No 2º ano de “Objectiva”, João Martins volta aos temas do instantâneo e da composição: “Ainda sobre os flagrantes” (nº 13, 1 Junho 1938) e “Do valor do flagrante” (nº 14), em textos sem importância.
“Flagrante é a fotografia inesperada, que, surgida num momento de absoluta sorte, consegue proporcionar ao fotógrafo um assunto interessante ou artístico”. É a fotografia com que “se não contava”, um “momento culminante”.
“Quando se realiza com inteiro conhecimento uma composição fotográfica, jamais poderemos dizer que ela foi um flagrante”.
Ou, mais adiante, “raramente, os verdadeiros flagrantes foram apresentados com aquela misteriosa beleza e encanto harmonioso que uma obra de arte produz em nós”. João Martins
Nos nºs 14 e 15, de Julho e Agosto, dá-se notícia do "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" e é tb San-Payo (membro do júri com Mário Novais e M. de Jesus Garcia, da redacção) que assegura a respectiva crítica, ironizando sobre o “nome quilométrico e um tanto ou quanto metafísico”. Com 39 concorrentes, foi claramente um fracasso.
São intrigantes os comentários de San-Payo com sentido político:
“Noutros países, onde se não faz tanto alarde da política do espírito, estes salões anuais são concorridíssimos” (…) aqui a imprensa é “fria, insensível e indiferente”. “Se as entidades que nos superintendem tivessem um bocadinho mais de cultura artística ou por ela se interessassem…”
Estabelece noutro ponto os seus critérios de apreciação: os trabalhos têm ou devem ter “ideia, técnica, vigor, coomposição e sentimento”.
No nº 16, de Setembro, A Rodrigues da Fonseca, director, passa a ser tb editor e proprietário. A campanha em torno da Exposição Fotográfica Luso-brasileira para 1940 regressa no nº 16, e no 17 publica-se “1940”, retomando as propostas nacionalistas e propagandísticas do P. Moreira das Neves (ver A. Sena, História). É impossível não associar a decadência da revista ao contexto mobilizador dos centenários…
A 18, Nov., publica-se “O Homem do Harmónio” de Mário Novais e “Tarde no Mondego” de A. Lacerda Nobre, num quadro de evidente involução que atinge um ponto mais baixo com “Sorriso jocoso”, capa de João Martins, em Dez. “Dia de Mercado” de Mário Novais.
Em Jan. de 1939, nº 20, San-Payo faz a crítica do II Salão - A representação francesa no II Salão Internacional justifica outra
declaração política: “Parece-nos que as frentes populares entravam um
pouco os surtos da arte. E nós que tínhamos certa simpatia pelas tais
frentes!” “Pois por causa disso já mudámos de casaca”.
E suspende-se a publicação com o nº 21, de Fev., por dois anos.
Em Abril de 1941 publica-se o nº 22 a abrir uma II Série (nº 1), com o mesmo director mas em sede provisória na Rua Carvalho Araújo, 153 – 2º.
Refere-se uma “ausência forçada” e, reduzindo muito as anteriores ambições (o laboratório foi desmontado), promete-se assistência técnica aos leitores e organização de certames. Numa nota assinada por San-Payo aparece referência a uma revista “concorrente, imponente e magestosa (que) triunfou, como sol em dia de inverno”.
Ter-se-á chamado “FOTO” e pertenceu à mm administração.
Sam-Payo assina uma breve nota crítica ao IV Salão Internacional – transcrita do “Novidades”. E ainda se refere uma Exp. Fotográfica da Província do Ribatejo, org. da CM Vila Franca de Xira, que virá a ter mais eco.
Nº 23 / 2 de Maio 1941 – regressa o Dr. Álvaro Colaço com outro tema fracturante: “O amador fotográfico”, pp. 255-56: outra vez a fotografia pura.
O amador é aqule que possui conhecimentos das ciências aplicadas à fotografia… e que “pretende fazer arte com a fot.”, sendo que a sua “acção é desinteressada”. Mas “quando um reporter dá ambiente de arte ao seu flagrante faz (tb) obra de Arte Fotográfica.”
Volta a criticar aqueles que pretendem superar as deficiências dos negativos com o recurso aos "processos artísticos". "Não são os processos que dão arte à fot., mas a disciplina (?) e o gosto do operador."
Comments