Em Portugal há um banco que patrocina a fotografia, em Espanha também há (*).
É a Caja Madrid. A colecção PHotoBolsillo / Biblioteca de Fotógrafos Espanõles - editada por La Fabrica (a empresa do PhotoEspaña) e patrocinada pela Obra Social Caja Madrid - está a comemorar dez anos e já publicou monografias dedicadas a cerca de 70 fotógrafos espanhóis, desde o princípio do século (Luis Escobar, Alfonso, Agusti Centelles, etc) até ao presente. Passando por Francesc Catalá-Roca, Ramón Masats, Xavier Miserachs, Oriol Maspons, Ricard Terré, Gabriel Cualladó, Carlos Pérez
Siquier, Cristina García Rodero, Alberto García-Alix, Isabel Muñoz. E Cristóbal Hara, claro. O mais recente é Gonzalo Juanes e antes saiu o de Virxilio Vieitez.
Dez pequenos livros por ano, contando com as reedições e actualizações dos volumes esgotados. Bilingue: castelhano e inglês. A preços módicos de 10,95 €, com 18x13 cm e c. 112 pp. http://www.photobolsillo.com/
122 € a assinatura anual para a Europa (e condições especiais para Portugal: [email protected]
Um projecto desenvolvido com consistência ao longo de dez anos é uma coisa que em Portugal não se conhece. E se algum banco daqui quisesse fazer um trabalho consistente bastava-lhe seguir o exemplo (*).
Os 10 anos da colecção são comemorados por uma exposição itinerante nas FNACs espanholas.
"EXPOSICIÓN PHOTOBOLSILLO, DIEZ AÑOS DE MIRADAS
Son 30 las fotografías escogidas se reúnen en una exposición , comisariada por Chema Conesa, con el motivo del décimo aniversario de la colección PHotobolsillo (La Fábrica Editorial)... y se puede ver en los edificios Fnac de diversas ciudades españolas.
Esta colección persigue el objetivo de dar a conocer el trabajo de grandes fotógrafos en un formato asequible y de gran calidad. Son más de setenta los títulos publicados para PHotobolsillo, con excelentes fotografías y un lenguaje propio de autor."
http://www.phedigital.com
(com acesso aos 50 volumes indicados aqui)
(*) O exemplo espanhol leva a desejar que as intervenções institucionais tenham um carácter estruturante e se distingam dos tipos de actuação dos particulares. Não se trata de jogar no mercado das promoções galerísticas, de fazer colecções de cromos, de seguir modas e opções críticas de facção, como qualquer pequeno investidor aventureiro.
De repente fiquei com impulsos consumistas...
Pois, realmente aqui esta' uma boa forma de criar conhecimento acerca de uma Arte criada por criadores locais. A Historia serve para muitas coisas, nomeadamente, e neste caso especifico, o facto de culturalmente nao termos sido gerados numa proveta.
E' um bom exemplo a seguir.
E' certo que se possa dizer que so' a 'agua e' o unico componente da fotografia portuguesa, mas isso tambem despreza tudo o resto: tambem ha' as gentes, o registo de uma epoca, as sensacoes expressas pelo olhar... tudo isso pode ser portugues.
Nao precisamos de entrar em nacionalismos, mas o facto e' que tambem nao podemos pensar nesta questao de uma forma negativa e andarmos constantemente a rejeitar a nossa existencia e a nossa historia.
Se sabemos apreciar o trabalho dos outros, acho que tambem deveriamos sentir algum apreco pelo trabalho dos nossos conterraneos.
Houveram e existem pessoas, que tem trabalhos interessantes e que provavelmente tem mais a haver com a nossa forma de estar no mundo, que trabalhos de pessoas de outros paises - nao querendo dizer com isso que as propostas artisticas de artistas nao-portugueses sejam completamente alheadas da nossa realidade, ou que nao nos possam fazer questionar sobre a forma como vemos e estamos no mundo.
Quando se vive num Pais em que se gosta de olhar para o lado e comparar com o que os outros andam a fazer (nomeadamente os nossos vizinhos Espanhois), aqui esta' um bom exemplo que poderia criar alguma reflexao sobre as politicas artisticas que tem vindo a ser seguidas - tanto pelo sector publico, como pelo privado.
Posted by: Pedro dos Reis | 10/15/2008 at 03:24