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"Duas camponesas do Covão da Ponte levam palha de centeio para a "corte", depois da malha. (...)" (Região de Manteigas). Pág. 152
"Raparigas da Gafanha, empregadas numa seca do bacalhau. Estas jovens do povo parece que se vão distanciando, no trajar e nos gostos, das suas mães. (...)" Pág. 212
"Mulheres e jovens da Costa Nova. Uma é viuva e tem a seu cargo cinco filhos pequenos. (...)" Pág. 338
"Na Gafanha. Condução do bacalhau, já seco, para os armazens onde será escolhido e enfardado. As mulheres passam, em fila, num vai-vem que não pára (...)". Pág. 211
Cada fotografia é acompanhada por várias linhas de texto que ultrapassam a condição de simples legendas para fornecer informações complementares e comentar o contexto económico e social de cada situação. Na 1ª imagem acima refere-se que "é costume (as mulheres) ajudarem-se mutuamente em certas fainas, e isto cria um ambiente de solidariedade e alegria, que suaviza, momentaneamente, os rigores da sua vida isolada e duríssima." Noutros casos, a observação estende-se à apreciação sobre a "consciência dos problemas" que têm ou não têm as mulheres trabalhadoras.
Realizadas por um não-fotógrafo (nem profissional, nem "amador", no sentido habitual de aficcionado ou praticante da arte fotográfica), que apenas por necessidade recorreu por algum tempo a um "caixote Kodak", estas fotografias concorrem com as restantes imagens assinadas por um heteróclito grupo de autores, foto-jornalistas alguns (A. Silva, Arquivo de O Primeiro de Janeiro, por exemplo), artistas profissionais outros, como Alvão (fotos cedidas pela C. V. da Região dos Vinhos Verdes, ou o Instituto do Vinho do Porto, onde a obrigação documental se sobrepõe ao gosto naturalista romantizado de outra produção conhecida), com imagens de Artur Macedo para o filme "Serra Brava" (Soajo) e em especial com inúmeros fotógrafos regionais que só localmente poderão talvez ser reconhecidos.
(continua)
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