António Machado de Mendia, 1880-1933, fotógrafo amador desconhecido, autor de 27 fototipias em geral assinadas (D. A. de Mendia) e datadas de 1913-14, ao que julga realizadas no ou relativas ao País Basco. É brevemente apresentado por um neto, Pedro Noronha, que refere memórias de prémios em Paris - ignoram-se outros dados da actividade artística e não se fornecem dados biográficos.
Apresentada no Arquivo Fotográfico de Lisboa, a mostra acompanha-se por um segundo núcleo informativo sobre processos fotomecânicos da transição entre os séc. XIX e XX.
Explorada como processo editorial de qualidade, assegurando a multiplicação de imagens impressas, a fototipia pode ser também - como sucederá neste caso - um meio de impressão de imagens fotográficas apreciado pelas suas qualidades próprias, de textura, densidade e extensão das gradações de luz e sombra, aveludadas e sem brilho (mais próxima da gravura do que da fotografia já então banalizada). Neste caso mostram-se dois retratos, vistas de barcos e actividades marítimas, paisagens de arvoredo e rio ou ria, cenas de trabalho rural e doméstico. Os motivos do documentário naturalista são também visões de ordem e tranquilidade, cenários de uma beleza próxima, antiga e acessível (a alguns) que parece ter numa prática amadora e aristocrática da fotografia a sua expressão ao mesmo tempo fácil e perfeita. Carlos Relvas introduzira o processo em 1875 (comprando a respectiva patente).
A mostra continua com postais (fototipia, gravura e rotogravura) de António Novais, Domingos Alvão, Rocchini, Silva Nogueira e com a fabulososa colecção de Eduardo Portugal.
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt
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Na pequena sala do piso superior mostram-se essa e outras práticas fotomecânicas - e o carácter didáctico reforça-se com a presença de obras e de autores relevantes - e das convenientes folhas informativas. Em destaque está em geral a edição de postais, seguindo diferentes processos fotomecânicos, e também a colecção de Eduardo Portugal de onde saem grande parte das espécies. A curiosidade não se dirige só às actualidades recentes, e a observação do que foram gostos e modas de tempos diferentes ajuda a situar a dimensão transitória do que são as modas e os gostos actuais - que não são lugares de chegada, embora como tal se tomem, mas de passagem.
Domingos Alvão tem a presença mais extensa, que corresponde à sua importância muito duradoura no imaginário nacional, atravessando a monarquia, a república e o que se lhe seguiu por muito tempo.
Antes de Alvão, porém, mostram-se os postais editados em fototipia com fotografias de António Novais (1855-1940) que evocam as visitas do rei Afonso XIII de Espanha e da rainha Alexandra de Inglaterra em 1903 e 1904. A seguir 5/6 vistas panorâmicas de Lisboa de Francesco Rocchini (1822-1895) impressas em postais - e um original em albumina, c. 1865. E os retratos dos actores de "Maria do Mar" fotografados por Silva Nogueira (1892-1959) noutras séries de postais. Depois, Alvão: as cenas rústicas ou as fotografias de género de Alvão
Espelho partido, Gatão - Amarante
Saborosos frutos, região de Barcelos
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