08-07-1995
Grande prémio europeu para P.N.
Paulo Nozolino foi o laureado com o Grande Prémio da cidade de Vevey, no primeiro «Concurso Europeu de Fotografia» promovido por esta cidade suiça no âmbito do festival Images'95, que decorre até dia 16. Destinado a fotógrafos profissionais de toda a Europa, que foram apresentados por comités de selecção de 21 países participantes (da Espanha à Ucrânia, com ausência de Portugal), o prémio tem o valor de 40 000 francos suiços, a aplicar na realização de um projecto fotográfico que deverá ser exibido na próxima edição do festival, em 1997.
Trata-se do prémio europeu de fotografia dotado de um maior montante financeiro e é atribuido pela primeira vez por um festival que se orienta especialmente para a área do fotojornalismo, com a participação mecenática de empresas como a Kodak, Nikon, Polaroid, Sinar, Hasselblad e Leica, para além da Nesté e a IBM. Entretanto, note-se que se a Suiça é um país com uma tradição muito forte de interesse pela fotografia, na cidade de Vivey situam-se o Museu Suiço do Aparelho Fotográfico e uma escola de fotografia que este ano comemora o seu 50º aniversário.
Nozolino, que vive em França desde 1989, foi apresentado a concurso pelo Centro Nacional da Fotografia, de Paris, e propôs um projecto intitulado «Solo» — «O indivíduo na cidade europeia» —, reunindo fotografias realizadas durante 15 anos de deambulações pela Europa, tematicamente unificadas pela presença de figuras isoladas ou solitárias «perdidas na cidade, confrontados à desagregação do seu ambiente».
Charles-Henri Favrod, director do Museu do Eliseu, de Lausanne, foi o presidente do juri, que reuniu responsáveis de instituições da Alemanha, Suiça e Itália, fotógrafos (Jeanloup Sief, presidente de honra), impressores e editores (Jean Genoud), e que, por unanimidade, saudou «no trabalho de Nozolino uma pesquisa realizada com êxito, prosseguida com imensas qualidades de constância e de originalidade, que merecem ser levadas ao conhecimento de um público mais alargado». Sublinhando, «no plano fotográfico, a espantosa sensibilidade à luz e a unicidade da visão do seu autor», o juri destacou também, «no plano do discurso, o peso concedido por Nozolino ao homem na cidade e o interesse social e político da sua talentosa actividade».
Num texto publicado no catálogo, C.-H. Favrod refere também que o prémio assegurará a Nozolino uma mais amplo conhecimento público e a possibilidade de «prosseguir mais facilmente um trabalho notável que há muito tempo vem realizando solitariamente».
Por seu turno, a respeito do seu projecto, que o levará a realizar um novo périplo europeu, Nozolino declarou ao EXPRESSO: «Estou contente por poder enfim realizar um velho projecto, e triste por saber que a Europa está cansada e o pessimismo vai de mão dada com um 'novo' fascismo. Não será tarefa fácil fotografar tudo isto. Leio Zweig e Cioran, Cioran e Cioran...»
Entretanto, o fotógrafo português está também presente, em Montreux, noutra exposição do festival, «Momentos mágicos - Os 40 anos da Leica M», apresentada pela primeira vez na edição do Photokina de 1994, em Colónia, e que se encontra desde então em digressão mundial. Trata-se de uma selecção de 50 imagens de grande formato de outros tantos fotógrafos que utilizam a Leica M, desde Cartier Bresson e Alfred Eisenstaedt a William Klein e Sebastião Salgado. Em 1989, Nozolino fora distinguido com o prémio da Fundação Leica France.
Paulo Nozolino expôs em Portugal, pela última vez no Fotoporto de 1990, em Serralves, e participou na exposição de fotografia «Portugal 1890-1990» comissariada por António Sena para a Europália'91, em Antuérpia. Em França, publicou em 1993 o livro Regard sur le Musée Fenaille (avant travaux) e foi-lhe no ano seguinte atribuido o Prémio Vila Medicis («hors les murs») para a conclusão de um projecto fotográfico sobre os países árabes, o qual deverá ser em breve editado e exposto.
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