chegado de Itália (via IF Libri, Milano)
Karingana ua Karingana, Il Mozambico contemporaneo visto dai suoi fotografi / a cura di Gin Angri , introduzione di Mia Couto. [Milano] : Coop (Associazione Nazionale Cooperative di Consumatori, in collaborazione com la Lega, Comitato Nazionale per la Cooperazione allo Sviluppo - Conacs ), 1990. 160 p. : 132 fotos b/n; 26 x 26 cm. (Catalogo della Mostra)
capa sobre foto de José Cabral (Pastor, Moamba, província de Maputo, 1983)
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ver: livros novos I
É um dos marcos da fotografia feita em Moçambique (ed. em 1990, por via da cooperação italiana), depois do álbum de 1981-82 "Moçambique A Terra e os Homens" (a afirmação da Associação Moçambicana de Fotografia, impresso em Roma) e antes de "Imaginando Vidas" de 2002, fruto da cooperação suíça.
É um livro de guerra e de transição, com as marcas da guerra civil somada à intervenção exterior da Rodésia e da África do Sul (ao longo de 16 anos,1976 a 1992 - data do tratado de paz entre a Frelimo e a Renamo, assinado em Roma), e com sinais já bem visíveis da viragem política (1986: a morte de Samora Machel; 1989, congresso da Frelimo e queda do muro de Berlim; 1990, nova constituição e libertação de Mandela). Livro de combate e também de recusa da guerra. De reconstrução.
Jaime Macamo, Mulheres e crianças com vestidos de casca, Zambezia, 1989
Rui Assubuji, Mina antipessoal, Inhambane, 1989
José Cabral, Vendedora, Maputo, 1989
Atravessando conjunturas políticas e programas ideológicos diferentes, em Moçambique, a fotografia está presente como testemunho e documentário, mas também como revelador, agente ou instrumento da mudança. A experiência e a lição de dois fotógrafos vindos do período colonial - Ricardo Rangel e Kok Nam - é apropriada e prosseguida por sucessivas vagas de discípulos ou continuadores: outros tantos grandes fotógrafos que se afirmam (e sobrevivem ou resistem) em situações ainda mais difíceis. Naita Ussene, Joel Chiziane, Fernando Martinho, Luís Souto, Sérgio Santimano, José Cabral, Rui Assubuji e outros. Neste livro reúne-se o trabalho dos fotógrafos do Instituto de Comunicação Social (ICS), da Agência de Informação Moçambicana (AIM), da cooperativa fotográfica Alpha e também dos professores e ex-alunos do Centro de Formação Fotográfica, criado em 1983.
Kok Nam, menos conhecido que Rangel, tem neste livro uma das presenças mais seguras e mais extensas. José Cabral, autor da foto da capa, é o intérprete privilegiado do tempo de mudança, à distância do gosto pelo imediato ou acidental presente no discurso jornalístico e substituindo a densidade suspensa dos personagens à retórica das construções simbólicas. As suas 12 imagens (o mercado de Xipamanine, as ruas, os cafés ou bares) marcam o fim do volume e os tempos que se lhe seguem.
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O título é tomado a um poema de José Craveirinha.
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