A Arte Periférica foi afastada do Arco em 2006 por ser uma galeria independente e por ter êxito (êxito comercial e tb crítico, por vezes e por parte de alguns críticos). Em 2005 tivera o despudor de apresentar duas vastas individuais de jovens artistas cuja carreira se faz à margem da tutela clientelar de comissários e museus. Imperdoável. Também não cumpria as regras de dependência que obrigam à vassalagem perante uma qualquer galeria de "topo" que lhe impõe a representação de algumas figuras mais ou menos secundárias. Um mau exemplo que tinha de ser extirpado
Expresso Actual de 28-01-2006
"Arco de Madrid com selecção controversa"
Participam 15 galerias portuguesas e a Arte Periférica está ausente da feira
Voltam a ser 15 como em 2005, mas com três novos nomes, as galerias portuguesas na feira Arco que decorrerá de 8 a 13 de Fevereiro, este ano com a Áustria como país convidado. Uma outra galeria, a António Prates, comparecerá numa feira concorrente, a Art Madrid, que vai reunir no Pavilhão de Cristal da Casa de Campo, em simultâneo, 51 galerias espanholas e estrangeiras.
Estarão presentes pela primeira vez na Arco as galerias 24b, de Oeiras, a Fonseca Macedo, de Ponta Delgada, e também a Plumba, do Porto, que comparece apenas na secção «Cityscapes», enquanto se repetem as participações da 111, Carlos Carvalho (ex-Ara), Cristina Guerra, Jorge Shirley, Lisboa 20, Mário Sequeira, Pedro Cera, Presença, Quadrado Azul e também Filomena Soares, Graça Brandão e Pedro Oliveira, que têm duplas presenças nos programas comissariados. Verificam-se assim as ausências, este ano, da Porta 33, do Funchal, a atravessar uma difícil situação financeira devido à interrupção de subvenções; da Bores & Mallo, com origem em Cáceres e que manteve em Lisboa um espaço pouco mais do que fictício (uma montra raramente aberta ao público), e, em especial, da Arte Periférica, cuja candidatura foi colocada em «lista de espera» pelo comité organizativo da feira madrilena.
Presente desde 1993 (era a segunda presença regular mais longa entre as galerias portuguesas), sempre com espaços de grande dimensão (um dos maiores stands do Arco em 2004, com 158 metros quadrados; e mais de 100 m2 em 2005), várias vezes destacada por jornais espanhóis, mantendo um programa coerente de apresentação de jovens artistas portugueses e espanhóis, às vezes com desequilíbrios naturais de qualidade, mas que foi particularmente bem sucedido no último ano com a exibição de duas mostras individuais de Nuno Viegas e Paulo Damião, a exclusão da Arte Periférica em 2006 é obviamente um escândalo. Ainda mais notório por Pedro Reigadas (que dirige a galeria com Anabela Antunes) ser também o presidente da Associação Portuguesa das Galerias de Arte, agora já em fim de mandato enquanto se aguardam novas eleições.
Pedro Oliveira, membro do comité organizativo, declarou ao EXPRESSO que «a renovação das galerias na Arco se faz sempre em detrimento de alguém», para a feira «não cristalizar», e que «havia galerias jovens a querer entrar». Acrescenta que o seu papel tem sido o de «aguentar a cota das galerias portuguesas», mas também que a Arte Periférica «estava para sair há muitos anos», por existirem reservas quanto à sua programação. Acrescentou que foi «pura coincidência» o facto de a exclusão ter acontecido no momento em que a organização da Arte Lisboa atravessou um momento de ruptura marcado pela sua própria recusa de participação, com outras galerias que tentavam então realizar uma feira paralela num hotel do Parque das Nações.
Para Pedro Reigadas, foi por efeito dessa movimentação, e por «pura vingança» que foi afastado da Arco. Rosina Baeza, que este ano põe fim a 20 anos de direcção da Arco, justificou a ausência, «com o coração partido», durante um almoço de apresentação da Arco, em Lisboa, em que estiveram representadas todas as instituições do sector, invocando os processos de pontuação das galerias e a necessidade de seleccionar as admissões segundo «os programas que nos interessam mais». A natureza desses programas são sempre objecto de controvérsia.
Entretanto, estão ainda por pagar os subsídios do Ministério da Cultura à deslocação das galerias ao Arco de 2005, que a anterior titular prometeu satisfazer com verbas do PIDDAC.
Expresso Actual de 04-02-2006
"Madrid, a Áustria e o resto"
O «Carro Gordo», de Erwin Wurm, 2002
A Áustria é este ano o país convidado da feira Arco de Madrid e, além das 22 galerias presentes, distribui um largo panorama nacional pelas instituições da cidade. Na galeria municipal Alcalá 31 apresentam-se Arnulf Rainer e Diether Roth, com obras em colaboração e individuais, sob comissariado de Robert Fleck (Serralves já apresentou ambos os artistas, o segundo, suíço, em parceria com Richard Hamilton), enquanto de Erwin Wurm, também bem conhecido, se expõe uma selecção de obras dos últimos 15 anos, sob o título «O Idiota», na sala do Canal Isabel II, e Heimo Zobernig tem uma individual na Galeria Juana de Aizpuru. O novo design mostra-se na Fundação Canal e a fotografia no Círculo de Belas Artes, onde estarão também as intervenções na natureza do alemão Nils-Udo (que já se conheceram em Coimbra em 1987). O Museu Reina Sofia apresenta uma vídeo-instalação do cineasta experimental Harun Farocki, e no Centro Conde Duque apresenta-se «Postmedia Condition», um panorama dos anos 70 à actualidade.
No programa das exposições madrilenas que se oferecem em simultâneo com a feira, o destaque pode ir para a retrospectiva do expressionista, dadaísta e realista Otto Dix (1891-1969) exibida pela Fundação Juan March (10 Fev.-14 Março). Na Fundação «La Caixa» apresenta-se «Mundos Interiores al Descubierto», dedicada à análise dos possíveis paralelismos entre as obras de alguns modernos, como Egon Schiele, Klee, Max Ernst, Miró ou Tàpies, e artistas autodidactas, «outsiders», marginais ou doentes mentais, como Adol Wölfi, Henry Darger, Madge Gill e Sava Sekulic. Um tema que já fora abordado no Reina Sofia, em 1993, na exposição de Maurice Tuchman e Carol S. Eliel «Visiones Paralelas», vinda do Los Angeles County Museum of Art. A mostra actual (até 9 Abril) foi organizada por Jon Thompson, da Goldsmith School, e irá depois para a Whitechapel de Londres e para Dublin.
Henry Darger (1892-1973), sem título (As Meninas Vivian nos Reinos do Irreal)
Na Fundação Mapfre Vida, outra das grandes galerias de Madrid, estão (até 20 Março) desenhos franceses da colecção do Museu de Arte e História de Genève, «Francia Clásica y Moderna». Iniciando-se no século XVII por Poussin e o seu círculo, com Claude Lorrain e Philippe de Champaigne, prossegue com Boucher e Watteau e chega ao século XIX com núcleos dedicados a Ingres e Delacroix, a que se seguem Daumier, Constantin Guys, Corot e Puvis de Chavannes, até Pissaro e Cézanne, Signac, Bonnard e Derain. Entretanto, uma retrospectiva da arquitectura e do design de Marcel Breuer, um dos mestres da Bauhaus, pode ver-se no Museu Colecciones Ico, e o Museu Thyssen vai apresentar «Vanguardas Russas», mas só a partir do dia 14. Noutro âmbito, a exposição de maior êxito é «Faraón», no Centro de Arte do Canal Isabel II (Pl. Castilla, até 14 Maio), com 120 obras milenares do Museu do Cairo que já passaram por Paris e Veneza.
Outras exposições têm um particular interesse nacional. Pedro Calapez estará na Academia de San Fernando/Calcografia Nacional com as obras distinguidas pelo Prémio Nacional de Arte Gráfica de 2005 (Prémio de Inovação), enquanto João Tabarra expõe no Círculos de Belas Artes a série «Promenades au Desastre», no âmbito do ciclo «Lusitânia» comissariado por Steve Penelas, que incluirá depois Rui Calçada Bastos e Miguel Palma.
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Na Arco':
José Pedro Vale, Pedro Casqueiro e Helena Almeida na Gal. Filomena Soares
A Pop chinesa
X artista e obra na Gal. Plumba, do Porto
Ana
Fachada de Jean Nouvel para o hotel oficial do Arco
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