E a chatice é que este PCp (Património Cultural português) é PS.
Cultural português começasse a adquirir na sociedade o lugar central, progressivo e moderno que lhe compete. Libertámo-nos de fantasmas; somos unânimes na consideração de que as políticas de Património Cultural constituem o desígnio central do Estado na área da Cultura."
...lugar central... desígnio central. Esse Estado já não existe, felizmente
Vi a publicidade da apresentação pública e fui abrir um dos endereços onde se diz que a partir de amanhã se poderá consultar a "Declaração da PP-Cult: O património como valor estratégico e oportunidade nacional". Já lá está hoje, obrigado ( http://www.icom-portugal.org/)
Mas não, não nos libertamos de fantasmas - eles habitam entre nós.
Claro que muita coisa está de rastos, ou a cair, e que tem faltado autoridade ministerial (é-me política e pessoalmente penoso testemunhá-lo), mas assim demonstra-se só que há causas muito profundas para que este sector se tenha tornado a última das prioridades: é de um entranhado corporativismo imobilista (quando não é de um oportunismo despudorado) e é insuportavelmente soporífero. Mais uma vez se perderá a oportunidade do debate público necessário. E espanta (ou já nada espanta?) que recentes titulares de responsabilidades públicas apareçam a ornamentar a movimentação.
Infelizmente, a Cultura (e Arte) nunca são prioridades em tempos de crise. Em tempos de abundância, creio que dependerá da sensibilidade dos governantes que, salvo raras excepções, não tem a Arte como background de formação. Por coincidência, ouvi hoje, em "conversas de corredor", que a própria FBAUL atravessa sérias dificuldades neste momento...
Cumprimentos
Posted by: Mário Nogueira | 10/15/2008 at 19:37
Estive a visitar o site e acho que a iniciativa e' louvavel (embora nascendo com uma decada de atraso, para nao dizer mais).
Apesar deste esforco, apercebo-me que e' talvez demasidamente Estado-centrica (isto, porque a maioria dos nossos museus e patrimonio pertence ao Estado), nao me parecendo que criem incentivos suficientes a que possa gerar interesse em privados.
Tambem me apercebo que se quer promover as carreiras dentro dos museus. Parece-me bem, quando existem varias escolas (lembro-me de Tomar, da Fundacao Ricardo Espirito Santo e de outras escolas profissionais, por exemplo), que lancam varias pessoas num mercado inexistente.
Esta iniciativa parece-me querer absorver e relancar oportunidades a essas pessoas e a outras de 'areas moribundas (Antropologia e Arqueologia, por exemplo) - pelo aparente esforco de certificacao e profissionalizacao das pessoas, que tem formacao nestas 'areas.
Porem, no meio disto tudo nao me parecem haver medidas concretas. Ha' sim, uma nuvem de boas intencoes, que visa permitir a profissionalizacao e acreditacao do meio.
Sera' suficiente?
Depois de que patrimonio se esta' a falar, exactamente? De que Turismo Cultural?
E o Patrimonio humano? Onde fica, no meio destas boas intencoes?
Onde estao as formulas de apoio de iniciativas que vao sendo lancadas por privados e que tem em vista a dinamizacao de 'areas especificas e que aproximam as populacoes locais 'a Arte, que se faz hoje em dia, tanto em Portugal, como vinda de fora.
Um bom exemplo disto que digo e' por exemplo, o dos Encontros de Fotografia de Braga.
Nao sera' tambem esta iniciativa merecedora de integracao no Patrimonio a proteger?
Quando certas pessoas tem iniciativas, que ajudam a promover para alem da Fotografia (pensando especificamente neste caso) e trazem tambem a uma dada localidade pessoas de fora dela; nao sera' isso considerados Turismo Cultural?
Os fundos que eventualmente poderao ser gerados, para alem do investimento na criacao de publico e de uma realidade que podera' ser apelidada de "culturalmente turistica", nao podera' ser um motor que promova tambem as visitas 'a cidade, relativamente a monumentos, museus e outro tipo de Patrimonio visado pelo PP-Cult?
A iniciativa e' boa e e' bom que exista - nao digo o contrario, mas nao se pode querer resolver um assunto sem se pensar numa estrategia de desenvolvimento mais abrangente.
O que digo e' que os Museus tem de conseguir encontrar uma forma de gerar interesse nas pessoas, que os visitam.
'A parte da formacao, certificacao (e consequente profissionalizacao) dos seus funcionarios (ou prestadores de servicos, como tambem parece que o website parece promover), os museus tem de se tornar mais "vivos".
Algumas das formulas estabelecidas por algumas instituicoes museologicas, que conheco, tem sido a aposta em servicos educativos fortes, que com as suas iniciativas promovem actividades no museu, ou em conjunto com o museu, para cativar uma certa faixa etaria da populacao.
Um bom exemplo disto tem sido a Tate, por exemplo.
Julgo, que esta ausencia no discurso que pude ver, dentro do referido site demonstra uma certa falta de consciencia de como e' que realmente se pode gerar "vida" dentro de uma instituicao meseologica. Fica assim, apenas o registo de boas intencoes e centrado em problemas tecnicos.
Posted by: Pedro dos Reis | 10/18/2008 at 12:16