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01/02/2009

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Pedro

"Estilo"?
Talvez "Categoria estética", "Paradigma Estético", "Realidade Estética", "Género", sejam expressões mais apropriadas, de acordo com as considerações de Nathalie Heinich, "Le Triple Jeu de L'art Contemporain", para um certo tipo de arte que se faz, que se tem feito, e que cria dores de cabeça a muitos que se recusam entender certos objectos, certos factos, como tal.

Alexandre Pomar

Obrigado Pedro, pela contribuição, e é agradável saber que há mais gente a ler francês e a ler a diligente Heinich.
Socióloga, não lhe importa esclarecer o que para si diferencia ou sobrepõe o artístico e o estético, utilizando este como um impreciso adjectivo que aqui qualifica sem qualificar os termos categoria, paradigma e realidade. Aliás, ela própria traduz categoria estética como "um certo tipo de arte", sem mais especificação, e escreve muitas vezes "paradigma" entre aspas porque o conceito passou a multiplicar-se sem cuidado.
"Estilo" é uma noção que se foi tornando mais ampla e mais imprecisa que tendência, corrente, movimento (entende-se como instância de recepção e já não como norma), e dá pano para mangas a sua proximidade com maniera/maneira, modo e moda, ou gosto - e também a sua presença na expressão "estilo de vida". "Género" é que me parece sem sentido, e a N.H. apenas justifica essa proposta pelo que diz ser a posição homóloga da actual arte contemporânea e da antiga pintura de história: mais sustentada pelas instituições públicas que pelo mercado privado e situada no topo da hierarquia em matéria de prestígio e de preço (pp.10-11) - é pouco.
Para N.H., aliás, "o mundo da arte tornou-se uma espécie de sociologia em acto" (p. 335 - parece ser deformação profissional): "a arte contemporânea forma hoje um mundo altamente especializado, um universo autárcico, remetendo para uma tradição tão específica que só é acessível a um pequeno número de "connaisseurs-experts", muito longe das expectativas ao mesmo tempo estéticas e éticas do grande público, e também muito longe da experiência de universalidade que estrutura o sentido comum da arte" (p. 303). O complot, o "delito de iniciados" do Baudrillard não está longe.
Outra coisa: não se trata de "recusar entender" mas de recusar aceitar, de recusar algumas coisas, de escolher. Como tudo pode ser e é arte (desde a absorção da arte dos loucos, dos primitivos, das crianças, dos amadores, das artes populares, já antes da "descoberta" do ready-made, enquanto exercício crítico e dandismo, tornado depois um "género" - e esse sim é um género), distinguir, avaliar e escolher tornou-se imprescindível face ao "não importa o quê". Não há fronteiras fixas nem limites da arte, nem definições substanciais da arte contemporânea, nem contraposição de paradigmas. Há decisões de pertinência e/ou qualidade, há escolhas pessoais com ambição de legitimação partilhável, talvez com a ambição de uma possível universalidade.

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