Galeria Sopro, até 4 de Abril. "Aparelhos breves" de Rodrigo Tavarela Peixoto. Objectos fotográficos (lambda prints, 2 ex. + 1), objectos fotografados (esculturas, "coisas" instaladas). Visto (e lido) primeiro em O infinito ao espelho (19 de Março), um blog de artistas que pode produzir melhores condições de informação e recepção a respeito de exposições.
São esculturas (por vezes só montagens de objectos) construídas para a fotografia, e sem existência para além dela. Fotografias de máquinas absurdas ou inúteis ("aparelhos" precários ou improváveis, "breves" aparições) - e é aquela inutilidade que desde logo as inscreve numa das tradições da arte, em que a produção ornamental se torna um espaço de fantasia, mais exactamente de manifestação de enigmas. E aqui as fotografias das esculturas também se encontram com a tradição da pintura de naturezas mortas - alguém num comentário justo faz a aproximação desta obra abaixo a Sanchez Cotán.
Barrote de tensão, 2009, lambda print, 95 x 120 cm
Buraco para captura da água da chuva, 2009, 150 x 120 cm
De facto os vários objectos fotografados não se ordenam sob uma idêntica categorização - para além dos traços comuns das fotografias (a cores, com fundo preto, de grande formato, fazendo pairar a escultura ou o objecto num espaço indeterminado), o que é fotografado vai sendo sempre diferente, ou vai mesmo abrindo diferentes séries possíveis de objectos.
Em cima, um "aparelho", um dispositivo, sobre uma bancada e esta sobre uma base ou um chão. Tudo reconhecidamente tosco e mesmo desajeitadamente produzido - ou a simular laboriosamente erros de fabrico, perspectiva, iluminação, etc. Em baixo, apenas a disposição de restos vegetais que se acumulam sobre um tampo de mesa suspenso. Os títulos apontam partes de explicações possíveis e por aí avolumam o absurdo ou o enigma: "Cela de observação fixa", "Catapulta de armazenamento de acção".
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