O mais antigo texto sobre Adelino Lyon de Castro que conheço é precisamente a notícia da sua morte aos 43 anos:
publicado no jornal Ler, Jornal de letras, artes e ciências, nº 18, Setembro de 1953, pág. 1.
ALC era o editor e Francisco Lyon de Castro o editor; propriedade de Publicações Europa-América (o último nº seria o 19, porque não foi aceite pelo governo a substituição do editor).
Não conheço o seu trabalho de foto-repórter desportivo (onde?)
(Entretanto, seria o cinema o velho sonho prestes a concretizar-se?)
#
O "in memoriam" publicado por Manuel Ruas no Boletim do Foto Clube 6 x 6, em 1956, é um 2º elemento bibliográfico (já aqui transcrito), importante para situar a sua obra e o seu lugar no panorama da fotografia do tempo.
No livro que lhe foi dedicado em 1980, O Mundo da minha Objectiva, é Fernando Piteira Santos quem escreve, mas é evidente que desconhecia o artigo anterior ao dizer que "a procura de ALC só raramente se dirige ao documento humano, o que lhe interessava era a imagem". Pelo contrário, e era isso que o distinguia do salonismo dominante.
Apesar de saber da colaboração na obra de Maria Lamas ("esse impressionante documentário da vida das 'mulheres do meu país'"), Piteira insiste em sublinhar que "o jogo da luz e da sombra é o valor estético fundamental" e tem dificuldade em situar a intenção social ou o projecto realista embora o reconheça: "Sucedia que imagens de trabalho rude... eram belos documentos, tinham
a força de um panfleto... Então, o artista-fotógrafo ganha dimensão
social. Não é o esteta, é o homem que, do seu tempo e de outras vidas,
nos dá testemunho".
Tratando-se de fotografia, a dificuldade dos comentários é evidente quando lhe chama em título "Um poeta das imagens".
#
11º Salão Internacional de Arte Fotográfica (de 1948), "Barros e Sombras", nº 319. A única fotografia de ALC que terá sido publicada nos catálogos do Grémio, premiando a futilidade anedótica do assunto e o "jogo" de luzes e sombras, aqui cumprido com a "pureza" fotográfrica que então se queria opor aos artifícios dos processos artísticos. A dureza da luz solar directa e a banalidade do tema podem com boa vontade ser reconhecidos como diferentes do pitoresco e do poético com mais curso.
no mesmo catálogo, aspecto geral do Salão na SNBA durante um dos Salões Internacionais de Arte Fotográfica do Grémio Português de Fotografia, secção da Sociedade Propaganda de Portugal (Touring Club), Largo do Chiado 12 - 2º, Lisboa
#
três fotografias de A. Lyon de Castro e as legendas de Maria Lamas:
1 -
"As Mulheres do meu país", pág. 392
2 -
pág. 412 ("Peixeiras", in "O Mundo da minha objectiva", 1980, não pag.)
3 -
(tb em "O Mundo...")
Porque será? que António Sena não se refere ao livro de Maria Lamas e apenas indica de passagem "a qualidade - quase sempre miserabilista - de certos trabalhos" de ALC (entre os nomes de Fernando Vicente, Tavares da Fonseca, João da Costa Leite e, sobretudo, Augusto Cabrita) - pág 372. Num dos índices aparece a referência ao livro de 1980 - pág. 408.
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.