Adelino Lyon de Castro (que no livro de Maria Lamas, 1950, foi identificado apenas como A. Lyon de Castro, e vem referido na ficha ténica da reedição de 2002 como Alberto...), pode ser localizado em pelo menos 6 Salões Internacionais de Arte Fotográfica organizados pelo Grémio Português de Fotografia, apresentados na SNBA e levados ao Porto e ao Clube Fenianos Portuenses, além de ter participado na V EGAP, de 1950. Ver: http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2008/05/a-fotografia-na.html
Trata-se dos salões de 1946, 47, 48, 49, 50 e 1951, sabendo-se que morreu prematuramente no verão de 1953. Parte relevante da sua obra fotográfica (com reenquadramentos discutíveis e impressão irregular - ???? hoje diria o contrário... 5Jun2011) foi recolhida no volume O Mundo da Minha Objectiva, editado em 1980 por Publicações Europa-América, e por Francisco Lyon de Castro, seu irmão, com um prefácio de Fernando Piteira Santos (prolongando-se assim solidariedades pessoais e políticas titistas, na sequência das rupturas comunistas que vinham do final dos anos 30 que se fortalecera com a Jugoslávia do II pós-guerra*). Piteira Santos colaborara já na revista "Ler, Jornal de Letras, Arte e Ciências", lançado por P. E.-A. de que Adelino Lyon de Castro era o editor, em 1952-53, e que "as autoridades" então encerraram não aceitando a substituição do seu nome.
A "Ler" noticia a morte de Adelino no seu nº 18, de Setembro de 1953 (e sai apenas mais o nº 19 em Out.)
Expõem nesse ano Adelino e Tito (?) Lyon de Castro. Francisco Lyon de Castro aparecera com o seu nome em 1946 e 47
Adelino Lyon de Castro atravessa assim, pelo menos, três lugares significativos da fotografia dos finais da década de 40 e princípios dos 50 (as Gerais, os Salões do Grémio e o livro de Maria Lamas - quatro lugares com o Foto Clube 6 x 6, criado em 1950), além de ser o único (?) autor antologiado em livro próprio, já muito tardiamente. A história de A. Sena não refere esse livro (mas regista-o num dos seus complexos índices) e faz apenas uma fugaz referência ao seu nome.
Adelino Lyon de Castro expõe no 9º Salão, de 1946 identificado como membro do Grémio, a fotografia Ex.Homens (Brometo), nº 163, que deverá ser a mesma apresentada na 5ª Geral de 1950 e se encontra reproduzida (Ex-homens) no artigo "In Memoriam" de Manuel Ruas em 1956 e no livro referido (não paginado). Trata-se de um grupo de quatro homens (vagabundos?) sentados à volta de uma fogueira. As cabeças baixas dão uma nota talvez miserabilista, mas parece haver uma certa espontaneidade documental que a distingue dos artifícios artísticos.
Também expõe em 46 o já então editor Francisco Lyon de Castro, 1914-2004 - ver biografia no site www.fundacao-mario-soares.pt (expõe "Crepúsculo", mas de facto era Adelino o seu autor...*). Fundara no ano anterior a editora Publicações Europa-América, de parceria com o seu irmão Adelino.
Entre os outros participantes nesse Salão estão António Rosa Casaco, o pide, e Artur Pastor. O único destes que tem uma imagem reproduzida no cat. é Rosa Casaco.
"Ex-homens" em O Mundo da minha Objectiva, Pub. Europa-América, 1980 (não pag.). Fotografia exposta no 9º Salão do GPF, 1946, e na 5ª EGAP, 1950, e publicada em 1956 no Boletim do Foto-Clube 6 x 6
Em 1947, no 10º Salão, voltam a expor os dois irmãos Lyon de Castro: Adelino - Faina fluvial; Francisco - Batoteiros e Barco da Costa, aparecendo tb um Tito de Castro (Labuta e Solitário)...
Entre os outros: Constantino Varela Cid, Silva Nogueira (rep.), Artur Pastor, o mesmo agente-fotógrafo ("Um lugar ao sol" é o seu título) e certamente a sua mulher (Yvonne).
O mais famoso dos estrangeiros é José Ortiz Echague de quem se reproduz o clássico "Castellano", carvão Fresson.
Em 1948, no 11º Salão, aparece de novo Adelino Lyon de Castro, com "Um 'Fadista'" e "Barro e Sombras" - foto reproduzida no catálogo (é um alinhamento de quatro potes muito desinteressantes) e não incluída no livro.
Francisco L.C. não comparece mas surge com "Timorense" um Tito Lyon de Castro (com a mesma morada do Tito da ed. anterior, R. das Gáveas), cuja identificação levanta alguns problemas. O marechal com o mesmo nome é excluido nesse ano da corte estalinista e do Kominform, pelo que será justo pensar que alguém o quer referir, em oposição à linha do PCP. Não se tratando do filho de Francisco L.C., nascido em 1945, e assim nomeado em homenagem ao chefe e/ou herói jugoslavo, ao que se julga, Tito seria tb pseudónimo de um dos irmãos, certamente o Francisco.
Outros expositores são Constantino Varela Cid, Ruy Cinatti (Nativa do Bali, n. rep.), Silva Nogueira (rep. Amália), Artur Pastor. E o inevitável e poderoso Echague (Morella, paisagem).
A seguir, em 1949 e no 12º Salão Adelino Lyon de Castro mostra O meu barco, e não comparecem Francisco ou Tito. Mas estão Mário Camilo, Rosa Casaco (rep. Sinfonia do branco - dois jarros), Varela Cid, Silva Nogueira ( Dernier Cri, uma solarização), Eduardo Varela Pécurto e outros talvez tb representivos. De Echague reproduz-se El beso al prior.
Duas fotos presentes na 5ª EGAP, A Caminho e Na doca, estiveram no 13º Salão, em 1950, ano em que surge já associado tb ao Foto Clube 6 x 6, de que foi membro do conselho artístico.) Fundado em 1950, o Foto Clube viria a dar lugar à APAF.
Na 5ª Geral de 1950 (com Keil do Amaral, Manuel Neves e Rodrigo de Vilhena) , ALC mostrou: Ex-homens, Descarregador, Na doca, A caminho, Rua em festa e Encontro (nºs 312 a 317)
No livro de Maria Lamas As Mulheres do meu País, A. Lyon de Castro publicou dez fotos:
pág 353, Mulheres de Buarcos
358 Os barcos partem para a pesca do bacalhau... * / Hora da partida
360 Costa da Caparica (A vida das mulheres dos pescadores da)
392 Descarga de areia nos cais de Lisboa
393 Carregadora do cais, Lisboa
395 Habitação improvisada num velho barco do Cais do Sodré
410 "Ensaboadeira" de Coimbra, na volta do rio
412 Vendedeiras de peixe, Porto * / Peixeiras
414 Lavadeiras do Mondego * / id.
420 Descarga de molhos de mato, num cais do Mondego
* reprod. tb em O Mundo da Minha Objectiva
A edição com este título data de 1980, "cumpre o dever de prestar à sua memória (uma) homenagem póstuma" e assinala os 35 anos da editora.
No 14º Salão, em 1951, está presente com 4 fotografias: Trabalhando a terra, Os meninos e as redes, Corações desfeitos e Rua de Aldeia. (03/09/08)
Entretanto, entre outras participações possíveis em mais exposições, confirma-se a presença no 1º Salão da Voz do Operário, em 1950,
e há que verificar os Salões do Barreiro desde 1951, dinamizados por Eduardo Harrington Sena, eng., um dos fundadores do Foto Clube 6 x 6, e igualmente as páginas do Jornal do Barreiro onde se publicaram vários dos seus trabalhos.
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