Uma campanha pela "fotografia pura" na página mensal "Fotografia" dirigida por Eduardo Harrington Sena no semanário "Jornal do Barreiro", e nas primeiras edições da secção "A FOTOGRAFIA DO MÊS". A página publicou-se a partir de 26 de Agosto de 1954 e foi interrompida a 18 deJulho de 1957 (...mas E.H.S. ainda viria a ser director do semanário de 24 de Janeiro de 1963 a 6 de Agosto de 1964).
Essa era a fotografia moderna, seguindo as lições formalistas da Nova Visão dos anos 20, que se defendia então no universo das agremiações amadoras e dos seus concursos (no final dos anos 30, nas páginas da "Objectiva", tinha havido uma outra fotografia moderna, straight, live e objectiva, mais ligada à representação dos tipos sociais talvez por via alemã, com os doutores Lacerda Nobre e Álvaro Colaço). O sector então mais dinâmico do salonismo, muito activo nas associações, não era picturialista, era modernista e defendia um prudente formalismo modernista. Os textos que acompanham a "Fotografia do Mês" são particularmente elucidativos sobre os critérios de apreciação vigentes.
"Réstea", 1952?, de Victor Chagas dos Santos (Eng., Cuf), publicada a 26 de Agosto de 1954, pág. 3.
"Sinfonia do Metal", 1952?, de Eduardo Harrington Sena (Agente técnico de engenharia - Cuf). 16 de Setembro de 1954, pág. 3. (O autor não é referido, o que permite a Sena elogiar-se mais facilmente a si próprio.) Das cebolas para as tubagens industrias importa pouco a diferença de "assunto", interessa a luz, perspectiva, etc. Noutras circunstâncias será uma fotografia industrial que pode simbolizar o desenvolvimento do Barreiro - aqui é uma "fotografia pura".
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"Elipse", de Augusto Cabrita, 1953 - Grupo Desportivo da Cuf, Barreiro. 7 de Outubro 1954, pág. 3. Uma "composição arrojada".
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"Ponte de Prata", de Fernando Vicente. 4 de Novembro 1954
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Os dois primeiros são os homens fortes da fotografia no Barreiro, dinamizadores da actividade fotográfica do Grupo Desportivo da CUF. Premiados ambos em 1950 no I Salão de Arte Fotográfica do Jornal do Barreiro (o qual teve Adelino Lyon de Castro como titular do Grande Prémio e revelou Augusto Cabrita), vão assumir a direcção da secção de fotografia do GD e a organização dos seus Salões pelo menos desde 1952, no 2º Salão (em 1951 já não é organizado pelo Jornal do Barreiro, e nesse ano o concurso dirige-se a sócios do GD). Prolongam as sua acção nas páginas do "Jornal de Barreiro", um "semanário regionalista" que a partir de meados de 1953 está completamente alinhado com o Regime - o 3º aniversário a 14-5-53 ainda é celebrado com a projecção de "Milagre de Milão", a "obra de um génio"...
São também elementos influentes do Foto Clube 6 x 6, de Lisboa, fundado em 1950 - Sena virá a ser em 1956 o director do respectivo Boletim, de 1956 a 1959?, com Manuel Ruas como editor.
Fernando Vicente, famoso amador do 6x6 e do Grupo Câmara, entrava já no júri do 2ª Salão. No "quadro das actividades" da iniciativa de Sena e relativo ao 1º ano da página (publ. a 5 Maio 55) estava em 3º lugar.
Augusto Cabrita acompanha os dois no júri do 5º Salão de Arte Fotográfica (1º Internacional) e seguintes. Os três - Chagas, Sena e Cabrita - estão entre os mais activos expositores e mais premiados por esses anos.como mostra o mesmo Sena nos quadros de pontuações que publica no Jornal do Barreiro.
No referido quadro, Chagas do Santos era 4ª, Sena era 10º e Augusto Cabrita estava em 26º - Rosa Casaco era o 6º...
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