exposto no CAM*
Há pouco tempo veio ao MNAA um quadro de Rembrandt, um retrato do filho (Titus sentado à secretária, de 1655 - ver aqui: 1-rembrandt-1 ). Agora aparece-nos um auto-retrato de Kokoschka, de 1971-72. Afinal, nem tudo são desastres nos museus portugueses. E com obras únicas desta qualidade, já vai sendo um ano memorável (levando à prática a famosa norma oficial do fazer mais com menos).
Time, Gentlemen Please. / Tempo, Senhores Por favor, 1971-2.
Oil on canvas - 130 x 100 cm. Col. Tate © The estate of Oscar Kokoschka
Oskar Kokoschka (March 1, 1886 - February 22, 1980: nascido na Austria, foi um "expressionista vienense", viveu em Inglaterra de 1936 a 46, tornou-se britânico em 1947 e continuou a visitar regularmente o país, vindo a morrer na Suíça já com 94 anos: www.tate.org.uk/...bio ) De hoje a um ano, os 30 anos da sua morte seriam um bom pretexto para mostrar um dos melhores pintores do séc. XX (e também dos menos conhecidos, porque não cabe no cânone académico em vigor, ou porque tem uma obra demasiado grande, ou foi demasiado "apátrida" e itinerante, ou?).
Este é o último dos seus auto-retratos, pintado aos 85-86 anos, à porta de um pub à hora do fecho, interpelado por uma figura da morte.
Colecções
http://alexandrepomar.typepad.com/andre_pomar/2009/02/ver-aquiarchibald
http://...colec%C3%A7%C3%B5es-2.html
Kokoschka, o retrato e Tomàs Llorens
http://...kokoschka-zobernig-e-llorens.html
Para o encontrarmos temos de passar por uma caricata decoração do hall e da nave central do CAM, esvaziado para acolher mais uma daquelas instalações disparatadas** que a administradora do pelouro manda fazer. Manda quem pode... Também no MNAA, por sinal, o Rembrandt viajante coincidiu com a sobreposição de um gosto de decorador (aí light, chic, etc) aos melhores critérios museográficos antes em vigor: para além de não se aproveitar bem o pouco espaço disponível fez-se o sacrifício de uma opção expositiva que colocava uma parte do melhor da pintura portuguesa em diálogo com o seu tempo internacional, uma aposta que tinha provas dadas e que haverá ainda que radicalizar até absorver totalmente as duas (?) colecções em presença.
Aqui, há também raciocínios a fazer em matérias de decoração e museografia, mas, para além de se ter desperdiçado a nave central com um circo pateta, encontramos as galerias laterais usadas não como "salas de estar" (o tal design chic), antes com as respectivas paredes bem aproveitadas com sequências de obras que revisitam a colecção portuguesa e britânica, e trazem à superfície coisas pouco ou nada vistas* - é uma montagem certa naquele espaço e é também uma escolha feita com humor e alguma frescura, para além de nos trazer uma obra prima de brinde, ou compensação.
Aspecto geral do piso superior do CAM à volta de Kokoschka (TIME, Gentemen Please.):
Vasarely, John Hoyland, Cruzeiro Seixas, O.K., João Vieira e à
frente uma escultura de Vergílio Domingues e ainda mais à frente outra
de Sérgio Pombo,depois Mário Cesariny, Helena Almeida, Harry Thubron (Gold Mandala), etc. Uns regulares cerca de 75 cm entre cada obra, com um alinhamento constante pelo centro
* Ao domingo a entrada é gratuita
** de Heimo Zobernig
(de 22/02)
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