Não me apetece distribuir palpites por várias áreas, não por acreditar na especialização, mas por questões de gestão do tempo (não escrevo sobre o joelho). Mas é-me impossível não protestar contra a deriva croniqueira do António Barreto no Público de hoje, dia 6:
"Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei." Etc...
Eu sei que a concorrência é muita e que o mercado das crónicas vive de uma espécie de corrida de excessos verbais, em que o que importa é ser mais hostil, mais derrotista que o parceiro. Para mais, os blogs e a desresponsabilização que permite a denúncia rápida e anónima são uma grande pressão sobre os comentadores com banca periódica.
AB sabe que emprega a palavra fascista sem propriedade. A sua série sobre Portugal ("um retrato social") foi um dos acontecimentos de 2007 e mostrou que existem outras formas de intervir mais eficazes do que o comentário político caricatural, em competição com a irresponsabilidade crítica do Vasco Pulido Valente e do Sousa Tavares. "Falta de reacção dos cidadãos?" - escreve ele. Cá estou a reagir, com pena, porque o leio desde a revista "Polémica" e vamos tendo outras causas comuns: mas esta leviandade analítica em estilo profeta da desgraça parece de um coro de marretas (estou-me a lembrar da espantosa capa do anterior Expresso...). Julgo que o país segue por outros lados.
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