A partir de dia 8, 3ª feira:
Fotografias de Santimano Santimano na P4
e tb, 4ª feira, dia (19h30)
MOÇAMBIQUE / A ILHA / A PRETO & COR,
de Sérgio Santimano e Luís Abélard
produção do Instituto Camões, 2007, na FÁBRICA BRAÇO DE PRATA
As fotografias expostas na P4 foram publicadas no livro "Terra Incógnita", que Sérgio Santimano editou em Upsala/Suécia em 2006, na sequência de um projecto de trabalho dedicado à província do Niassa, a mais distante de Maputo, que foi um palco decisivo da luta da independência e é ainda um imenso território praticamente virgem, mas onde já estão a chegar os sinais de um novo desenvolvimento económico e social.
As viagens do fotógrafo iniciaram-se em 2001-2003 e decorreram até 2005, de forma a acompanhar alguns marcos da reconstrução do Niassa após o termo da guerra civil, nos capítulos das estradas e da energia eléctrica. É um trabalho directamente comprometido com a população da província e com o seu progresso - "terra épica de Moçambique e lavra do futuro", escreve Sérgio Santimano.
Com base na Suécia e com sucessivas estadias ou viagens a Moçambique, Santimano tem vindo a construir uma crónica da reconstrução do país, marcado por uma explícita vontade de optimismo. Na linha de uma tradição humanista que é também a de Sebastião Salgado, o retrato das várias regiões de Moçambique que tem explorado é simultaneamente uma homenagem ao povo do seu país e uma declaração de confiança na serenidade da gente que, como tantas vezes acontece, sorri olhando para a sua câmara.
Discípulo de Ricardo Rangel no início dos anos 80 (na revista "Domingo", em Maputo), Santimano publicou regularmente trabalhos fotográficos na "Grande Reportagem", expôs nos Encontros de Coimbra ( 1996 ), no Arquivo Fotográfico de Lisboa (1997) , nos Encontros de Bamako (1998, 2001, 2003 e 2007), e na colectiva "Iluminando Vidas" ( Basileia 2002; Culturgest, Porto, 2004 ). Recentemente, foi um dos artistas de Moçambique incluídos na grande mostra itinerante Africa.Remix (2004-07).
Tal como se podia observar na importante exposição que Arquivo Fotográfico de Lisboa apresentou em 1997, é sempre de "Um olhar próximo" e caloroso que se trata nas imagens de Santimano:
"Sérgio Santimano recusa que as fotografias de África mostrem apenas a guerra e a fome. Revolta-se com a facilidade com que muitos fotojornalistas, confrontados com um mundo que apenas conhecem de passagem, ou distantes editores fotográficos à procura do exotismo da violência, reduzem o seu país à imagem das vítimas indefesas. Essa é apenas outra variedade, actual, do conformismo das fotografias que se esperam de África, depois dos tempos dedicados ao mito do «bom selvagem» e às paisagens paradisíacas.
As suas fotografias rejeitam o miserabilismo e não querem ser, nem são, «imagens negativas». Por isso, existe no seu trabalho a marca de uma determinação que faz coincidir a procura da eficácia significante das fotografias «de autor» com a implicação no destino do seu povo. É a tradição humanista da reportagem fotográfica que ele persegue, optando pelo ensaio contra a imagem de choque, num trabalho que se desenvolve em projectos de longo fôlego, em torno de temas precisos e conceptualmente pré-definidos, onde se conta uma história através de imagens."
Era então caso da viagem que acompanhava o regresso de Luisa Macuácuá à sua região natal, em Cabo Delgado, depois das deslocações provocadas pela guerra civil. E é agora o que acontece nesta longa viagem ao Niassa,
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