ahh está fechada, para um evento". perguntei o porquê de não anunciarem antecipadamente "costumámos colocar no site com dois dias de antecedência"... "mas se quiser reclamar, esteja à vontade!" (também não reclamei).
e sim, parece-me que é o marketing (€€) quem mais manda!
Posted by: neftos | 12/17/2007 at 13:08