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Fazer 100 anos não é uma qualidade, e às vezes envelhece-se mal. É só um nº redondo, mas será este uma facilidade jornalística ou quer dizer alguma coisa em matemática? - segundo a wikipédia, O conceito de número redondo é mais lingüistico que matemático...).
Henri Cartier-Bresson era um velho tonto quando se meteu em guerras perdidas contra a modernização da Magnum, contra as cores e contra o Martin Parr e o Luc Delaye em particular.
Quando se pôs a expor (desde 1975) e depois a publicar em livro os seus desenhos do natural parecia não estar já com grande bom-senso (entretanto ia repegando na câmara para umas encomendas bem pagas, como a operação de Beirute), porque esses desenhos, demasiado esforçados, eram levados excessivamente a sério. O exercício fará bem a toda a gente e parece-me ser uma indispensável prática para a aprendizagem e a sobrevivência dos artistas visuais (voltar a olhar para fora, exercitar a mão, adequar a mão e o olhar, como o ponteiro do sismógrafo), mas HCB devia ter percebido que os seus esforços só tinham interesse privado. Talvez a culpa fosse do Jean Clair que prefaciou o álbum "Trait pour trait", ed. Arthaud, 1989.
E no entanto o seu auto-retrato de 1984 é comovente...
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Tags: Henri Cartier-Bresson
Não vi ainda as exposições descentralizadas por onde se faz a retrospectiva do trabalho fotográfico de Luís Campos, em mais uma superprodução Luís Serpa:
Fotos do projecto "Transurbana", em cima (agora no CAS, Sines), e de "Aldeia da Luz", no actual Museu da Luz (Luz, Mourão).
Mas quis ir rever o que há muitos anos - 93, 94 e 95 - escrevi (e estava disponível em arquivo) sobre as suas exposições.
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o retrato (Self-control / Auto-domínio, 1983)
as gavetas da memória, álbum de retratos (... )
a homenagem (a máquina de escrever Lettera 22 de Ernesto de Sousa)
Há várias antologias possíveis da obra de José M. Rodrigues. Esta antologia concebida por Rui Oliveira e que se mostra em Évora investigou e reuniu uma direcção experimental em que a construção de objectos fotográficos ou relacionados com a fotografia e com o cinema assume uma especial importância - poderá chamar-se-lhes foto-esculturas. São objectos raros, únicos, que não se constituem como um género ou uma linha de produção, de múltiplos ou variantes (em muitos casos, feitas as "experiências", o experimentalismo estabelece-se como um estilo). Esses objectos atravessam fronteiras entre disciplinas para interrogar e pôr à prova a natureza da fotografia e as suas condições de visibilidade ou de eficácia. O happening e a performance (através dos seus registos fotográficos, dos seus restos), a instalação (a construção de ambientes, para além da exploração das possibilidades de montagem das obras, o que é outra coisa, embora próxima), e ainda o cinema ou vídeo são outras direcções muito presentes nesta exposição.
Outras antologias poderiam isolar o trabalho documental, tanto de carácter topográfico (a paisagem) como antropológico (em especial, os levantamentos levados a cabo no Alentejo, e em Cabo Verde), sem esquecer a fotografia de arquitectura; ou, pelo contrário, incidir na abstracção fotográfica, que é sempre menos formalista do que simbólica (os elementos, a natureza viva, plantas e corpos, o tempo). Ou ainda isolar como tema a intimidade pessoal, uma vida fotografada, ultrapassando a divisão entre auto-retratos e retratos.
Poucas obras fotográficas são tão extensas e tão variadas, e tão competentes nos vários géneros em que se podem catalogar - sem incluir, porém, a fotografia de acontecimentos, a reportagem, o documentário social mais imediato ou directo. E poucas obras expõem tão claramente a contiguidade que pode existir entre géneros e entre práticas; entre fotografias do real e do imaginário; entre observação e encenação.
A dimensão experimental pode ser uma evocação ou assimilação das vanguardas históricas (a homenagem a Man Ray, por exemplo), enquanto ruptura com produções conformistas. Não é, no entanto, e felizmente, o neovanguardismo como paródia triste de a reapropriação de uma retórica política (dita vanguardista) que em geral recobre práticas ensimesmadas numa sequência do formalismo mais exangue em versão conceptualmente auto-referencial (a arte sobre a definição do reducionismo estético). O princípio abstracto da indistinção entre a arte e da vida - que é tantas vezes uma petição de princípio vanguardista, ou uma legitimação de objectos indiferentes - é aqui substituído por uma real dimensão autobiográfica: os retratos das mulheres, dos filhos, etc. E em especial por uma dimensão performativa que inclui a acção colectiva, a encenação e a precaridade ou desaparição dos objectos produzidos.
Entretanto, se de uma experiência se esperam resultados que comprovem ou impugnem uma hipótese, experimenta-se para chegar a algum lado, do experimentalismo de JMR resulta não a repetição de atitudes e de ensaios, mas o encontrar de formas próprias e diferentes de fotografar a natureza, as coisas e as pessoas. As suas fotografias "convencionais" (planas e singulares) são também experimentais.
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Tags: José M. Rodrigues
(anotações 2008 / 2010...)
Por ocasião de uma exposição do discípulo Santimano.
referências a um filme (a procurar)
http://www.lxfilmes.com/catalogo/2006/ricardo-rangel
«Ricardo Rangel, Ferro em Brasa» - documentário de Licínio de Azevedo - passou há um mês em Lisboa, na iniciativa que levou por nome «Os dias do Desenvolvimento»,segundo leio numa contribuição de Diana Andringa no blog: caminhosdamemoria.wordpress.com
52 min., Produção Luís Correia, Portugal 2006 (Produção: Lx Filmes / Ébano Multimédia / ICAM / MC, RTP)
www.diasdodesenvolvimento.org/ foi de 5 a 7 de Junho no Centro de Congressos de Lisboa, à Junqueira. (Não terá sido uma iniciativa confidencial, mas eu estava fora de Lisboa)
Aliás, já tinha sido exibido no Festival Internacional dos Cinemas Africanos, Cinemas Twin Towers, Lisboa, 29 de Novembro a 5 de Dezembro, 2007 > http://www.kanema.com.pt
e tb na RTP África e na Videoteca de Lisboa
ainda antes no Festival "e África aqui tão perto", Museu Nacional do Traje, 18 a 27 de Maio de 2007
http://www.africatodayonline.com
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Na capa, foto de R. Rangel
1982, Moçambique A Terra e os Homens. Ed.
Associação Moçambicana de Fotografia, Maputo.
Introdução de José Luís Cabaço, ministro da Informação da R.P.M. (port. ing., fr, ital.)
Printed in Italy, 1984. P/b., 162 pp. (c. 153 estampas), 26,7x 26,5 cm, enc.
(Cat. de "Moçambique, a
Terra e os Homens " no 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica, Concelho
Municipal, Maputo, 3 Fevereiro 1981)
(Rosebud Books / http://www.tomfolio.com., $50 + 17)
Com a participação de Ricardo Rangel, Kok Nam, Daniel Maquinasse, Naita Ussene, Moira Forjaz, João Manuel Costa (Funcho), Martinho Fernando, Luis Bernardo Honwana, Danilo Guimarães (entre 41 autores)
Moira Forjaz, Gémeos Magaizas, pág. 116
#
Foi o início da AMF, que - muito mais tarde - viria a organizar as Photofestas de 2002, 04 e 06, enquanto o Centro de Formação Fotográfica (CFF - CDFF a partir de 2001, Centro de Documentação e Formação Fotográfica) iria nascer em 1983, também com o apoio da cooperação italiana. Rangel continua à frente do CDFF, mas a AMF tem conhecido várias crises .
Neste 1º Salão, os dois nomes históricos da fotografia moçambicana, os pioneiros Ricardo Rangel e Kok Nam, que já em 1964, no início da guerra de indepenência, eram reporteres do "Diário de Moçambique", da Beira (o 2º como correspondente em L.M.), figuram entre muitos outros, amadores e profissionais, nacionais e estrangeiros, admitidos por um júri que não é identificado.
Rogério, a quem o 1º Photofesta homenageou, teria já vindo para Lisboa; outros mais jovens iriam iniciar-se na imprensa, no cinema, etc, a partir de 1982.
A "descoberta" da fotografia africana ia começar dez anos depois, em tornos dos retratistas. ver:
http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2007/08/bibliografia---.html
2
1994, Ricardo Rangel, Fotógrafo de Moçambique /
Ricardo Rangel, photographe du Mozambique.
Coédition Editions Findakly/Centre
Culturel Franco-Mozambicain, Paris. 24 x24 cm, 120 pages.
Bilingue français/portugais.
Fotografias -
Moçambique 1953-1993; tx de José Craveirinha ("Carta para o Ricardo
sobre as suas fotografias"), Mia Couto ("Os deuses espreitaram por seus
olhos"), nota inicial do autor e agradecimentos, a Luís Bernardo Honwana
e Folco Rozand, além dos anteriores, nota biográfica, lista (imprecisa)
de exposições.
Retrato de Rangel por ROGÉRIO
(atr. PriceMinister France 25+9 €)
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Tags: Kok Nam, Moira Forjaz, Ricardo Rangel, Rogério
textos do arquivo - história da fotografia, Portugal
notas (a continuar)
Henrique Manuel Botelho, 2002
Jean Dieuzaide 1994
Jorge Henriques 2002
Nuno Teotónio Pereira 2004
Grupo Iris (LISBOA QUALQUER LUGAR) 1994
Livro de Viagem, de Teresa Siza 1998 1999
REVER LISBOA, de José Luis Madeira 1989
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algumas publicações (nota interrompida 2008/...2010)
MONTEMOR-O-NOVO, 27 postais de José M. Rodrigues
cor (livro) - Tiragem: 3.000 colecções de 27 postais. Impressão: Cromotipo Artes Gráficas, Lda
Ed. Câmara Municipal de Montemor-o-Novo. 1977
1998
IMAGENS DO ALENTEJO, José M. Rodrigues
colecção de 27 postais, p.b., sem data (1998). (Envelope, postais soltos, numerados, com títulos)
Impressão: Marca - Artes Gráficas.Produção Oficinas do Convento, Montemor-o-Novo
TABERNAS. Percursos na memória do Concelho de Grândola, José Manuel Rodrigues
Textos: "Tabernas", de Alfredo Saramago; "Graças e louvoures ao vinho português", de Paulino Mota Tavares; roteiro e descrição das tabernas
Impressão: Marca-Artes Gráficas. 1998. Ed. Câmara Municipal de Grândola. 84 pp
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Lá para baixo fica o mapa da exposição com as suas oito salas, corredores e acessos, que constituem um itinerário experimental - uma experiência rara de exploração de uma obra e de um espaço - criado para uma antologia expressamente dedicada ao carácter "experimentalista" da obra do JMR.
Divergindo de variadas maneiras da fotografia canónica (a superfície impressa), essa é uma direcção mais presente num período particular do seu trabalho (anos 1982-86), em objectos fotográficos e nas performances, mas tem antecedentes em anteriores trabalhos (desde 1972 - fotografias encenadas e "acções", impressões "irregulares" ) e foi reanimada recentemente em novos objectos, em instalações fotográficas e em remontagens de trabalhos anteriores.
"Solo a Solo" (0.9). Retratos sobre o chão (diferentes chãos). A "verdade" do rosto, a intimidade do retratado, a cumplicidade do modelo, o fotógrafo como predador. As normas do retrato postas à prova - a passagem à cor e à impressão digital finalmente conquistadas.
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Tags: José M. Rodrigues, Rui Oliveira
Ricard Terré, "La Bizca" (a vesga), Barcelona 1958
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A história do grupo e da revista Afal (1956-1963), com sede em Almería)
é muito importante (também) para perceber o que aconteceu e principalmente não aconteceu em Portugal pela mesma época, com a aparição fugaz de alguns interessados em fazer fotografia de modo diferente da produção dominante nas agremiações de amadores e nos salões oficiais.
As datas são as mesmas, os autores têm a mesma idade e as inquietações são paralelas, as condições de isolamento são semelhantes mas os itinerários têm origens diferentes, não se cruzam e vão depois divergir em absoluto: uns desaparecem, pelo menos durante 20/30 anos, e os outros passam a ser a direcção principal. Segundo parece, não sabiam sequer da respectiva existência. E alguns equívocos terá havido, pelo menos com as colaborações do muito premiado Carlos Santos e Silvae de Augusto Martins (Afal, nº 4, Julho-Agosto de 1956, nos primeiros tempos, portanto).
Em Espanha os novos fotógrafos "dos anos 50" nascem em grande parte nas associações fotográficas de Barcelona e Madrid, e afirmam-se em oposição às suas rotinas; associam-se em núcleos locais e em especial num grupo sediado em Alméria (onde a censura foi mais tolerante), e aí publicam uma revista e um anuário, e internacionalizam rapidamente o seu trabalho, em contacto com grupos idênticos de França, Itália, Bélgica, México. Em geral consolidam carreiras profissionais de longa duração, e a sua intervenção, mesmo se contestada nas décadas seguintes por novas afirmações geracionais (e a seguir consagrada com vários prémios nacionais e retrospectivas), teve o efeito de uma ruptura definitiva.
Os nomes são, em especial, os de Carlos Pérez Siquier (1930-) e José Maria Artero (1921-1991), directores da Afal, e de Joan Colom (1922-), Gabriel Qualladó (1925-2003), Ricard Terré (1928-), Ramón Masats (1931-), Xavier Miserachs (1937-1998), Oriol Maspons (1928-), Josep Maria Casademont (1928-1994), Francisco Gómez (1918-1998), Alberto Schommer (1928-). Vieram mais tarde a ser identificados, em conjunto com a chamada Escola de Madrid, ou La Palangana, e outros mais, com a fotografia neo-realista, sendo esta, agora, uma designação genérica e bastante informal, ou de sentido pouco restritivo.
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Tags: Afal, Laura Terré
inacabado (2008/2010)
CRISTÓBAL HARA
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LANCES DE ALDEA, PhotoVision, Utrera - Sevilla, 1992
textos de Ignacio Vázquez Parladé, Pedro Romero de Solís (“Las fiestas de toros: arqueología encarnada”), Willian Lyon (e agradecimientos do autor).
design gráfico de Roberto Turegano. (edição de Ignacio González)
fotografias a cores 1985-89
por "las rutas de la tragedia"
LAGARTO, LAGARTO,
Col. “lo mínimo” nº 16, Mestizo, Murcia,1998.
Texto do fotógrafo (…El recuerdo de W…)
(Máscaras e mascarados, cultos e ritos, trocando as voltas a todas as
igrejas. “Espanha, lugar de mistura de tantas raças e culturas. (…)
Santiago Mata-Moros partilha território com Yemanjá e com Ogum”. Sem
lugares nem datas, ou títulos, todas as pistas se confundem e já não se
trata da Espanha Negra.
VANITAS, Photovision Mestizo Utrera - Sevilla y Murcia, 1998
CRISTÓBAL HARA
Biblioteca de Fotógrafos Españoles, PhotoBolsillo, ed.
La Fábrica, 2000
texto de Chema Conesa, “C.H. El instanter decisivo”)
AN IMAGINARY SPANIARD, Steidl, 2004
CONTRANATURA
ed. La
Fabrica
designer gráfico Roberto Turégano.
«Contranatura» (Canal Isabel II
http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2007/04/photoespaa_2006.html#more
El Hombre que Quería Robar
la Virgen, 2003 para o canal Arte (sobre as festas
populares de Baza e Guadix, perto de Granada), e o livro
CONTRANATURA, ed. La Fábrica, PHE06, Madrid, 2006
http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2007/08/cristobal-hara-.html
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Um livro novo: "4 cosas d'España", 1990, Visor, Madrid; o 1º livro do Cristóbal Hara, esgotado e/ou desaparecido, e o único que não tinha (ver: http://www.photovision.es )
1 - a tropa, la mili em 1970-72
2 e 3 - por caminhos de Espanha, em geral Castilla - La Mancha e em especial Cuenca, primeiro crianças, depois adultos, de 1969 a 1981
4 - os touros, ou o que será a seguir Lances de Aldea, aqui impressos em p/b, 1970-1989.
Com design gráfico de Roberto Turégano (Cuenca 1947, um dos mais importantes designers gráficos espanhóis) e prólogo de Juan García Hortelano. 55 fotografias
pág. 25, Castilla - La Mancha 1971
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Tags: Cristóbal Hara
de http://aervilhacorderosa.com
Lucefece, 2007. 67'
É o nome de um afluente do Guadiana, entre o Redondo e Alandroal. E uma projecção onde o olhar é arrastado pelas águas que fluem ora para lá ora para cá, com uma pequena e variável ondulação, batida pela luz. Um filme fotográfico e a fotografia em estado líquido, água de prata, ou a vida.
Um das obras de "cinema de exposição" mais cativantes, e somos nós espectadores que somos directamente cativados, captados, capturados pelo dispositivo fotográfico.
É outra das mais fascinantes salas da Antologia Experimental do José M. Rodrigues em Évora.
(Lucifece Lucefecit Lúcifer Pode ser o que leva a luz', a estrela da manhã. A versão Lucefece tb sugere fazer (a) luz, mas a história pode ser longa http://www.celtiberia.net/articulo.asp?id=2989 )
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Tags: José M. Rodrigues
Os livros de hoje
o 1º de Cristobal Hara e o único que não tinha (Visor Editiones, Madrid, 1990); na capa branca a foto Andalucía 1980 (El Rocío)
e
a HISTORIA DEL GRUPO FOTOGRÁFICO AFAL 1956/1963 de Laura Terré
ed. Photovision, Sevilla, 2006 (nos 50 anos da fundação da revista Afal, em Almería, que foi a base da afirmação dos fotógrafos espanhóis da "geração de 50"), 468 pp e um CD com a edição completa das 36 revistas e 3 boletins).
Sobre a Afal ver aqui: http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2008/04/afal-almeria-19.html
dois livros esgotados, comprados através de http://www.photovision.es/
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Tags: Afal, Cristobal Hara, Laura Terré, Photovision
Um objecto fotográfico
(?) Corte, 2008
e uma instalação na Sala do Tribunal (os tubos de luz expoem tiras de auto-retratos - se a observação não foi demasiado rápida...). São marcas deixadas na terra, um dos quatro elementos que a obra de JMR persegue - há também uma mala de viagem com retratos e diferentes terras; e há corpos e rostos fotografados sobre a terra, ou relva. O fogo e a água estão tb muito presentes, e já vimos o ar na fotografia animada Ao Vento 1982.
Em cima. O objecto real e o objecto fotográfico, a fotografia. O objecto e a sua presença fotográfica. O objecto ele mesmo e a sua marca (empreinte, impressão) e réplica, exacta e com a mesma exacta dimensão; mais do que uma representação ou imagem (substituição, sucedâneo, engano - platónico), uma presença concorrente. Positivo e negativo. O objecto (árvore) desrealizado, como metáfora do tempo, e a realidade tangível da imagem. Duas materialidades perfeitas em si mesmo, de uma visualidade intensonde o olhar se demora, tácteis.
Se com as experiências de aprende, e esta é uma antologia experimental, aqui também se ensina a ver, ao longo de um percurso inesgotável.
Em Évora (a árvore, a terra)
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Tags: José M. Rodrigues
Palácio da Inquisição, a primeira sala que se vê ( 02- "Corpo e alma")
é uma aproximação à obra do JMR centrada no retrato (no auto-retrato, no corpo), com
trabalhos que vêm de 1981 até ao presente: as duas pequenas versões
vintage, com olhos fechados e abertos, da rapariga com a concha fotografada no
claustro do Museu de Évora
(Évora 1981, capa de "A Viagem", de 1983, e
chamavam-se então "O Sonho Marítimo"), onde se instabilizam as
orientações espaciais, tornando mais misteriosa a presença da figura,
como uma revelação em que se alteram todas as imagens canónicas de Venus;
o casal nu embrulhado nos seus invólucros separados, de Amsterdão 1983,
à direita, passando do retrato à encenação performativa, e aqui da vida à
morte, ou ao sono, numa prova agora de grande formato. À esquerda um
dos retratos a cores, invertidos e digitais da série "Solo", 2005.
Numa obra em que o auto-retrato tem uma presença muito insistente (como espelho narcísico e como interrogação do acto fotográfico), o retrato do outro, igualmente importante, é sempre uma procura da maior intimidade possível, por todos os meios possíveis.
Noutra sala, um objecto fotográfico dotado de movimento (o olho giratório, o relógio) e algumas fotografias recicladas ou reapresentadas em novas condições de visibilidade, e com novos sentidos. Trabalhos originais, alguns agora redescobertos, e novas impressões, novos formatos, montagens em sequências e com diferentes instalações
À esquerda, Ao Vento, de 1982 (fotografia-objecto original, numa caixa com ventoinha; experiência da literalidade da representação e/ou de recusa da imagem fixa); depois,
a série das bolas que saltam, Amsterdão 1982, numa montagem inédita em sequência, e à direita uma grande composição que agrupa imagens de plantas (paredes ou texturas vegetais) dando uma nova eficácia a paisagens "abstractas", algumas já vistas e outras inéditas.
Reciclar imagens, sujeitá-las a novas disposições ou sequenciações é uma das estratégias desta antologia - e, aliás, já presente em menor grau em diversas exposições anteriores. Por vezes como resposta ao espaço de apresentação e como experiência das imagens no espaço, no prolongamento da atitude experimental do autor. A começar pela grande ampliação aumentada de uma imagem já vista em formatos e orientações diferentes - um beijo de Narciso intitulado Garvão 1996 na antologia da Culturgest, nº 50, impresso ao baixo; sem título e ao alto no cat. de S. João da Madeira 1997 - que agora se vê logo no átrio de entrada por trás de uma porta de vidro, que foi uma solução de recurso e também de grande efeito visual.
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Tags: José Manuel Rodrigues
No 2º ano de “Objectiva”, João Martins volta aos temas do instantâneo e da composição: “Ainda sobre os flagrantes” (nº 13, 1 Junho 1938) e “Do valor do flagrante” (nº 14), em textos sem importância.
“Flagrante é a fotografia inesperada, que, surgida num momento de absoluta sorte, consegue proporcionar ao fotógrafo um assunto interessante ou artístico”. É a fotografia com que “se não contava”, um “momento culminante”.
“Quando se realiza com inteiro conhecimento uma composição fotográfica, jamais poderemos dizer que ela foi um flagrante”.
Ou, mais adiante, “raramente, os verdadeiros flagrantes foram apresentados com aquela misteriosa beleza e encanto harmonioso que uma obra de arte produz em nós”. João Martins
Nos nºs 14 e 15, de Julho e Agosto, dá-se notícia do "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" e é tb San-Payo (membro do júri com Mário Novais e M. de Jesus Garcia, da redacção) que assegura a respectiva crítica, ironizando sobre o “nome quilométrico e um tanto ou quanto metafísico”. Com 39 concorrentes, foi claramente um fracasso.
São intrigantes os comentários de San-Payo com sentido político:
“Noutros países, onde se não faz tanto alarde da política do espírito, estes salões anuais são concorridíssimos” (…) aqui a imprensa é “fria, insensível e indiferente”. “Se as entidades que nos superintendem tivessem um bocadinho mais de cultura artística ou por ela se interessassem…”
Estabelece noutro ponto os seus critérios de apreciação: os trabalhos têm ou devem ter “ideia, técnica, vigor, coomposição e sentimento”.
No nº 16, de Setembro, A Rodrigues da Fonseca, director, passa a ser tb editor e proprietário. A campanha em torno da Exposição Fotográfica Luso-brasileira para 1940 regressa no nº 16, e no 17 publica-se “1940”, retomando as propostas nacionalistas e propagandísticas do P. Moreira das Neves (ver A. Sena, História). É impossível não associar a decadência da revista ao contexto mobilizador dos centenários…
A 18, Nov., publica-se “O Homem do Harmónio” de Mário Novais e “Tarde no Mondego” de A. Lacerda Nobre, num quadro de evidente involução que atinge um ponto mais baixo com “Sorriso jocoso”, capa de João Martins, em Dez. “Dia de Mercado” de Mário Novais.
Em Jan. de 1939, nº 20, San-Payo faz a crítica do II Salão - A representação francesa no II Salão Internacional justifica outra
declaração política: “Parece-nos que as frentes populares entravam um
pouco os surtos da arte. E nós que tínhamos certa simpatia pelas tais
frentes!” “Pois por causa disso já mudámos de casaca”.
E suspende-se a publicação com o nº 21, de Fev., por dois anos.
Em Abril de 1941 publica-se o nº 22 a abrir uma II Série (nº 1), com o mesmo director mas em sede provisória na Rua Carvalho Araújo, 153 – 2º.
Refere-se uma “ausência forçada” e, reduzindo muito as anteriores ambições (o laboratório foi desmontado), promete-se assistência técnica aos leitores e organização de certames. Numa nota assinada por San-Payo aparece referência a uma revista “concorrente, imponente e magestosa (que) triunfou, como sol em dia de inverno”.
Ter-se-á chamado “FOTO” e pertenceu à mm administração.
Sam-Payo assina uma breve nota crítica ao IV Salão Internacional – transcrita do “Novidades”. E ainda se refere uma Exp. Fotográfica da Província do Ribatejo, org. da CM Vila Franca de Xira, que virá a ter mais eco.
Nº 23 / 2 de Maio 1941 – regressa o Dr. Álvaro Colaço com outro tema fracturante: “O amador fotográfico”, pp. 255-56: outra vez a fotografia pura.
O amador é aqule que possui conhecimentos das ciências aplicadas à fotografia… e que “pretende fazer arte com a fot.”, sendo que a sua “acção é desinteressada”. Mas “quando um reporter dá ambiente de arte ao seu flagrante faz (tb) obra de Arte Fotográfica.”
Volta a criticar aqueles que pretendem superar as deficiências dos negativos com o recurso aos "processos artísticos". "Não são os processos que dão arte à fot., mas a disciplina (?) e o gosto do operador."
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Quem foi o Dr. Lacerda Nobre, animador fotográfico do 1º ano da revista "Objectiva" (1937-38)?
(A. Sena não indica as datas de nascimento e morte, e tb. ainda não as encontrei.
...diz que "as fotografias de A. Lacerda Nobre são uma
excepção na monotonia das imagens que se publicam ou expõem nos
sucessivos Salões...", pág. 253, e refere-o na exp. "Uma viagem através de Portugal", org. O Século,
1936, pág. 246,. E apenas nestes dois casos.)
Na revista "Objectiva" saiu na primeira capa e publicou mais seis fotografias nos 12 nºs iniciais, partilhando com o Dr. Álvaro Colaço (citado por A. Sena nas pp 234 e 238, enquanto expositor na SNBA, no salão organizado por Santos Leitão, em 1931 e fundador do Grémio no mesmo ano) um lugar preponderante na revista. Mas o segundo é tb um importante e polémico articulista, além de importante e misterioso fotógrafo.
"Le blé" (ao lado de "Le sel")
em IMAGES PORTUGAISES, ed. Secretariado da Propaganda Nacional, s.d. (1939), prefácio de António Ferro. in 4º, 72 p. não num.; 23 x 23 cm. Legendas em francês, "Index" em inglês. Fotógrafos não identificados, com larga presença de Horácio Novais e Mário Novais.
Publicação vendida em leilão pela P4 a 9 de Novembro de 2006. Fotos postas à venda separadamente neste leilão e (pelo menos) no anterior, de 1 de Junho. Alguns dos autores são identicados nos dois catálogos.
Uma fotog. idêntica com um só trabalhor é publicada no nº 5 da revista "Objectiva". Ao lado de outra de espigas de milho.
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Tags: António Lacerda Nobre, Lacerda Nobre
Atrasei-me demasiado - desde 6 de Junho! - a ir ver a exposição "Antologia Experimental" do José Manuel Rodrigues no Palácio da Inquisição em Évora. Comissariada por Rui Oliveira e apresentada pela Fundação Eugénio de Almeida.
Nokia
Agora, apesar do calor (mas lá dentro não há calor), tenho de voltar e também de esperar que o encerramento anunciado para 31 de Agosto se atrase um mês.
O catálogo ainda não saiu (mais 8, 10 dias), a informação* sobre a exposição circulou pouco e esta exposição não se vê com pressas: não é tudo igual ou repetido e não há imagens indiferentes.
E engana-se quem disser que já viu, já conhece. As condições de montagem (também e/ou em especial graças ao Rui Oliveira) são magníficas e criam novas pistas de entendimento para uma das mais importantes obras que por cá se fazem, de fotografia e não só (que se fez também pela Holanda, antes e depois do regresso a Évora, em 1993). Ao associar obras antigas e actuais, ou ao restabelecer, nalguns casos, as originais condições de apresentação (anos 70/80) e, noutros, ao inventar diferentes condições de instalação (ou de reeedição) dos originais, as surpresas são muitas e tb a necessidade de entender doutro modo o que se viu antes noutras apresentações. Reeditar, reciclar, transformar são operações que a fotografia torna possível e que aqui ganham uma plena justificação.
três fotos furtivas e péssimas só para se ver que a instalação das fotografias e a construção de objectos e esculturas fotográficas é sempre uma surpresa
aqui há melhores imagens: http://aervilhacorderosa.com/blog/2008/08/fotosensivel.html
(Dá para perceber que esta exposição não tem nada a ver com as chatices oficiais e académicas que dominam as instituições artísticas de Lisboa, e que foram construindo o justo desinteresse dos visitantes, transformando-o em não público. Aqui vale a pena arriscar entrar, e pagar os dois € do bilhete (os folhetos referem 1 €, mas...).
TODOS OS DIAS DAS 9H30 ÀS 18H30
http://fundacaoeugeniodealmeida.pt/agenda_detail.asp?ID=24
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Também está em Évora, na anterior galeria da Fundação, outra exposição de um grande artista: Léger. São 78 desenhos, guaches e gravura, mas desta vez não vi. A urgência era outra.
Posted at 09:07 in José M. Rodrigues | Permalink | Comments (2) | TrackBack (0)
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