António Quadros, sem titulo, 1959, diam. 38,5 cm, barro vermelho com engobes e vidrado transparente. Fábrica Secla, Caldas da Rainha. (col. particular - in António Quadros, O Sinaleiro das Pombas, Porto 2001/Árvore. Pág.138)
ver: http://dn.sapo.pt/2008/06/20/dnbolsa/o_da_ultima_grande_fabrica.html
"Artes do fogo"
Expresso/Actual de 30-12-1999
ESTÚDIO SECLA
Museu Nacional do Azulejo (Até Abril de 2000)
Exposição e catálogo (8500$00!) são um contributo monográfico para a revisão da importância atribuída na década de 50 à cerâmica moderna, e teria sido oportuno integrar desde logo a informação sobre o Estúdio Secla num quadro mais alargado. No contexto do pós-guerra tem curso uma atitude particularmente optimista quanto à conjugação das artes plásticas com a arquitectura, que se prolonga em vários domínios da decoração doméstica, cumprindo ideais de democratização ao mesmo tempo que se exploravam áreas de um possível consumo menos restrito que o mercado da pintura. Neste último aspecto, poder-se-á certamente observar que a generalização da gravura como múltiplo acessível, com a criação da cooperativa Gravura, em 56, viria em grande medida substituir a prática anterior da cerâmica artística.
A actividade de Picasso em Vallauris, desde 46, é um estímulo reconhecido, mas, antes da consolidação dos formalismos estéticos, também ao longo dos anos 50, o trânsito entre as artes maiores e as produções decorativas era uma condição habitual da formação e da prática artística. As Exposições de Cerâmica Moderna promovidas pelo Secretariado Nacional de Informação, desde 1950, até à integração da cerâmica, em 59, nas Exposições dos Novíssimos, também levadas a cabo pelo SNI; a sua inclusão nas Exposições Gerais de Artes Plásticas (EGAP), na SNBA, ao lado, nomeadamente, da arquitectura e da fotografia, por parte de outros artistas que recusavam a colaboração com o SNI, são elementos significativos do interesse que então lhe era atribuído. As exposições da Galeria de Março, dirigida por J.-A. França, acolhendo em 1953, em separado, a cerâmica de Hansi Stäel e de Júlio Pomar (o qual, aliás, já expusera cerâmica em anteriores mostras individuais de 1950 e 1951), são outros sintomas.
Nota-se, entretanto, alguma falta de coordenação da investigação quando numa cronologia final se atribui a Pomar a apresentação de peças produzidas na Secla na 5ª EGAP, de 50, enquanto na respectiva entrada do catálogo se localiza a sua colaboração com a fábrica em 1955 e 56, e, noutra passagem, Paulo Henriques situa em 1953 e 54 o mesmo período de actividade de Júlio Pomar e Alice Jorge no Estúdio Secla.
Comissariada por Helena Gonçalves Pinto, a exposição destaca a actividade de Hansi Stäel, de origem húngara, que começou a colaborar com a Secla em 1950, ao mesmo tempo que se associava ao escultor e ceramista alemão Hein Semke. Thomaz de Mello (Tom), pioneiro do design nacional, é outra presença saliente, tal como o escultor José Aurélio, que dirigiu o sector artístico da Secla entre 1958 e 1966. António Quadros colaborou com o Estúdio no início da sua carreira (59-60), mostrando-se uma linha de produção corrente denominada de «preto e verde», pratos decorativos em que usou a sua figuração fantasista e ainda outras peças que revelam interesse pelos barristas populares. José Santa-Bárbara colaborou em 1962-64, numa direcção de design que não veio a ser explorada, e a actividade de Jorge Vieira e Santiago Areal é referida mas não exemplificada. Júlio Pomar e Alice Jorge estão representados apenas por duas peças cada um, certamente por limitações da pesquisa de obras.
Mais extensas são as representações de ceramistas como Luís Ferreira da Silva e Herculano Elias, longamente associados à produção fabril da Secla.
Viva!
como sua atenta leitora venho convidá-lo a observar as obras de Antonio Quadros que exponho na minha galeria a partir de dia 30-06-2010, em Bragança!!
http://historia-e-arte.blogspot.com/
com os melhores cumprimentos
emilia nogueiro
Posted by: emilia nogueiro | 06/22/2010 at 17:10
Faço notar que a 5 ª MEF não foi em 1950. E que nesse ano (1950) teve lugar a 13ª MEF (Óbidos e Caldas da Rainha), dirigida por Gustavo de Matos Sequeira, onde Júlio Pomar garantidamente não participou.
Por sua vez, a 5.ª MEF foi em 1941, em Coimbra, na qual Júlio Pomar também não participou.
Júlio Pomar participou na 9.ª MEF (1945), que decorreu em Évora... Só nessa.
Cordiais cumprimentos.
Guilherme Louro de Almeida
Posted by: Guilherme de Almeida | 04/03/2022 at 16:44
Belas imagens,
Sei que em 1950, Agosto-Setembro, o pintor Arnaldo Louro de Almeida (1926-2008), também conhecido por Louro de Almeida, realizou na SECLA uma série de pratos cerâmicos de concepção e pintura específicas. Haverá registos desse projecto e imagens (ou maquetes) desses pratos, que sei que foram cinco modelos?
Cordiais cumprimentos.
Guilhetme Louro de Almejda
Posted by: Guilherme de Almeida | 04/03/2022 at 17:05
Guilherme de Almeida: não se fala acima das MEF Missão Estética de Férias. JP participou na de 1945 em Évora (a 9ª) Falei das EGAP
Posted by: Alexandre Pomar | 04/03/2022 at 18:17