A ESTRUTURAÇÃO da Rede Portuguesa de Museus (RPM) irá desenvolver-se durante o ano de 2001 em três eixos, correspondentes a programas de informação e divulgação, de formação e de requalificação museológica, conforme prevê o «Documento Programático» que foi apresentado e discutido em diversas reuniões abertas a responsáveis e técnicos por museus não tutelados pelo Ministério da Cultura. Depois da sua primeira apresentação no XII Encontro Museologia e Autarquias, em Santarém, o texto elaborado por uma Estrutura de Projecto criada pelo Instituto Português de Museus (IPM) e dirigida por Clara Camacho foi objecto de encontros realizados no Porto e em Coimbra, Évora, Portimão e Lisboa.
A orgânica a adoptar no futuro pela RPM não se encontra previamente definida e virá a ser proposta pela referida Estrutura de Projecto no decurso dos três anos previstos para a sua actuação, segundo afirmou Raquel Henriques da Silva, directora do lPM, na reunião que decorreu no dia 7, no Museu de Etnologia. Entretanto, aquela comissão propõe «uma metodologia de trabalho de natureza participativa», que envolverá, depois das reuniões abertas, a constituição de um grupo de trabalho, uma equipa de consultores e um centro de documentação, anunciando-se a organização, em Junho de 2001 de um fórum internacional sobre redes de museus,
A médio prazo, prevê-se o estabelecimento de relações formais de parceria da estrutura da RPM com museus de diferentes tutelas, bem como com organismos de índole museal ou com intervenção nesta área. De forma faseada, serão estudadas outras linhas de acção que envolvem, primeiro, o estabelecimento de uma rede de Núcleos de Apoio, os quais funcionariam como centros de referência numa área disciplinar específica, prestando apoio técnico e dinamizando a cooperação e as acções de intercâmbio entre museus, e, por outro lado, a criação do que se designa como «Sistema de Registo/Creditaçâo dos museus portugueses», que seria da iniciativa de um órgão autónomo a definir.
A expectativa e o interesse prático pelo projecto da RPM, por parte dos técnicos dos museus autárquicos ou de outras tutelas, têm sido demonstrados de modo informal nos encontros realizados, nomeadamente através de solicitações directas quanto a acções de formação, apoio técnico, requalificação de serviços, etc. A diversidade e a independência das tutelas (autarquias de diferentes níveis, fundações, Igreja, empresas, associações, particulares, etc.) levanta, porém, especiais dificuldades organizativas, já que não seriam legítimas intromissões do IPM nas respectivas estruturas de gestão ou funcionamento, tornadas autónomas e livres desde que se desvaneceu a relativa uniformização que, no antigo regime, era controlada (e apoiada) pela Junta Nacional de Educação.
A inexistência de órgãos eficazes de coordenação regional, acima das câmaras municipais, é outra dificuldade prática que se relaciona com o tema complexo da chamada explosão dos museus. Por censequência, ao implicar «o equilíbrio entre políticas nacionais e locais, a conjugação de esforços, a clarificação e a partilha de responsabilidades e de competências entre a diversidade de tutelas e entre as respectivas entidades museológicas», o projecto da RPM atribui um papel decisivo aos parceiros envolvidos no processo da respectiva definição e criação.
No curto prazo, o programa de estruturação da RPM inclui uma vertente informativa e de divulgação que prevê a edição do documento de apresentação da própria Rede, depois de revisto em função dos debates realizados, a abertura de um «Website» e a publicação de um boletim trimestral, o lançamento dos «Cadernos RPM» e a edição do primeiro directório dos museus portugueses. No eixo da formação de pessoal, anunciam-se nove acções destinadas a técnicos não licenciados, em diferentes regiões do País, nas áreas da conservação preventiva, do inventário e documentação e de reservas.
No terceiro eixo de acção para 2001 estão já envolvidas iniciativas designadas como de requalificação de museus, que pressupõem a celebração de acordos de colaboração quanto a programas de consultoria e quanto a apoios financeiros, apontando-se as seguintes áreas como prioritárias: programação museológica; investigação e desenvolvimento; conservação preventiva e restauro; inventário, documentação e informatização; exposições e actividades: valorização e divulgação.
Comments