O África.Cont é agora é centro de expressões culturais africanas, numa notícia do Expresso datada de 5 Dez. com booklet inacabado:
"Cultura como instrumento político / Estratégia diplomática portuguesa privilegia África" (...)
"Consulte o PDF com dados e desenhos do projecto africa.cont": já desapareceu...
http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/471046
As "autoridades" responderam à parede de críticas que acolheu o anúncio do África.Cont através de uma benévola notícia do Expresso online e com o inédito acesso oferecido em pdf a um "booklet" de apresentação onde diversas páginas estão ocultadas ou ainda por preencher. E aparece uma nova fundamentação para a ideia: "O projecto, a apresentar na próxima terça-feira, será uma forma de encetar ligações económicas mais fortes com grandes países africanos."
Ao nível e atrás da 24 de Julho, com um dos edifícios das Tercenas ao centro
O que era Centro de Arte Africana Contemporânea no Público de dia 29, e Centro de Cultura Contemporânea Africana na proposta aprovada no dia 3 pela Câmara de Lisboa, aparece agora referido mais informalmente como centro de expressões culturais africanas, ou, no booklet, mais sinteticamente, apenas África.Cont. (Carlos Fiolhais fazia hoje no Público uma boa leitura deste "cont", que "pode apenas indicar que falta dinheiro parta o resto das letras"). O que era dedicado a artes e culturas passa a ser justificado como fachada ou engodo de ligações económicas, o que era poscolonial corre o risco de parecer neocolonialista, mas agora nunca se sabe que neocoloniza o quê, o que é um claro progresso.
NA MIRA DO GOVERNO
O discurso torna-se mais explícito, e fica agora a saber-se o que está "na mira do governo". E invoca-se o nome do 1º ministro, embora se tenha tornado habitual dispensarem-se as aspas para as frases oficiais:
"A criação de um centro de expressões culturais africanas a sedear nas Tercenas do Marquês, às Janelas Verdes, em Lisboa, é o instrumento político escolhido pelo Governo português para encetar uma aproximação económica com aquele continente.
O projecto já está concluído e será oficialmente apresentado na próxima terça-feira. Vai custar quatro milhões de euros por ano e será financiado pelo Estado, Câmara Municipal de Lisboa* e várias instituições privadas. Chama-se africa.cont.
A necessidade de fomentar laços económicos mais fortes com os grandes países africanos e alargar as relações lusas para além do espaço da lusofonia em África foi uma das conclusões a que o executivo de José Sócrates chegou após a Cimeira União Europeia/África, realizada o ano passado durante a presidência portuguesa da União Europeia.
Na mira do Governo estão países como Senegal, Nigéria e África do Sul, com os quais muitas empresas portuguesas já estabelecem ligações que querem ver desenvolvidas. O ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado tomou então a dianteira, delineando "uma estratégia diplomática" para alcançar esses objectivos." (EXPRESSO, sublinhados meus)
*Claro que a Câmara é Estado, mas às vezes disfarça.
A prosa inglesa abaixo (pag. 16) será do escritório do arquitecto afro-britânico David Adjaye e refere-se a um complexo edificado que inclui o Palacete Pombal, na Rua das Janelas Verdes, nº 37, onde funcionou o Instituto Português da Conservação e Restauro, antes Instituto José de Figueiredo, e as 3 construções conhecidas como Tercenas de Santos ou do Marquês, situado em planos descendentes até 24 de Julho. A intenção de construir mais dois novos edifícios é enunciada aqui.
Africa.Cont define-se no booklet inacabado como um "centro multidisciplinar e interdisciplinar para o conhecimento de África e das suas diásporas nos seus desenvolvimentos contemporâneos", e aponta como um dos seus objectivos (o 2º objectivo) "constituir acervos de arte contemporânea africana que passarão a ser património inalienável da Fundação" (afinal, temos de facto um museu com colecções próprias...)
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