Quando a lista dos nomeados se soube, tinha escrito: ( Prémio BES Photo 2008 )
"Não foram seleccionados para a próxima edição do concurso BES Photo
os seguintes fotógrafos que realizaram as melhores exposições
individuais em galerias de Lisboa durante o período considerado pelo
regulamento:
Brígida Mendes, Módulo (Dez. 2006/Jan. 2007)
Edgar Martins, "Aproximações", Gal. Graça Brandão (Jan./Mar.)
Patrícia Almeida, "Locacions", KGaleria (Fev./Mar.)
Paulo Pascoal, "Compasso", Baginski (Mar./Abril)
Margarida Correia, "Things", Gal. 111 (Maio/Jun.).
Referi ainda o José Carlos Teixeira, "Geografia e outras etnografias", Fundação Carmona e Costa, (Maio/Julho)
e certamente deveria/poderia incluir outros como o Duarte* Amaral Netto (Módulo), o José Pedro Cortes (Gal. Jorge Shirley - e por estes dias, até 24, com mais uma interessante mostra na Art Form, nas Arcada do Estoril), e talvez André Cepeda, Pedro Letria, Duarte Bello e muitos mais**. (*agradeço as correcções - **e acrescento a Luisa Ferreira que não devia ficar esquecida num vago muitos mais**)
José Pedro Cortes, fotografia exposta na Art Form, Estoril (há um ano mostrou "Like an empty yard" na Gal. Jorge Shirley)
Aqueles não.
(E havia ainda alguém chamado Luisa Cunha, que teve a lucidez de recusar o convite em mais um episódio trapalhão do BES Photo. Ficaram só três. )
Agora que fui ver a exp. dos nomeados, há que dizer que se bateu no fundo. O silêncio seria mais confortável, mas é uma questão de responsabilidade, pessoal e cívica, para ser eloquente. O que foram defeitos iniciais do BES Photo (presença no júri de selecção dos programadores dos artistas nomeados, junção de veteranos e novos) e outros defeitos não corrigidos (amálgama de fotógrafos-artistas com artistas que se servem da fotografia, velha e difícil questão que se deve usar com prudência; sucessivas recusas de participação) deu lugar à ausência de justificação para as nomeações e, por consequência, uma confrangedora inanidade. Até agora não saía uma notícia do prémio, mesmo no Público, sem se fazer eco de polémicas; a situação passou a seguir a ser mais desconfortável para todos e mudou-se da informação para a promoção. (Entretanto, no "Ypsilon" de ontem (04/04/2008), Luisa Soares de Oliveira dava as suas razões de desagrado.)
Eurico Lino do Vale começara bem com os "Retratos de Alfama", parte de "Lisboa anos 90", em 1999, mas a exp. de túmulos de reis (Gal. Carlos Carvalho) que foi apontada para a escolha era decepcionante. O que vi de Daniel Malhão (CCB, Vera Cortês) nunca passou de provas escolares (é disso que alguns professores gostam, coitados) e só Miguel Soares (exp. na Gal. Graça Brandão) continuava a sustentar o interesse pela curiosidade irrequieta do seu trabalho sempre híbrido e móvel (do design escultórico às vídeomanipulações). Se a selecção deixava afrontosamente de fora o melhor (soube de argumentos impróprios, como as alegações de que alguns se teriam candidatado ao BES Revelação - ou tinham ainda poucos anos de trabalho e próximas oportunidades), as candidaturas aí estão para comprovar que a situação se tornou indefensável.
Só Miguel Soares dá um uso imaginativo à fotografia , para além de ser despretencioso e bem humorado que são qualidades a ter em conta no chatíssimo mundo das artes. Se o júri não tiver o bom senso ou a coragem de recusar a premiação..., seria ele, Miguel Soares, a solução menos gravosa*. Não é essa que consta desde início... O prémio será anunciado dia 7 : site oficial
*Foi Miguel Soares o vencedor, ainda bem. Antes um trabalho modesto que projectos pretenciosos e vazios. O uso do Photoshop é simplista? Melhor assim, já que isso se percebe sem equívocos - outros fazem melhor fotografia, mas não é disso que trata o BesPhoto. Miguel Soares é um artista, um professor-designer-artista e enquanto fotógrafo é um curioso, um amador. Ainda bem que foi o premiado porque assim não há margem para logros. Era o mais interessante do grupo, sem dúvida, mas fotografia é outra coisa (sem pensar que a fotografia tem uma definição fechada).
Para o ano as coisas melhoram? Para este passar a ser um Prémio de Fotografia o BES vai ter de repensar o que quer e com quem anda. Mas continuarei de fora... (08-04-2008)
O PÚBLICO PEGOU ONTEM (11/04/2008) NA POLÉMICA DO PRÉMIO... vou ler
Miguel Soares, "Liine 04" (Lambda Print, 50x51.6cm. Gal Graça Brandão)
Anunciado para o próximo PhotoEspaña, este conjunto de obras, ou assim chamadas, não apresenta ou representa a melhor fotografia que se faz em Portugal mas expõe a mediocridade de uma rede de interesses crítico-administrativos que tem por hábito escolher o pior, travar o que aparece de livre e prometedor, fazer o deserto à sua volta. (Não vou ver agora a lista dos jurados, mas estava lá alguém de quem gosto muito - é pena; ter-se-á deixado enganar...)
O Museu Colecção Berardo, que é parceiro deste prémio, ganharia em exibir alguma distância face às dependências que regulam o meio das artes em Lisboa. Percebe-se que lhe convinha no início, face à hostilidade de alguns, desbloquear as posições entrincheiradas (mas as cedências não são o melhor caminho). Pode admitir-se que era tacticamente favorável acolher a representação da Bienal de Veneza, apesar de desastrosa (aqui é a obra ou a artista que parasita uma notável criação de Jean Prouvé e uma grande história africana). Mas ou consegue mostrar-se diferente dos outros, ou tudo voltará à mesma indiferença anterior. É certo que lá está ao mesmo tempo o Gérard Bloncourt, mas não basta esse "jeu d'esprit.
Outras misérias fotográficas expostas no CCB:
Gérald Blancourt, portugueses num bidonville dos subúrbios de Paris, 1964. No CCB até 18 de Maio
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Sobre as anteriores edições fui-me abstendo de escrever mais do que isto:
1. 2004
"Novo prémio de fotografia"
Quatro artistas nomeados para a 1ª edição do BESPhoto
Expresso Actual de 18-09-2004
A primeira edição do BESPhoto, prémio anual de fotografia instituído pelo Banco Espírito Santo em colaboração com o Centro Cultural de Belém, vai decorrer em Janeiro de 2005, com a organização de uma exposição em que participarão os artistas e fotógrafos Helena Almeida, João Tabarra, Nuno Cera e Vítor Pomar. O prémio tem o valor de 15 mil euros.
Os quatro artistas foram designados por um júri de selecção constituído por Emília Tavares (do Museu do Chiado), João Fernandes (director do Museu de Serralves), Sérgio Mah (director da bienal LisboaPhoto), Delfim Sardo (CCB) e Alexandra Pinto (BES), a partir de uma escolha entre as exposições de fotografia da anterior temporada (2003/2004). A «short list» valorizou exposições que se realizaram, respectivamente, no CCB, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, na Galeria António Henriques, de Viseu, e em Serralves. Um segundo júri de premiação será constituído por Luísa Costa Dias (directora do Arquivo Fotográfico de Lisboa), Régis Durand (director da Galerie du Jeu de Paume, Paris), Rosa Olivares (directora da revista «Exit», de Madrid), Delfim Sardo e Alexandra Pinto.
A criação do prémio de fotografia por parte do Banco integra-se num programa denominado «Realizar Mais» que agrega as iniciativas de índole mecenática, dirigindo-as em especial para os sectores do desporto e da cultura, neste caso com a decisão estratégica de concentrar os investimentos na área da fotografia.
A partir de Março deste ano o BES passou a designar-se como «Mecenas da Fotografia em Portugal» e já patrocinou eventos como o 4º Prémio Visão Fotojornalismo, a exposição de Helena Almeida no CCB («Pés no Chão, Cabeça no Céu») e as mostras temáticas associadas ao Euro 2004 «Uma Cidade de Futebol», em Lisboa, e «Em Jogo/On Side», em Coimbra.Entre os outros projectos nesta área destaca-se a preparação de uma exposição que reunirá uma selecção das imagens realizadas em Portugal por fotógrafos da agência Magnum desde os anos 50, completada por encomendas passadas a Josef Koudelka, Miguel Rio Branco e Susan Meiselas, a apresentar no próximo Verão também no CCB.
O Prémio BESPhoto vem juntar-se ao Prémio Nacional de Fotografia instituído pelo Centro Português de Fotografia, do Ministério da Cultura, com o mesmo valor monetário (pago por receitas próprias). Com carácter de prémio de carreira e periodicidade bienal, foi atribuído em 1999 a Victor Palla e em 2001 a Fernando Lemos, aguardando-se disponibilidades orçamentais para que possa ter continuidade.
<Foi premiada Helena Almeida>
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2. 2005
"Prémio BES escolhe fotógrafos"
Exposição em Janeiro <Paulo Nozolino e Pedro Paiva/João Maria Gusmão recusaram as nomeações>
Expresso Actual 30-07-2005
A segunda edição do Prémio BESPhoto, instituído pelo Banco Espírito Santo em parceria com o CCB, vai ter como concorrentes António Júlio Duarte, José Luís Neto, José Maçãs de Carvalho e Paulo Catrica. Os quatro fotógrafos vão receber 3.500 euros cada um destinados a produção de obras, tendo o prémio final, a atribuir por um júri internacional, o valor de 15 mil euros.
O júri de selecção, constituído por David Barro, Margarida Medeiros, Miguel Amado, Miguel von Hafe Pérez e Sandra Vieira Jürgens, fez a sua escolha entre as exposições realizadas em 2004/05. António Júlio Duarte foi nomeado pela mostra «We Can’t Go Home Again», na Módulo, «na qual as vivências do quotidiano e o imaginário de viagem atingiram uma maturidade assinalável», segundo a acta. J. Luís Neto, pela exposição «Anónimo», ainda patente no Museu de Arte Antiga, incluída na LisboaPhoto, «que reflecte a continuidade da sua pesquisa em torno da fotografia, dos seus limites e possibilidades». Maçãs de Carvalho, pela participação em «Imagens Privadas», na Plataforma Revólver, também associada à LisboaPhoto, «na qual é visível a sua continuada preocupação com o carácter do fotográfico, entre documento e ficção». Por último, Paulo Catrica, por «Uma Cidade de Futebol» (Cordoaria) e «4 Linhas/4 Olhares» (Museu da Imagem, Braga), «tendo em conta a forma como responde positivamente a contextos e situações específicas, com rigor no levantamento de paisagens sociais e urbanas contemporâneas».
Face à edição anterior, que reuniu Helena Almeida (vencedora), João Tabarra, Vítor Pomar e Nuno Cera, trata-se duma escolha mais homogénea e mais atenta à singularidade da fotografia nas suas diversas direcções actuais. Em 2004, a selecção seguira uma tendência para a diluição da fotografia na arte contemporânea, a qual, no entanto, se pretende «pós-‘media’», isto é, indiferente aos meios ou materiais utilizados.
O júri começou por incluir na sua escolha Paulo Nozolino e Pedro Paiva/João Maria Gusmão, mas eles recusaram as nomeações. Nozolino, que mostrou uma retrospectiva em Serralves, tem uma carreira já pouco compatível com este modelo de concurso; a dupla de artistas venceu no final de 2004 o Prémio EDP Novos Artistas.
<Foi premiado José Luís Neto>
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3. 2006
"Júri do BES Photo fez nomeações"
Está por confirmar a anterior parceria com o CCB
Expresso Actual 22-07-2006
Augusto Alves da Silva, Daniel Blaufuks, Susanne Themlitz e Vasco Araújo são os nomeados para a terceira edição do Prémio BES Photo. Os dois primeiros são fotógrafos e cineastas, e os restantes artistas plásticos que se servem da fotografia entre outros media, com mais realce para a instalação.
A exposição do concurso deverá realizar-se no CCB em Janeiro, mas, como o decreto que permitirá reorientar o módulo de exposições para acolher o Museu Berardo não foi ainda assinado pelo Presidente da República, não sendo por isso possível nomear o futuro director, a continuidade da parceria entre o BES e o CCB está por confirmar.
O prémio final, que nas edições anteriores coube a Helena Almeida e José Luís Neto, tem o valor de 15 mil euros, e cada um dos nomeados recebe um subsídio de produção de 3500 euros. O júri responsável pelas nomeações foi formado por Filipa Oliveira e, a título pessoal, Filipa Valadares (Fundação Foto Colectania), Jürgen Bock (Escola Maumaus), Lúcia Marques (Instituto das Artes), Maria do Carmo Serén (Centro Português de Fotografia), prevendo-se a formação de um júri internacional para a fase seguinte.
<Daniel Baufuks viria a ser premiado>
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O Prémio BES PHOTO é um caso de mecenato cultural mal sucedido. É pena, as intenções seriam as melhores, mas têm sido mal aconselhados. O caso do Prémio Visão/BES parece ser diferente, mas conheço mal os círculos do fotojornalismo.
Não quero deixá-lo de felicitar por este artigo. Já me manifestei (no mesmo sentido) em vários locais, por achar que este prémio BES"Photo" tem pouco...de "photo". A sempre presente questão de fotógrafo vs "artista plástico que usa a fotografia como forma de expressão" parece ter um "vencedor", pelo menos nestes eventos, o que muito me entristece. Parabéns pela pedrada no charco...
Posted by: Mário Nogueira | 04/06/2008 at 16:05
O seu blog tornar-se-ia mais interessante se houvesse uma análise critica constructiva da parte do seu autor focando-se nas obras dos autores que refere. Ou será que não sabe analisar e por isso perde tempo em comentários que ajudam à proliferação do lixo verbal inutil? A politica que julga saber que está por trás das decisões é sempre no seu ver uma "rede de interesses crítico-administrativos que tem por hábito escolher o pior, travar o que aparece de livre e prometedor, fazer o deserto à sua volta".
O exercicio da palavra deveria ser usado por si mas com menos raivinha e com mais conhecimento de causa. Se não está por dentro e garanto-lhe que não está então cale-se e não diga asneiras.
contribua para um país mais contructivo e menos redutor na sua analise.
Mesmo assim tenho a esperança de poder responder um dia a uma critica veradeira com conhecimento real das obras dos artistas e de meio que os move.
não dê asas à sua imaginação poi ela é muito feia.
Posted by: incognito | 04/09/2008 at 00:28
Só lamento que na selecção sejam sempre exposições realizadas em Lisboa, ou então, no Porto em Serralves. Parece que vir ao Porto dá muito trabalho. Será que o TGV vai ajudar?
O país continua a viver demasiado centralista...
Posted by: carlos lobo | 04/09/2008 at 00:40
BESPhoto é uma anedota, basta passear um pouco em alguns grupos do Flickr que se obtêm fotografias dignas desse nome,e a algumas bem Portuguesas.Como diria a minha avó juízo meu senhores juízo!
Posted by: pedro | 04/18/2008 at 06:31
Sobre Eurico Lino do Vale (edição de 2008) tinha antes escrito o seguinte parágrafo: "continua visitável a contribuição de Eurico Lino do Vale para o mesmo projecto, constituída por retratos dos habitantes de Alfama, que se mostram no coração do bairro (Convento do Salvador - Centro Magalhães Lima), em instalações remodeladas para o efeito. O lugar não é um mero cenário aliciante: constitui o culminar de um projecto que reequaciona a prática do retrato como cruzamento entre cumplicidades condicionais e intenções diferenciadas. O direito à imagem própria e o desejo de construir a imagem pessoal, a privacidade e a exposição pública, a questão da autoria do retrato e a da sua publicidade atravessam este trabalho como um processo experiencialmente vivido e partilhado." LISBOA ANOS 90 - IMAGENS DE ARQUIVO (22-01-2000)
Posted by: Alexandre Pomar | 01/14/2022 at 19:17