Abriu ontem e as fotografias são muito precárias. Isto não é uma campanha (as coisas não são a preto e branco), mas o "Museu 111", a Colecção Manuel de Brito, tem uma presença muito significativa no panorama actual das artes, da informação e da memória das artes. Além do mais, não é uma chatice, pelo contrário.
CONTINUADO NO DIA 10
É por enquanto (?) mais uma colecção, um centro de arte, do que um museu - não tem a ambição ou a pretensão, ou presunção, de oferecer um panorama exaustivo, uma "lição de história" - a história que conta é a de uma aventura galerística que teve o seu próprio peso histórico, é a história de um gosto próprio, individualizado, e de circunstanciais relacionamentos, afinidades, desafios, apostas. Mas passa por ali uma visão original do curso da arte portuguesa - não se trata de ilustrar tendências ou estilos, não se trata de traduzir em português as novidades lá de fora, de importar informações ou sucessos. Essa diferença tornará a "história" menos reconhecível pelas cabeças formatadas por maus manuais, mas é essa a sua qualidade - ser original e fazer reflectir, além de proporcionar em muitos momentos (diferentes para cada qual) uma grande satisfação.
Carlos Carreiro, uma boa surpresa, tal como Henrique Ruivo: para sair da rotina
Ainda não existe um catálogo - há tempo à frente para inventariar a colecção e fazer a sua história (mas poderia haver com vantagem alguma documentação disponível). Felizmente, não se propõem condicionamentos de leitura, categorias e teorias arrevesadas, ou pernósticas - esta é uma referência ao Chiado.
Não uma colecção "escolar", académica", mas um acervo vivido, uma aposta selectiva. É claro que há artistas que não estão representados aqui pelas suas obras mais significativas, mas estão com as que existem. Estes não são os anos 70 ditos experimentais (há outras obras na colecção, e muitos papéis), nem aqui comparecem as afirmações ditas conceptuais. O "circa 68" aqui é outro, e ver-se-á qual é o mais duradouro: convém haver diversidade de discursos em vez de uma uniformidade academicamente seguidista e em geral pouco dotada de aptidões visuais.
René Bertholo e Júlio Pomar
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