Neo-realismo e novas direcções
(... até aos documentos subjectivos)
Costa Martins / Victor Palla, fotografia (1956-58) publicada no livro Lisboa, Cidade Triste e Alegre, ed. 1958-59.
Já sob o estímulo da exposição “The Family of Man”, organizada por Edward Steichen no MoMA, 1955, e das notícias que a precederam desde 1954 (em especial na revista "Fotografia", de Março, nº 2, antecendo informações estrangeiras), um conjunto de autores iria protagonizar uma intenção modernizadora da fotografia em Portugal que não chegou nunca a revelar-se como movimento organizado (também com Carlos Afonso Dias, Sena da Silva, Gérard Castello-Lopes, depois João Cutileiro, já instalado em Londres, etc), e que só teve expressão pública com o livro de Costa Martins e Victor Palla, em 1958/9.
No especialíssimo "Índice" comentado de Lisboa, Cidade Triste e Alegre refere-se como espaço próprio de trabalho ou propósito a “nova escola naturalista, documental”, um “naturalismo mais documental”, usando muita informação norte-americana a equilibrar o apreço pelo realismo poético francês.
A recepção da exposição (Galeria Diário de Notícias, de 21 a 28 de Outubro de 58) “veio mostrar que também entre nós existem artistas integrados num movimento realista de arte fotográfica” – escreveu-se à época na revista “Binário” (António Freitas: "Fotografia e realismo:...", Out. 1958).
AF: O “conteúdo humano e poético”. “Manifestação artística de mérito e… elemento de apreciação sociológica duma grande urbe”. “Sente-se um grito de esperança, que contém, no entanto, uma velada acusação – a presença quase constante da criança…”
“...o significado realista da obra”
Ernesto de Sousa e José Borrego na revista "Imagem" associam-nos ao cinema realista.
ES: "Um tal conjunto é uma demonstração de um cinema realista que podíamos ter e ainda não tivemos" (Imagem nº 25, Fev. 59).
JB: "A sensação de verdade e espontaneidade, de coisa colhida no real do dia-a-dia." "Uma ternura melancólica." (O livro:) "Um rasgar de novidade." (À espera do cinema:) "O documentário humano, a um tempo duro e poético, terno e dinâmico" (Imagem nº 34, Set. 60)
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